Marcelo Moreira
Um som diferente, um vocalista classudo e um instrumental quase progressivo, mas instigante, absorvendo o que de melhor o pop inglês estava fazendo na primeira metade dos anos 80. Até hoje as pessoas debatem se a banda Zero era original ou se copiava descaradamente as influências inglesas. Mas todos concordavam que era diferente.
A classe a sofisticação do Zero chamaram a atenção, mas não foi o suficiente para dar longa vida à banda, que pereceu com tempo assim como muitas outras bem interessantes, como Picassos Falsos, Fellini, Voluntários da Pátria e muitas outras.
O vocalista Guilherme Isnard se destacou como um estilista do rock, quase um Bryan Ferry (Roxy Music) em termos de postura e estilo, assim como na técnica vocal praticamente impecável.
Eclético, culto e aventureiro, o cantor fez de tudo depois que o Zero não sobreviveu ao feroz mercado fonográfico em vias de ser depredado pelos downloads ilegais e novas tecnologias.
Deixando a música um pouco de lado por anos, Isnard ressurge na pandemia de covid-19, que assosla o mundo e destrói mercados, com um single.
Uma troca de áudios com o amigo Elísio Neto, ainda nas primeiras semanas da quarentena, culminou na música “Quando Esse Mal Passar”. A balada está nas plataformas digitais e conta com a banda formada por músicos experientes como Guilherme Isnard (vocal), Elísio (guitarras), Nivaldo Ramos (baixo e vocal), Rigel Romeu (teclados) e Fabiano Matos (bateria).
Nascida durante o confinamento, a música, criada e gravada de forma remota, é um tema de amor romântico que aponta para o futuro pós-pandêmico.
A canção abre uma janela de esperança utópica para o momento que sucederá à superação dos males atuais, ao mesmo tempo em que aponta a responsabilidade e o empenho individual como meio para ultrapassá-los, segundo o próprio autor.
“Em 25 de março recebi no telefone um tema do Elísio que repetia a frase ‘aonde você quer chegar’. Com o coração apertado por conta dos males que nos atacavam na saúde, na política e na economia, só consegui pensar em emergir da aflição e conclamar a todos para cumprirem o seu papel no processo. O verso ‘não há quem corte a nossa onda’ é uma citação a ‘Telefone’, do saudoso Júlio Barroso, da Gang 90, que já cantava o amor à distância em 1983”, conta Isnard.
Para Elísio, a música veio “em um momento de reflexão sobre o futuro, incertezas, medo e em total isolamento com minha esposa grávida, pensei sobre a vida e em como gostaríamos de estar quando todo esse momento de caos passasse. Olhando para o horizonte pude me libertar através da melodia que não saia da minha cabeça. Uma pergunta resumia tudo que eu sentia: aonde você quer chegar?”. A pandemia ainda está em curso, mas a parceria já tem um destino certo.
Escolhida como o primeiro single da retomada da carreira de Guilherme Isnard, “Quando Esse Mal Passar” foi produzida pelo renomado Apollo Nove. Ele definiu a forma final da composição com a elegância que sempre foi uma assinatura do trabalho autoral de Isnard à frente da legendária banda ZERO.
Enviado também via WhatsApp para alguns amigos, o single vem despertando memórias e reconectando com os seus pares.
“Conheci Guilherme Isnard no final dos anos 70, quando ele era modelo, e me surpreendi quando ele virou cantor, com a sua voz de barítono, sexy e segura, liderando uma banda de rock. Depois veio o sucesso estrondoso nas rádios ao lado do Paulo Ricardo e, agora, fico contente em ouvir o seu novo single”, diz o cantor, compositor e baixista Arnaldo Brandão.
“Nos anos 80, Guilherme já era 10! E ele ainda tem munição forte em baladas, embaladas com amor, que só vêm pra fortalecer a nossa geração que ainda tá na estrada produzindo e curtindo boa música”, diz Evandro Mesquita, vocalista da Blitz.
Encantado com a nova faixa, Rildo Hora não poupa elogios ao parceiro: “Canta muito o Guilherme Isnard e gosto demais das letras que ele fez para as minhas melodias. Esse single vai ser um grande sucesso!”, diz o gaitista e produtor.
Para o cantor e compositor Kiko Zambianchi, outro amigo da mesma geração sonora, Guilherme Isnard “é um artista que ama o que faz, profissional ao extremo e exigente com a qualidade dos seus trabalhos. Nesse novo single não seria diferente: a música é emocionante, com uma letra linda e uma gravação perfeita. Espero que chegue aos ouvidos de todos!”
