Na era da ultrainformação, massacres e genocídios são transmitidos ao vivo e se transformam em opção de entretenimento. É um belo legado que a extrema-direita fascista deixa para as novas gerações. Assassinatos deixam de ser estatísticas para estamparem manchetes e topos de relatórios como políticas de Estado.
O show de despreparo e violência do aparato de segurança do Rio de Janeiro evoca os piores temores da população retratados em canções de bandas como Detonautas, Affront, Confronto, Planet Hemp em outros “cronistas sociais d outrora Cidade Maravilhosa: a guerra urbana promovida pela política e pela classe política é deliberada, desejada e virou método de administração de Estado.
Não é coincidência que cinco dos últimos seis governadores fluminenses estejam ou estiveram presos – ou então seriamente enrolados com a Justiça, incluindo o atual, Claudio Castro, do PL. Todos eram adeptos dessa política assassina de confronto nas comunidades que sempre produziram pilhas de mortos.
As desculpas, modos de operação e métodos variam nos estados da federação, mas a orientação é a mesma: matar em nome da segurança para intimidar a população pobre e abandonada pelo Estado, que acaba refém do crime organizado que, na maioria dos casos, é chefiado ou estimulado pelos mesmos políticos ou empresários que dominam as esferas públicas de administração. Tem todas as características de projeto social de Estado e nação.
Se em São Paulo a Polícia Militar espalha o terror de forma pulverizada e pontual, com eventuais espasmos de violência extrema, a estratégia fluminense é a do confronto total, em que a população pobre é a inimiga e não passa de um incômodo, um empecilho, na guerra contra o suposto crime organizado.
As recentes operações no Complexo do Alemão, com mais de 120 mortos e corpos empilhados em praça pública, em nada difere dos métodos genocidas do exército israelense na Faixa de Gaza, arrasada em uma guerra de aniquilação em nome de uma “suposta” retaliação contra o terrorismo;
Moradores das comunidades aterrorizadas e atacadas pelas forças de segurança relatam que muitos corpos encontrados na mata vizinha ao Complexo do Alemão apresentavam indícios de execução
Em um balanço da operação divulgado pela Secretaria Estadual de Segurança Pública na tarde de 29 de outubro, eram 117 “suspeitos” e 4 policiais mortos. Tratava todos os “suspeitos” como “combatentes” do crime organizado sem ter condições de cravar essa informação. Moradores dos bairros atingidos contestam essa informação e dizem que há inocentes entre os assassinados.
Em perfeito exemplo de desprezo pela vida, coisa típica de políticos de extrema-direita, o governador Castro afirma que os corpos que “emergiram” da mata na manhã seguinte ao ataque “são de bandidos, porque ninguém iria passear naquela mata, de noite, durante a operação policial”. Que bela justificativa para o amontoado de corpos baleados expostos em pela praça São Lucas, no Complexo do Alemão…
A polícia apresenta as suas armas, e o resultado, como sempre, é muito mais violência que acua a população e não soluciona nenhum problema. O Comando vermelho e o resto do crime organizado continuará operando e desafiando o Estado colocando a população como escudo e o Estado, quase sempre adotando métodos de inspiração fascista, elegendo a morte como objetivo final. Esse é o resultado da opção eleitoral pelo extremismo violento de direita que aprofunda o caos e a violência urbana e cotidiana.
 
				