Marcelo Moreira e Henrique Neal
A banda alemã Scorpiuons foi a primeira fora do mundo anglo-americano a ter destaque internacional no mundo do rock pesado, segundo a tradição de Kraftwerk e Can, estas do rock progressivo. Eram os anos 70, ainda dominados por artistas britânicos, americanos e canadense.
A segunda banda a ganhar notoriedade também er alemã e faia um som aind mais pesado, ajudando a dar forma ao que se convencionou chamar d heavy metal. O Accept fazia um som duro, bruto e metálico ppor natureza, não se preocupando tanto com a melodia, o que gerou estranheza entre os americanos, o que causou estranheza em um primeiro momento.
No entanto, os europeus amaram e o quinteto liderado por um cantor baixinho com voz de pato Donald se tornou uma das banadas mais amadas de todos os tempos. “Apostaram alto no nosso fracasso. Erraram de forma absurda”, disse certa vez, em uma entrevista, um arrogante Udo Dirkschneider, o tal vocalista.
É essa história de sucesso que foi contada em livro que está sendo lançado agora no Brasil. “Metal Heart – A História do Accept” é uma obra bem interessante do escritor e jornalista canadense martin Popoff, que já ecreveu livros sobre Black Sabbath e Metallica. A edição brasileira ficou a caro da editora Estética Torta.
O livro relevante porque aborda um período mais recente pouco conhecido, em seus bastidores, que foi a vota da formação clássica no começo dos anos 2000 – Dirlschneirder, então com sua banda U.D.O., tinha sdo convencido a volyar para uma turnê comemorativa de 25 anos do grupo – saíra em 1988 para a carreira solo.
Após o fracasso dos álbuns “Death Row” e “Predator”, em meados dos anos 1990, o grupo chegava ao auge de seus problemas internos. O vocalista Udo Dirkschneider discordava do rumo que o guitarrista Wolf Hoffmann e o baixista Peter Baltes queriam tomar, enquanto o guitarrista Stefan Kauffman assistia perplexo às brigas. A decisão foi de pendurar as chuteiras.
Udo e Stefan se juntaram no projeto U.D.O. e uma reunião parecia totalmente fora do horizonte: Stefan descartava por não acreditar na capacidade de lançar álbuns do nível dos primeiros da banda e não concordar com se juntar com os antigos colegas apenas por razões comerciais. “Um encontro agora seria uma grande mentira e simplesmente iria destruir todo o legado do Accept. Death Row e Predator nunca deveriam ter sido gravados”, opinava.
Conforme narrado no livro, as coisas mudaram de figura a partir da intervenção da revista alemã Rock Hard, que insistiu para que o grupo tocasse no festival em celebração aos vinte anos da publicação.
Segundo Wolf Hoffman, as coisas não deram certo de início, mas tudo se ajeitou em 2005: “eles começaram a revista quando o Accept começou, e acho que fomos a primeira matéria de capa deles. Conversamos com isso sobre Udo, mas ele disse que sua banda era prioridade sobre o Accept, então não deu certo. Porém, felizmente, neste ano deu certo”.
Em entrevista a Marko Syrjala, da Metal Rules, no outono de 2005, ainda era possível sentir um certo ressentimento do guitarrista em relação ao vocalista, que havia recusado não apenas se apresentar com a banda no festival da Rock Hard mas também no 25º aniversário do Wacken Open Air, alegando que seu trabalho era mais importante: “todo mundo nos queria lá, entramos em contato com Udo e ele recusou […], mesmo que só toque algumas vezes em clubes para poucas centenas de pessoas”.
Mesmo que a reunião não envolvesse todos os membros da formação original, todos que embarcaram no projeto tinham uma grande bagagem com a banda: Udo nos vocais, Hoffman e Herman Frank nas guitarras, Baltes no baixo e Stefan Schwarzmann na bateria. Segundo Hoffman, o repertório planejado era “bastante óbvio, mas também estamos pensando em tocar músicas que nunca tocamos. […] Não queremos fazer só o que é esperado”.
Os ensaios começaram logo no primeiro dia do ano e, por um tempo, as coisas funcionaram relativamente bem: “é realmente difícil chegar ao ponto de estarmos em cima do palco, por causa de todas as negociações e barganhas nos bastidores. Pra dizer a verdade, é um pesadelo. Entretanto, quanto estamos no palco, tudo é bem tranquilo”, conta Hoffmann.
No entanto, o guitarrista estava pouco otimista em relação a um futuro possível para a banda: “gostaria que pudéssemos fazer isso a cada dez ou cinco anos. Mas isso é bem improvável, com a maneira como Udo se comporta e essas merdas. Ele está tornando tudo bem difícil pra nós. Estamos tentando o que podemos, mas somos sempre nós contra Udo”, conta.
O vocalista, por sua vez, afirma que percebia a cada show que gostava mais de estar com o U.D.O. do que com o Accept, chegando a se arrepender da decisão de participar da reunião. “Nos divertimos muito naquela turnê, falando sobre os velhos tempos e blá-blá-blá, mas não sei como explicar. É, a sensação não estava boa. […] Para mim, particularmente, foi difícil fazer aquilo tudo com o Accept. A razão pela qual eu disse sim foi porque queria descobrir se ainda havia alguma coisa. Mas, por mim — e só posso dizer por mim, não por Wolf ou por Peter —, não restou nada. Acho que esse foi o jeito perfeito de terminar o Accept”, explica.
Hoffman especula sobre os motivos pelos quais Udo não se interessou em manter a banda ativa depois da turnê: “ele tem sua própria banda, e acho que agora ele adora estar no controle e ser seu próprio chefe mais do qualquer coisa. Quase tivemos que implorar para que ele aceitasse. […] Nem você nem o resto do mundo entendem o porquê de ele dificultar tanto isso, não posso explicar, a não ser o fato de que odeia que sejamos muito mais bem-sucedidos, mesmo que ele fizesse parte disso. Talvez ser dono de 100% do U.D.O. seja melhor do que ter 25% de um todo”.
O vocalista retrucou: “ele (Hoffman) sabia que eu estava fazendo trabalhos com o U.D.O. e nosso álbum já estava a caminho, e sabia o que eu estava pensando o tempo todo. Da minha parte, não haveria reunião em nenhum momento, e ele sabia disso desde o início, e agora está mudando a história. […] Se ele quiser, ainda pode fazer o Accept, mas com outro vocalista”.
Dito e feito: em 2009, a formação que tocou na turnê de reunião recrutou o vocalista Mark Tornillo e deu sequência à história do Accept a partir do lançamento do álbum Blood of the Nations, de 2010.