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Iggy Pop (FOTO: DIVULGAÇÃO)

O público em geral só tomou ciência do termo “punk” em 1973, quando Pete Townshend compôs uma canção em que mostrava como a suposta delinquência juvenil era um “problema” a juventude inglesa. “the Punk Meets the Godfather” é a música mais pesada de “Quadrophenia”, album duplo de The Who, lançado naquele ano.

Previdente, a música e o álbum já previam o que viria três anos depois e que devastaria o mundo do rock e das artes com o chamado movimento punk, com The Clash, Sex Pistols e mais uma série de bandas importantes.

No entanto, o primeiro punk da história atende ´pelo nome de James Osterberg, mais conhecido como Iggy Pop, que completa 75 anos neste mês de abril. É bastante provável que ninguém tenha sido mais ultrajante do que ele e seus Stooges no final dos anos 60 e comecinho dos anos 70.

Na pouco aprazível Detroit, Iggy e sua turma mostraram o outro lado do flower power, ou seja, a sujeira que a vida idílica norte americana escondia – coisa que o Black Sabbath fazia em Birmingham, na Iglaterra, em 1970.

The Stooges e MC5, outra usina sonora do “contra” que emanava de Detroit, destruíram os fundamentos do sonho americano” e estabeleciam uma nova ordem dentro da música dos “states”: força, personalidade e muito peso. 

Esqueça o mundo idílico e o flower power. O negócio era chutar tudo (“Kick Ou the Jam”, a estreia do MC5, em 1969) e mostrar a face m ais verdadeira” da América.

Iggy Pop foi a personificação do punk antes mesmo do punk rock existir. Se ele não existisse, certamente alguém o inventaria, mas não necessariamente com um delinquente de maior idade.

Meio que ludibriado diante da realidade, com o surgimento do punk rock como movimento quase dez anos antes de ele deturpar tudo, olhou para frente e decidiu virar referência. Foi punk antes de existir o punk, e mostrou o que era atitude e contestação em plenos anos, quando o punk hibernou e a indústria parecia ter tomando conta de tudo.

Iggy mostrou que é possível chutar bundas e sacos bem depois dos 50 anos de idade. Mostrou que o rock precisa incomodar o tempo todo para se mostrar vivo e relevante

No mundo artístico e insípido do século XXI, Iggy Pop continua sendo referência de rebeldia e rock contestador. Nos tempos de trevas e de falta de inteligência e ousadia, Iggy Pop é uma salvação.