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MK II, a clássica formação do Deep Purple, com Ian Gillan (centro) e Ritche Blackmore (segundo à direita) (Foto: Divulgação)

Cinco jovens ávidos por fazer sucesso e transformar a sua banda em referência no rock inglês. Muitas tentativas e nomes sugeridos. Muita impaciência com as coisas que não aconteciam. E eis que, como mágica, surgiu o nome que mudaria a história do rock pesado e impulsionaria o quinteto, no futuro – já co outra formação. 

E foi assim que o Deep Purple começou a sua trajetória nos palcos em 20 de abril de 1968, na cidade de Tastrup, na Dinamarca – o nome foi tirado de uma canção dos anos 30 que era a preferida da avó de um dos integrantes, o guitarrista Ritchie Blackmore.

No entanto, a gênese da banda ocorreu no final do ano anterior, quando o tecladista Jon Lord e o 
baixista Nick Simper, que tinham tocado com um tal de Chris Curtis, guitarrista, na banda The Flowerpot  Men.

Os três começaram a bolar um novo projeto, que ganhou a adesão do cantor Rod Evans. Um belo dia, Curtis desapareceu levando a sua guitarra. 

A banda sem nome, que quase se chamou Orpheos, encontrou casualmente um guitarrista que conhecia Jon Lord de vista, e sugeriu que o baterista fosse um conhecido, Ian Paice. As coisas se encaixam e finalmente surge o Deep Purple, que sai em busca de shows a partir de fevereiro de 1968.

São 55 anos de história atribulada, brigas, hiatos e muita música de qualidade. Na banda, atualmente apenas o baterista Ian Paice permanece como integrante original e fundador.

O tecladista Jon Lord morreu em 2012, mas tinha se afastado em 2002; já Ritchie Blackmore, o guitarrista genial que moldou o som do grupo, deixou o grupo pela segunda vez em 1993 para nunca retornar. 

Depois de 20 anos deixando o rock de lado, investindo no Blackmore’s Night – um projeto dedicado a músicas de inspiração medieval ao lado da esposa, a cantora norte-americana Candice Night -, Blackmore reativou o Rainbow em 2016 para apresentações esporádicas na Europa e nos Estados Unidos. Essa banda voltou a hibernar.

De vez em quando aparecem comentários na internet sobre uma possível reunião de integrantes e ex-integrantes, algo que é solenemente ignorado pelos atuais membros.

“Eu acho que seria ótimo fazer apenas um show. Pelos fãs, não por nós, para mostrar que nós não odiamos uns aos outros. Eu não preciso provar nada pra ninguém, nem os caras precisam”, declarou certa vez Blackmore acenando a possibilidade de conversar sobre o assunto.

A terceira formação do Deep Purple: em pé, da esq. para a dir., Ritchie Blackmore, Glenn Hughes e David Coverdale; agachado, Ian Paice; sentado, Jon Lord (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Foi em 2018, em depoimento a uma revista esécializada em guitarras. “Infelizmente, não se trata de ligar para alguns velhos amigos e perguntar se querem tocar juntos de novo. Isso tudo envolve empresários, contratos, promotores de shows. Muitos figurões que encheriam os bolsos de grana pelo fato de nos reunirmos… é aí que a coisa fica complicada. Acho que um show seria legal. Mas seria difícil.”

Ele se referia, obviamente, a uma reunião da “mark II”, a segunda formação – Blackmore, Paice, Ian Gillan (vocais) e Roger Glover (baixo), além de Don Airey, atual tecladista, substituindo Jon Lord.

Outros dois músicos, David Coverdale (vocais) e Glenn Hughes (baixo e vocais). que substituíram Gillan e Glover em em 1974 e integraram, a terceira formação, fizeram vários comentários a respeito de um grande show de comemoração reunindo os atuais e os ex-integrantes. Também foram ignorados por Ian Gillan (o cara que manda hoje, digamos assim), com quem dizem ter boas relações.

Diante do silêncio, os dois, a sua maneira, resolveram celebrar a importante marca e revisitaram o catálogo da banda de sua época. Coverdale gravou e lançou em 2016 “Purple Album” com o Whitesnake, com músicas do Deep Purple do período 1974-1976. Em seguida, a banda realizou uma turnê baseada no álbum, que rendeu um CD ao vivo. 

Já Glenn Hughes decidiu embarcar em uma turnê mundial com o mesmo repertório em 2018. Incluiu “Smoke on the Water” e “Highway Star”, músicas da segunda formação. As duas fazem parte de seu repertório solo, mas sua prioridade é a banda Dead Daisies.

Reunião comemorativa com ex-integrantes? O vocalista Ian Gillan desconversou quando esteve pela última vez no Brasil, quatro anos atrás, e disse que a banda ainda tinha muito trabalho pela frente na então “atual turnê de despedida”, que foi interrompida pela pandemia de covid-19.

Cinquenta E cinco anos depois da gênese da banda em Londres e daquela apresentação na Dinamarca, em que Lord, Blackmore, Paice, Nick Simper (baixo) e Rod Evans (vocais) esboçavam um rock progressivo-psicodélico, o Deep Purple atingiu o invejável patamar de “instituição”, assim como os encerrados e imortais Black Sabbath e Led Zeppelin.

É um nome, poderoso, sinônimo de música forte, pesada e bem feita. Deep Purple é a essência do rock enérgico e vigoroso dos anos 70 e sinônimo do melhor rock produzido na melhor época da música popular em todos os tempos.

Como adendo, a banda voltou à estrada para terminar a antiga turnê emendar outra, que deve se estender até 2023.

Lamentavelmente, Steve Morse, o guitarrista americano que substituiu Blackmore em 1994, anunciou n fim de julho que estava deixando a banda após 28 anos – e 20 integrando a oitava formação – “mark VIII” para ficar ao lado da mulher, Janine, que trata um câncer complicado. 

Na retomada dos shows, já tinha se ausentado em março pelo mesmo motivo, mas acreditava que conseguiria retornar até agosto. O tratamento de saúde terá de ser prolongado, e Morse preferiu liberar a banda pra buscar um substituto definitivo diante da falta de perspectivas de voltar a tocar.

Quem está tocando guitarra no Deep Purple é sul-africano Simon McBride, conhecido músico de blues rock na Grã-Bretanha. Ele ainda não foi oficializado como membro permanente, mas isso é dado como centro nas revistas de rock inglesas e deve ocorrer ao final da turnê, em 2023.