Escolha uma Página

Olivia Newton-John nos tempos de ‘Grease’ (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Uma menina sorridente e de cabelos castanhos, típica adolescente de classe média do interior conservador norte-americano, foi a única capaz de concorrer cm o furacão Donna Summer no final dos anos 70.

O rockabilly manjado cinquentista e inofensivo da australiana Olivia Newton-John resgatou a chamada era de ouro dos primórdios do rock e deu uma sobrevida ao gênero, acossado pela iconoclastia punk e pela então moderna disco music.

Olivia, que morreu nesta segunda-feira, aos 73 anos de idade, em consequência de câncer, teve uma importância muito maior do que a maioria dos críticos ousa admitir.

Não erra quem diz que ela e o parceiro John Travolta ajudaram a salvar o rock em “Grease”, a comédia dramática em forma de musical que estourou nos cinemas do mundo inteiro. E então o rock dançante dos anos 50, ingênuo e suave, voltou a dar as cartas naqua ela virada de 1977 para 1978.

Olivia tinha cara de menina e aura de adolescente inocente, a cara perfeita para embalar os sonhos românticos que o filme ruinzinho pedia, mas já era uma mulher experiente que chegava as 30 anos de idade e muita bagagem adquirida na Austrália natal e na Califórnia em papéis menores. Ganhou a vaga em “Grease” porque era a melhor candidata, apesar da idade, mas principalmente porque sabia cantar, e muito bem.

Com era comum naqueles anos 70, os atores ficaram marcados por seu principal papel e quase nunca se livravam deles. Olivia sempre foi a menina de “Grease”, assim como Leonard Nimoy nunc se livrou do estigma de Sr. Spock em “Jornada Nas Estrelas” e Carrie Fisher para sempre será lembrada como a Princesa Leah de “Guerra nas Estrelas.”

Afinada e jovial, deu o tom para a personagem ao longo dos anos para os vários musicais encenados em teatros do mundo inteiro. Sua performance foi tão marcante que virou sinônimo da mocinha virginal e romântica assediada pelo bad boy cafajeste e malandro interpretado de forma meio canastrona por Travolta. Claro que ela deum banho de interpretação no voluntarioso ator iniciante, mas a interação dos dois foi bastante eficiente no filme.

Olivia se tornou um atriz respeitada, mas nunca repetiu o sucesso de “Grease”. O clássico pop “Physical” parecia uma recuperação triunfante – e foi, de certa forma, mas não o suficiente para resvalar no estouro do filme e de sua trilha sonora.

A carreira cinematográfica teve altos e baixos, mas o respeito e a admiração colaram nela, assim como a personagem. Gravou alguns álbuns de música pop soporífera e que beiravam a mediocridade, sempre longe do rock, mas com certa dignidade. Para o mundo inteiro, ela continuará sendo sempre a romântica e sonhadora adolescente dos anos 50.