Escolha uma Página

 Marcelo Moreira

Os maiores inimigos da população durante a pandemia de covid-19 são os jornalistas. São eles os responsáveis pelo isolamento social, pela propagação do vírus, pelo “fechamento” da economia, pela guerra entre Armênia e Azerbaijão e por todos os males do mundo.

No sábado, 31 de outubro, o jornalista Lauro Jardim, de O Globo, foi atacado e hostilizado por registrar o lançamento da biografia do boxeador Muhammad Ali no Brasil. Destacou, entre tantas passagens, uma em que alerta, em 1964, o pastor Martin Luther King Jr, líder na luta dos direitos civis, pra “tomar cuidado com os brancos”. A ligação telefônica foi grampeada pleo FBI, a polícia federal americana.á 

Foi o que bastou para ser chamado de comunista e de incitador da guerra de classes de “querer dividir o Brasil, de enxergar racismo onde não há racismo (?????)”.

No dia seguinte, o apresentador Marcelo Cosme, da GloboNews, foi ameaçado de morte nas redes sociais por conta de vários posicionamentos pessoais progressistas e antifascistas. 

Por fim, duas equipes da TV Globo e afiliadas foram agredidas durante a realização de reportagens, uma em Prata (MG) e outra em uma praia de Santa Catarina. 

No primeiro caso foram funcionários da prefeitura local que queriam impedir o trabalho. No segundo, vagabundos que desrespeitavam as regras de isolamento social.

No mundo musical, em pleno ano de 2020, dejetos humanos desancam jornalistas e críticos que criticam suas “bandinhas preferidas”. 

Outros lixos semelhantes não suportam ver pessoas do meio musical, músicos ou jornalistas, questionar os vários nefastos governos de inspiração fascista que atuam no Brasil, a começar pelo Palácio do Planalto, ocupado pelo incompetente e execrável Jair Bolsonaro.

Essa turma asquerosa chega ao ponto de defender a censura e “limites” à liberdade de expressão para tentar calar quem fala o que não lhes é conveniente. Democracia? Só serve quando é a meu favor, não é?

O fascismo é o sinal mais evidente de que a sociedade está doente, muito doente, e o sintoma mais evidente é a erosão da liberdade de expressão – e por tabela, da democracia.

Culpar o jornalista pelos males do mundo é o mesmo que culpar a cama ou o sofá pela traição do companheiro(a).Ainda persiste a ilusão de que o mundo fica mais seguro quando os jornalistas não investigam, não opinam e apenas “relatam” os fatos – desde que seja do agrado dos poderosos e não incomodem a “sociedade”.

Muitas sociedades convivem mal com a democracia. Foi assim com o povo alemão durante séculos, com o povo russo e em muitas nações muçulmanas, para citar apenas alguns exemplos.

A América Latina é um desses exemplos. Depois de séculos atrelada a metrópoles colonialistas e absolutistas, os países das Américas Central e do Sul mantiveram todos os péssimos hábitos e vícios herdados dos colonizadores, o que explica a corrupção endêmica e os frequentes golpes de Estado,além da pobreza absoluta.

Por falta de hábito e interesse, a democracia sempre foi manca no Brasil e perdurou por curtos espaços de tempo. É quase sempre relacionada à corrupção e à falta de estabilidade política, quando é justamente o contrário. 

Por ser um povo submisso e ter construído uma sociedade/nação deformada, com caráter duvidoso de uma elite predatória, o Brasil é um país que menospreza a democracia e não tem p hábito de valorizar os direitos civis e as liberdades de expressão, opinião e de imprensa. 

O pensamento autoritário e escravocrata de viés religioso, no pior sentido, ainda predomina, o que explica a proliferação endêmica de casos de agressão a jornalistas e das famosas carteiradas. “Sabe com quem está falando?”

Essa gente imunda que agride jornalista é a parte mais visível do lodo que toma conta de nossa sociedade. Esse tipo de lixo humano é facilmente identificável e neutralizável. Mais complicado é lidar com a massa ignorante e sem caráter que aplaude esse tipo de agressão e que endossa o pesamento burro de que a imprensa é a parte maior de todos os problemas.

Muita gente imbecil atacou a imprensa quando o guitarrista Rafael Bittencourt, do Angra, em entrevista gravada no canal Heavy Talk, falou mal em alto e bom som de ex-integrantes da banda, com acusações pesadas.

Não foram poucos os imbecis que acusaram o canal de “sensacionalismo” ao exibira entrevista, chegando ao cúmulo de acusar suposta “manipulação” dos fatos (?????) Como assim, se o músico falou o que falou com todas as letras, sem nenhum traço de edição?

A burrice é contagiosa e a ignorância, muito perigosa. Décadas de precarização e de um projeto claro de sucateamento da educação resultaram na projeção de um indigente intelectual como Jair Bolsonaro e saída do armário de seu gado.

Sem jornalismo não há democracia. Sem democracia não há liberdade. Sem liberdade seremos obrigados a aguentar a burrice de gente como Bolsonaro e dos vagabundos que o bajulam.