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Dave Mustaine (FOTO: DIVULGAÇÃO)

O guitarrista norte-americano Dave Mustaine construiu sua carreira movido pela vingança e pelo ressentimento. Nunca engoliu a sua demissão do Metallica durante as gravações do primeiro álbum, “Kill’ Em All””, em 1983, e se colocou uma meta na vida: sua banda, o Megadeth, será maior do que a dos ex-amigos e agora desafetos e rivais. Quase conseguiu.

Mustaine chega aos 60 anos como uma instituição do metal e levou o seu Megadeth a ser uma máquina de vender álbuns, mas o espinho ainda está atravessado na garganta: o Metallica é a maior banda de rock pesado de todos os tempos.

Muitos consideram a personalidade errática e autoritária do guitarrista e vocalista como o motivo de tanta confusão em torno da banda. É raro que uma mesma formação grave dois álbuns consecutivos.

A mais nova crise envolve a saída do amigo de longa data (agora não mais) Dave Ellefson, que esteve ao lado de Mustaine por boa parte dos 38 anos de existência do Megadeth. Um mal explicado escândalo sexual via internet envolvendo o baixista causou a ira do dono da banda, que o demitiu sumariamente.

Neste ambiente turbulento, o guitarrista brasileiro Kiko Loureiro (ex-Angra) se mantem sólido e uma força melódica que se tornou o braço direito de Mustaine. São seis anos de muita dedicação e admiração mútua, mas nunca se sabe. Afinal, é o Megadeth.

“Dystopia”, o mais recente álbum e o primeiro com Loureiro, mostrou o porquê de a banda ser uma gigante do metal, reinventando-se dentro do estilo com um som mais moderno e mais pesado, com um vigor que parecia ter sido perdido por anos.

Excelente compositor e um exímio guitarrista base, colocou o Megadeth no mesmo patamar de qualidade que o Metallica, deixando claro que esta banda perdeu um compositor que poderia isolar aina mais o quarteto de Hetfield e Ulrich como, de longe, o mais relevante do metal.

Sim, o Metallica perdeu bastante com Mustaine fora sob a alegação de excesso de bebidas e álcool, algo que parece não ter incomodado os dois líderes nos anos anteriores, quando até toleravam as atividades paralelas do guitarrista – como vender drogas, por exemplo.

Hoje uma pessoa religiosa e bastante conservadora, Dave Mustaine dirige o Megadeth com mão de ferro e não admite os excessos nos quais mergulhou até os anos 90. Muito menos desvios éticos e de conduta, como o escândalo sexual de Ellefson, acusado de pedofilia por supostamente estar se relacionando com uma garota menor de idade pela internet. O baixista nega qualquer crime que tenha cometido.

Mustaine chegou no topo, mas nunca será o suficiente. Ele nunca derrubará o Metallica. Fez as pazes com os antigos amigos, mas a rivalidade permanece. Continua a ser um motor potente para empurrar o Megadeth e fonte quase inesgotável de inspiração para fazer música pesada boa. Que a raiva de Mustaine continue à toda.