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“Jesus te protege da aglomeração/dentro do Evangelistão!!!!!!”

Os Ratos de Porão voltam à carga com um single fantástico e certeiro, com uma porrada no mundo bolsonada e nas patifarias das seitas evangélicas picaretas e criminosas, em uma crônica curta sobre o mundo das trevas em que o conservadorismo de extrema-direita jogou o Brasil.

“Aglomeração”, a primeira canção divulgada do próximo disco do quarteto paulistano, é mais metal do que punk, mas a contundência da mensagem é a mesma: um ataque forte contra as forças do atraso e do retrocesso.

Desde que a banda lançou “Século Sinistro”, lá em 2015, um silêncio incômodo rondava os Ratos de Porão. Os mares estão estavam para peixe, é certo, mas os músicos se lançaram em outras atividades e deixaram o ativismo político um pouco de lado da “marca”, digamos assim.

Enquanto isso, o guitarrista Jão formatava o projeto do La Iglesia/Borratxeria, da qual é um dos sócios, misto de bar e casa de shows underground que tomou forma somente no ano passado, por causa da pandemia. Fica no bairro paulistano de Pinheiros e logo se transformou em um dos pontos roqueiros mais importantes de São Paulo.

Ratos de Porão (FOTO: MARCOS HERMES/DIVULGAÇÃO)

João Gordo, o icônico vocalista, incrementou a Central Panelaço, centro cultural que fica bem no coração do Bexiga, que é o central bairro paulistano da Bela Vista. Durante a pandemia, a parte de gastronomia do local se engajou em um projeto social que distribuiu comida vegana para a população sem-teto.

Na parte musical, o cantor ensaiou o retorno ao ativismo e ao protesto com duas iniciativas paralelas, o projeto Revolta, que reúne nomes estrelados da música pesada paulistana – por enquanto só soltou uma música – e a banda de death metal Lockdown, criada plo guitarrista do Korzus Antonio Araújo, que lançou um ótimo EP.

“Aglomeração”, além de detonar os falsos profetas da política e da religião, em clara alusão ao governo nefasto de Jair Bolsonaro, também ataca a chamada necropolítica, ou política depredatória que privilegia a morte – não por acaso, o nome do novo disco é “Necropolítica”.

Gravado no estúdio Family Mob e mixado no estúdio El Rocha, na cidade natal da banda formada em 1981 na cidade de São Paulo (SP), o disco “Necropolítica” chega ao mercado fonográfico nacional em maio em CD (em edição da gravadora paulistana de metal Shinigami Records) e em edição digital (com distribuição feita via ONE rpm). Uma edição em LP está prevista para julho no Brasil via AMM Records.

E João Gordo também é personagem importante de outro lançamento virulento contra a religião e ao putrefato mundo das seitas evangélicas. Ele empresta a voz para o mais recente single da banda Troops o Doom, que tem o guitarrista Jairo Guedz (ex-Sepultura) como um dos fundadores.

“A Queda” é o nome da música que une o vocalista do Raros de Porão e o quarteto de death metal, que já gravou dois EPs bastante elogiados – e são excelentes mesmo. A violência da canção é tamanha que o mundo conservador não perdeu tempo em chamar o quarteto de “satanista” e “comunista” – ou seja, o Troops of Doom atingiu o seu objetivo.

Troops of Doom (FOTO: DIVULGAÇÃO)

E é óbvio que não foi coincidência o single chegar ao mercado quase que ao mesmo tempo em que “Aglomeração”. ´”A Queda” é mais uma amostra do álbum de estreia, “Antichrist Reborn”, que será lançado no exterior pela gravadora Alma Mater Records, de Fernando Ribeiro (Moonspell).

“A Queda” será a única do repertório que traz a letra em português. “Ter o João Gordo dividindo as vozes comigo nessa faixa foi algo além de especial. Somos amigos há mais de 35 anos e sou um grande fã do Ratos de Porão. Quando estávamos criando a música e sentimos a energia dela, logo nos veio a cabeça de que ela seria perfeita para tê-lo como convidado. É uma música bem direta, rápida e suja, e o fato de a letra ter sido escrita em português tornou tudo ainda mais interessante”, comenta o vocalista e baixista Alex Kafer.