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E as discussões começaram bem cedo dentro de algo bastante previsível em relação ao Rock in Rio 2022 e o anúncio de algumas atrações. Cadê o rock? Cadê a curadoria? Não existem mais bandas no mundo além de Iron Maiden e Sepultura?

Quem espera algo diferente no Rock in Rio já perdeu as esperanças. Iron Maiden, de novo? E há noticias de que Guns N’Roses estariam em negociações…

E o Sepultura, que estará de novo no palco principal do festival, desta vez acompanhado de uma orquestra sinfônica. O grupo brasileiro só não tocou na edição de 1985.

Tudo bem, teremos Dream Theater pela primeira vez, o que era um antigo sonho da banda americana, mas não chega a ser uma atração de tirar o fôlego e abalar s estruturas, já que a banda frequenta bastante os palcos brasileiros.

O festival mereceu todos os elogios quando não mediu esforços para trazer The Who ao Brasil em 2017, que acabou tocando também em São Paulo. Ou em 2019, quando ousou e trouxe King Crimson.

Foi um golaço, já que era uma banda gigante que nunca tinha tocado no Brasil, a ponto de o guitarrista Pete Townshend ter declarado recentemente que tocar por aqui foi um dos auges de sua carreira.

Infelizmente, desde 2011 não foram tantos os momentos esfuziantes como esse. Para cada atração monumental como essa temos de suportar o Iron Maiden e o Guns N’ Roses em todas as edições. 

É bastante frustrante, ainda mais quando observamos que há muito o rock deixou de predominar no evento, que se tornou uma feira de entretenimento em que a música perde cada vez mais espaço para outras atrações. Virou um parque de diversões movido a índices de audiência e likes.

A partir do momento em que temos Ivete Sangalo como atração fixa de um evento que tem rock no nome, não se pode esperar muita criatividade na elaboração de um elenco de tal festival. 

A organização aposta forte no mesmo público bovino de sempre, que engole as mesmas atrações de sempre e até festeja esse tipo de coisa. Até a intragável Festa do Peão de Barretos consegue desempenho melhor neste quesito.

Nada contra o Iron Maiden, uma banda queridíssima da casa. O que irrita é essa superexposição apenas e tão somente em busca de uma suposta garantia de público – a escalação do Megadeth para o mesmo dia do metal segue na mesma linha, já que é outra banda habitué do Rock in Rio.

Ao limitar as atrações de rock aos mesmos de sempre, o Rock in Rio deixa claro que a música não é a prioridade e que não faz questão de se diferenciar de seus concorrentes.