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 Era para ser apenas uma boa zoeira e com muita bagunça, mas a bagaça já dura 35 anos e não dá pinta de que vai acabar, mesmo com um mentiroso fim anunciado anos atrás. E não é que as Velhas Virgens foram indicadas a um prêmio internacional?

O mais recente álbum, “O Bar Me Chama”, vai concorrer a melhor álbum de rock no prêmio Grammy Latino de 2021. A faixa-título concorrerá na categoria melhor música alternativa em português. 

O trabalho foi concebido antes da pandemia e teve seu lançamento inicialmente adiado devido ao cancelamento dos eventos públicos e a imprevisibilidade da volta à normalidade social.

Mesmo com o prolongamento das medidas de quarentena e isolamento e à despeito de todas as dificuldades, o disco acabou sendo colocado no mercado e surpreendeu pela boa acolhida de crítica e pelas vendas online, além de números expressivos nas plataformas digitais.
“Conseguimos criar um clima orgânico nas gravações e recuperamos o viés de festa de quando ainda estávamos na garagem. Um recomeço explosivo para uma banda de 35 anos”, diz o vocalista Paulão de Carvalho.

Algumas mudanças aconteceram. A primeira foi na produção, que recaiu em Gabriel Fernandes, cuja carreira se destacou gravando pop, sertanejo e vertentes eletrônicas, mesmo tendo suas raízes ligadas ao rock. 

Durante as gravações, Gabriel revelou uma admiração toda especial pela banda, tendo participado como músico da abertura de alguns shows das Velhas Virgens em meados dos anos 2000. 

Como o produtor, ele tinha a intenção de voltar a gravar rock e a banda queria experimentar uma linguagem sonora mais contemporânea e diferente para esse disco, uniu-se o útil ao agradável. O resultado tem um pé no rock clássico setentista com alguma modernidade.

“As artes do disco também mudaram: ao invés de trabalharmos uma ilustração como na maioria dos lançamentos anteriores, resolvemos usar o desenho icônico de um copo americano (que pasmem, foi inventado no Brasil), um símbolo forte e elementar que, para nós, representa “O Bar” e toda liberdade e camaradagem que este ambiente evoca”, afirma Paulão.

A festa estava garantida, bem de acordo com o espírito libertário e anárquico da banda. “As cores emanam de uma gaita e entram no copo, significando diversão, entretenimento, enfim, a alegria de se encontrar com os amigos para comemorações boemias.”

A escolha do repertório foi feita com muito cuidado, já que muitas das piadas e das letras sacanas do passado ganharam “contornos sexistas”, o que realmente elas tinham mesmo. Pode-se argumentar que eram outros tempos, mas o sexismo e o machismo são incontestáveis. 

“Queríamos o clima do começo de carreira, porém sem exaltar atitudes excessivamente sexistas que caracterizaram a banda nos anos 90 e que ficaram datadas. A intenção era levar para a gravação a garra, a alegria e o vigor de uma banda iniciante temperados pela experiência de músicos rodados. Colocar, enfim, a banda no contexto da década de 2020”, comentou o vocalista.