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Jackie Venson (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Muita gente começa a descobrir só agora que Sista Rosetta Tharpe foi a pioneira do rock lá nos anos 40, antes de gente como Ike Turner estava criando um novo gênero musical. Foram necessárias quase três décadas depois para que Suzy Quatro e as garotas da banda Fanny chutassem as portas e estabelecessem que guitarra e rock eram, sim, coisas de meninas.

Desde o começo dos anos 2000 um grupo de mulheres tem dominado a cena do blues rock e mostrando o quanto são raçudas e cascudas para encarar a desconfiança e a misoginia, quando não o mais puro machismo, na hora de empunhar a guitarra e fazer os seus shows.

A extraordinária Bonnie Raitt deu a letra nos anos 80 e passou a bandeira para Susan Tedeschi na década seguinte, enquanto Joan Jett e Lita Ford, duas ex-Runaways, arrebentavam tudo no rock mais pesado.

Esparramada e totalmente à vontade em um cenário mais diversificado, as guitarristas mostram qualidades e muita competência alcançando ao topo das listas de canções mais executadas e ganhando prêmios atrás de prêmios no Brasil e na Europa. O Combate Rock relacionou alguns dos nomes mais proeminentes da cena atual incluindo uma cantora que também é fera no piano e o violão (Beth Hart).

– Jackie Venson – Uma texana negra com o espírito de Jimi Hendrix, a garra de Eric Gales e a força inabalável de Gary Clark Jr. A moça de sorriso largo e muita vontade tocar ganhou finalmente o reconhecimento um pouco antes da pandemia, com as vendas expressivas de seu álbum duplo ao vivo com o melhor do blues, soul e funk que você vai encontrar. Graduada com louvor na venerável escola de música Berklee, a mesma dos caras do Dream Theater, foi chamada de Stevie Ray Vaughan de saias, embora seu estilo pouco se pareça com a do mestre da guitarra morto em 1990, mesmo ano em que ela nasceu.  Assim como o som de Clark Jr., o de Jackie é inovador e instigante. Ninguém consegue ficar indiferente. É um dos nomes do futuro do blues.

– Joanna Connor – Veterana guitarrista de Chicago parece que finalmente vai chegar ao topo do blues norte-americano aos 59 anos, principalmente com o lançamento do ótimo “4801 South Indiana Avenue”, álbum produzido por Joe Bonamassa, um antigo amigo e admirador. Fã confessa de Buddy Guy, Muddy Waters e Sista Rosetta Tharpe, alterna fraseados velozes com solos intrincados e inventivos, além de usar o slide com maestria. Ouça a divertida “I Feel So Good”  contenha a vontade de dançar. Já “Destination” é uma aula de blues pesado.

Ana Popovic (FOTO: JACK MOUNTAILLIER/DIVUGAÇÃO)

– Ana Popovic – Veterana guitarrista e cantora sérvia, aos 44 anos está entre os nome constantemente no topo das listas de melhores artistas do blues rock na Europa e nos Estados Unidos, onde mora há alguns anos. “Like in on Top”, de 2018, é um dos seus mais reluzentes trabalhos e aprofunda a tendência verificada no anterior, “Trilogy”, de ir do blues ao funk, do jazz ao rhythm & blues. Como instrumentista, é considerada uma das melhores da atualidade, frequentemente sendo comparada a Joe Bonamassa.

– Erja Lyytinen – Com uma trajetória parecida com a de Popovic, a cantora e guitarrista finlandesa Erja Lyytinen, de 44 anos, é outra moça de mão pesada e muito talento. Menos explosiva do que a sérvia, aposta sempre no blues rock mais pesado, com solos incandescentes e muita força no vocal. “Stolen Hearts” é de 2017, um de seus mais recentes trabalhos, teve menos brilho do que nos anteriores por flertar um pouco com a música pop. No entanto, ao vivo “Songs From the Road” é altamente recomendado. No fim do ano passado lançou mais um ao vivo gravado na Europa.

– Joanne Shaw Taylor – Ela era menina quando começou a se interessar por rock e um dia, na televisão, soube que um guitarrista famoso tinha morrido e gostou das músicas que ouvia em homenagem a ele. Anos depois soube que era Stevie Ray Vaughan e foi “amor à primeira vista”. Essa guitarrista inglesa de 32 anos mergulhou fundo no blues e pescou o que de melhor os mestres norte-americanos puderam dar. A parte rock dela arrefeceu um pouco, mas o timbre cristalino ainda está lá, preciso e límpido. Seu mais recente trabalho é “The Magic of Joanne”, e próximo sai ainda neste mês – “The Blues Album”, com produção de Joe Bonamassa.

Laura Cox (FOTO: DIVULGAÇÃO)

– Samantha Fish – O furacãozinho norte-americano devastou o meio-oeste do país quando surgiu fundindo a pegada de Stevie Ray Vaughan, Jimi Hendrix, Eric Gales e Gary Moore. Muito influenciada pela country music, tornou-se a mais importante artista de blues na coesta oeste. Tem somente 31 anos de idade, mas já é veterana, com mais de dez álbuns lançados, os últimos em 2017 – “Chilli Fever” e “Belle of the West”. Gosta de solar de fraseados rápidos, é muito elogiada pelos licks e pelos riffs que despeja. Seu novo CD acaba de sair e se chama “Faster”.

– Beth Hart – Veterana cantora de hard rock, entra nesta lista por causa de sua ressurreição artística impressionante nos anos 2000 por meio do blues. Após algum tempo na reabilitação por conta de alcoolismo, voltou devagar apostando no blues tradicional até encontrar Joe Bonamassa, que a convenceu a se tonar uma diva pop e a apostar na dramaticidade das interpretações de blues e soul music. Em pouco tempo o nome dela explodiu na cena pop americana. Gravou três álbuns ao lado de Bonamassa, mais voltado ao blues, e dois solos, com predominância do pop rock – também é uma das queridinhas de Jeff Beck. Aos 49 anos, está no auge da carreira e seu mais recente trabalho, “War in My Mind”, é excelente.

– Beth Blade – Nome em ascensão do hard rock inglês, Beth Blade and Beautiful Disasters ganhou notoriedade no ano passado ao tocar no cruzeiro norte-americano do Kiss. Em alto mar, a guitarrista e vocalista galesa fizeram bonito a bordo com as músicas do álbum “Bad Habit”, de 2017. Seu som é pesado e ela bebe muito no hard inglês e irlandês dos anos setenta – muitos ecos de Thin Lizzy, Gary Moore e Rory Gallagher. Seu mais recente álbum é “Show Me Your Teeth”.

– Jessie Lee – Ao lado da banda The Alchemists, a guitarrista francesa Jessie Lee transita com desenvoltura entre o pop rock e o hard rock. Não é uma virtuose do instrumento, mas mostra segurança e boas canções. Se adicionar mais peso ao som poderá trilhar caminhos mais interessantes.

– Jamie Lynn Vessels – Mais uma guitarrista de ótima qualidade. Vessels criou sua banda em Nova Orleans, na Louisiana (EUA) e carrega nas costas uma gama de influências que transforma seu som em uma das grandes coisas do blues rock da atualidade. Tem jazz, tem muito blues e música cajun em algumas passagens, mas o som é pesado, cheio, denso. É uma guitarra gostosa de ouvir.

– Laura Cox – Uma das melhores guitarristas de sua geração na Europa, a francesa Laura Cox começou a se destacar bem novinha, em 2008, ao postar no Youtube suas performances no quarto e na vila. Foi somente em 2017, depois de ralar muito com a sua Laura Cox Band, que lançou o primeiro álbum, o aclamado “Hard Blues Shot”. Também boa cantora, aposta em um classic rock meio datado com muito tempero de blues, ora soando como Whitesnake antigo, ora como um Black Crowes menos sujo e bêbado.

Ally Venable (FOTO: DIVULGAÇÃO)

– Ally Venable – É a mais jovem da turma escolhida pelo Combate Rock. Ela completará em breve 22 anos de idade, mas é outro furacãozinho com o guitarra, além de cantar muito bem. Ao escolher o formato de trio, lembra um pouco o começo da carreira de Samantha Fish. Tem pegada forte, mas gosta também de dedilhar um blues lento, denso e pegajoso. Seu trabalho mais recente é “Puppet Show”, do ano passado.

– Jennifer Lyn – A fenomenal Jennifer Lyn toca com seu grupo, The Groove Revival. Assim como Beth Hart, está no auge da carreira. Começando no blues tradicional, foi lentamente se aproximando do blues rock até se tornar referência para nomes como Samantha Fish e Ally Venable. Seu mais recente trabalho, “Badlands”, é de 2018.