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Diversão, espetáculo e muito rock and roll no show do Kiss (FOTO: MERCURY/RICARDO MTSUKAWA/DIVULGAÇÃO)

Do site Roque Reverso

Pouco mais de 2 anos sem grandes espetáculos de rock por causa da pandemia, São Paulo voltou a presenciar no sábado, 30 de abril, um grande show, proporcionado pelo lendário KISS, em sua turnê de despedida.

Para um Allianz Parque lotado, a banda norte-americana trouxe tudo que sempre marcou sua extensa carreira de grandes espetáculos: boas músicas, efeitos pirotécnicos e, acima de tudo, muita diversão, detalhe tão raro para os amantes do bom e velho rock and roll durante o período crítico da pandemia.

Sedento justamente por diversão após o longo hiato de shows, o público presente na Arena do Palmeiras entrou em um êxtase quase palpável, curtindo a cada canção e a cada momento teatral oferecido pelo KISS como se aquela fosse a primeira experiência ao vivo de cada um ali presente.

Comandando toda essa verdadeira festa do rock, estavam ali no palco dois senhores com mais de 70 anos de idade!!! O vocalista e guitarrista Paul Stanley tem exatamente esta idade. O vocalista e baixista Gene Simmons já está com 72. Completam o quarteto os “mais novos” Eric Singer (baterista), de 63 anos, e o guitarrista Tommy Thayer, de 61.

Num mundo que tem Mick Jagger e Keith Richards, ambos com incríveis 78 anos, para lembrar que idade avançada há tempos deixou de ser uma barreira, ainda assim não deixa de ser um feito as travessuras de Stanley e Simmons em cima (e muito acima) dos palcos.

Do equilíbrio em plataformas que sobem e descem do chão ao teto até voos sobre a plateia gigantesca por meio de um cabo, tudo ainda é capaz de gerar admiração e surpresa ao público presente.

No show em São Paulo, o KISS repetiu o set list que já havia apresentado em Porto Alegre e Curitiba dias antes. Foi um desfile de clássicos da longa carreira em cerca de 2 horas, que passaram rápido para os fãs sedentos.

Na abertura com “Detroit Rock City”, o espetáculo já começou com a banda descendo do teto em plataformas em meio a explosões e pirotecnia espalhadas por todo o palco. O mais desavisado até se preocupou se algum daqueles estouros poderia atingir os membros da banda, extremamente ensaiada a cada passo e a cada ação.

Gene Simmons (FOTO: FLAVIO LEONEL/ROQUEREVERSO)

A apresentação continuou com uma sequência de tirar o fôlego: “Shout It Out Loud”, “Deuce”, “War Machine” e “Heaven’s on Fire” mantiveram a plateia hipnotizada por todos os movimentos e surpresas da banda.

“Deuce” não pode faltar no repertório do KISS e os fãs sempre aguardam e vibram com momento em que Stanley, Simmons e Thayer fazem movimentos sincronizados com a guitarra. Daquelas coisas simples do rock, mas que agradam a todos.

Vale destacar o peso que “War Machine” vem dando aos shows. Na passagem do KISS pelo Monsters Of Rock em São Paulo em 2015, ela já havia chamado a atenção no set list, mas parece estar ficando mais pesada a cada nova apresentação do grupo.

Clássico indispensável no repertório do KISS, “I Love It Loud” é daqueles sucessos que levantam o mais frios dos fãs. Com o seu refrão inconfundível, fez a Arena do Palmeiras vibrar. No final, ainda contou com Gene Simmons em sua tradicional performance de cuspir fogo.

Importante destacar a grande presença de crianças levadas por pais em vários pontos do Allianz Parque. Na Pista Vip, onde a imprensa estava, a maioria dos pequenos estava caracterizada como os membros do KISS, com os rostos pintados. Sem a menor dúvida, estas crianças tiveram momentos inesquecíveis durante o show em São Paulo e a semente do rock foi plantada.

Depois de trazer “Say Yeah” e “Cold Gin”, que serviram para baixar um pouco a adrenalina, Tommy Thayer veio com um momento de solo de guitarra que aliou efeitos pirotécnicos. Com a guitarra, ele chegou a disparar chamas e faíscas, além de simular tiros explosivos.

A música seguinte foi a arrasa-quarteirão “Lick It Up”. Ajudada pela acústica da Arena do Palmeiras, ela trouxe a plateia, a plenos pulmões, numa altura sonora de impressionar e de ainda continuar na mente deste que vos escreve.

Roque Reverso já havia visto exemplos como esse nos shows do Iron Maiden, do Coldplay e do Bon Jovi no mesmo Allianz, mas o hiato gerado pela pandemia ajudou trazer um sentimento muito bacana com os ecos do público presente cantando “Lick It Up”.

Sempre simpático com a plateia, Paul Stanley conversou com o público antes de várias músicas. Pouco antes de iniciar “Calling Dr. Love”, ele foi surpreendido pela aparição de um inseto em seu microfone. A plateia identificou o inseto como um “grilo”, enquanto o vocalista demonstrou todo seu espanto com a cena inusitada. Inicialmente se surpreendeu com o ocorrido e depois tentou conversar com o “grilo”, provocando risos do público.

Paul Stanley (FOTO: FLAVIO LEONEL/ROQUEREVERSO)

O KISS continuou com seus sucessos, trazendo “Tears Are Falling” e a sempre ótima “Psycho Circus”. Na sequência, o show contou com o solo de bateria de Eric Singer, com direito à suspensão da bateria até o teto do palco, e com a performance teatral de Gene Simmons, que também foi às alturas, mas ainda trouxe a cena tradicional de cuspir sangue pouco depois de assumir os vocais em “God of Thunder”.

Foi então que surgiu um dos momentos mais esperados da apresentação, com o famoso “voo” de Paul Stanley sobre o público. O vocalista provocou a plateia para que ele incentivasse sua ida a um segundo palco montado sobre a torre de som. Depois de atendido, cruzou toda a Pista Vip por meio de um cabo suspenso e levou o Allianz Parque ao delírio, cantando de lá “Love Gun” e “I Was Made for Lovin’ You”.

Depois do retorno de Paul ao palco principal, Eric Singer assumiu os vocais, tocando bateria, em “Black Diamond”, mostrando o porquê de estar a tanto tempo na banda e ser respeitado pelos fãs.

Depois de uma brevíssima parada, o KISS ainda trouxe o mesmo Singer com “Beth” e emendou “Do You Love Me”, que veio acompanhada por vídeos antigos da banda no telão central e com bolas de plástico gigantes jogadas na Pista Vip.

Com a festa e a alegria espalhadas pelo Allianz Parque, a banda encerrou o show com o clássico “Rock and Roll All Nite”, com uma quantidade de papel picado gigantesca que tomou todo o Allianz Parque, para delírio da plateia.

Obviamente, para quem acompanhou apresentações anteriores do KISS em São Paulo, o show na Arena do Palmeiras pode não ter superado, por exemplo, o histórico concerto no Estádio do Morumbi em 1983. Pode também não ter sido melhor que a grande exibição que o grupo fez, sem as máscaras, no Monsters Of Rock de 1994, no Estádio do Pacaembu. Mas, na opinião deste jornalista que escreve, a apresentação em 2022 superou, por exemplo, o show no Autódromo de Interlagos em 1999 e a apresentação do Monsters Of Rock de 2015 na Arena Anhembi.

Não que esses dois shows não tenham sido bons, mas toda a atmosfera e a própria condição favorável gerada pelo Allianz Parque, somada a abstinência de diversão gerada pela pandemia, provocaram uma combinação de fatores que levou a apresentação de 2022 do KISS na capital paulista para a lista de mais especulares presenciadas por São Paulo nos últimos anos.

Final apoteótico (FOTO: FLAVIO LEONEL/ROQUEREVERSO)

Se o KISS vai realmente parar após esta turnê, quem esteve no Allianz Parque vai poder contar para filhos e netos que assistiu a um grande e inesquecível espetáculo. A torcida fica para que o KISS repita Ozzy Osbourne e Mötley Crüe, seguindo na ativa mesmo depois de anunciar uma turnê de despedida. O bom e velho rock and roll e seu público fiel agradeceriam eternamente.

Para relembrar o espetáculo do KISS na Arena do Palmeiras, o Roque Reverso descolou vídeos no YouTube, alguns deles filmados pelo próprio site. Fique inicialmente com a abertura do show e “Detroit Rock City”. Depois, veja a banda tocando “I Love It Loud”, “Lick It Up” e “Psycho Circus”. Na sequência, veja Gene Simmons em sua performance teatral. Fique também com os vídeos de “God of Thunder”, “Love Gun” e “Do You Love Me”.  Para fechar, fique com “Rock and Roll All Nite”.