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Marcelo Moreira

No rock nacional a pandemia foi mais cruel na questão de lançamentos. O número foi bem menor que no ano anterior, mas a qualidade foi alta. O Sepultura abriu o ano e mostrou que o pessoal que manteve o processo de criação e gravação estava com a faca nos dentes. E teve rock bom para todos os gostos.

Sepultura – “Quadra” – Se havia alguma dúvida de que o Sepultura tinha bala pra recuperar de vez o prestígio internacional, este CD derrubou tudo. Trabalho extraordinário, com um conceito interessante e instrumental afiadíssimo. É o melhor trabalho da era Derrick Green nos vocais e certamente rivaliza com os clássicos da banda de todos os tempos.

Kiko Loureiro – “Open Source”  – O guitarrista brasileiro do Megadeth mostrou versatilidade e diversidade em mais um trabalho instrumental de qualidade. Aqui há menos brasilidade e mais rock pesado, até porque o mercado internacional é o foco do músico, mas tem bastante coisa interessante e suas influências brasileiras permeiam o trabalho.
 

Warshipper – “Barren” – Banda paulista aproveitou bem o período de reclusão para finalizar esse álbum poderoso e diversificado, em que o thrash e o death metal convivem em harmonia nas músicas fortes te bem temperadas com guitarras muito pesadas e passagens progressivas instigantes.

Edu Gomes – “Metamorfose” – Guitarrista com o nome fincado no blues nacional, com a Irmandade do Blues, lança mais um estupendo disco instrumental. É moais roqueiro do que os anteriores, “Âmago” e “Imo”, apontando para um caminho mais otimista e, ao mesmo tempo, reflexivo.

Tuatha de Danann – “In Nomine Éireann” – Banda mineira volta com tudo em uma “superprodução” em homenagem à Irlanda. O tempero celta característico do Tuatha deixa canções tradicionais irlandesas com outra cara, misturando folk, punk, heavy e metal extremo. 
Ricardo Vignini – “Cubo” – O violeiro mais nerd do Brasil não para quieto. Só em 2020 foram dois álbuns novos. “Cubo”, o segundo, é o mais diferente de sua carreira, em que sua viola caipira passeia por gêneros musicais diversos, escapando da música de raiz e invadindo a música latino-americana, op rock, o jazz e o blues.

Dead or a Lie – “Monster” – Outra banda paulista que se destacou neste ano, com uma mistura de hard rock, heavy metal e stoner metal, com um leve acento grunge. O timbre de guitarra obtido é muito interessante, atribuindo um peso maior a canções bem construídas.

Chaosfear – “Be the Light in a Dark Days” – Thrash metal mergulhado no death com guitarras ultrapesadas e arranjos muito diferentes e cuidadosos. Não é original, mas é bem diferente do que temos no mercado.

Fabiano Negri – “The Fool’s Path” – Este deveria ser o último CD do músico de Campinas (SP), meio desiludido com a vida artística – e a obra conceitual reflete bastante o estado de espírito melancólico. Ainda bem que ele repensou a decisão e, com o apoio de uma gravadora norte-americana, já prepara outro trabalho. “The Fool’s Path” é forte, denso e intrincado, mostrando uma habilidade absurda na confecção de uma história e sua trilha sonora.

Edu Falaschi – DVD “Temple of Shadow In Concert” – A tarefa era monstruosa e difícil, mas o ex-vocalista do Angra conseguiu viabilizar uma grande apresentação com orquestra e uma banda afiadíssima, registrando tudo nos mínimos detalhes. Uma produção extraordinária e que marca época dentro da música nacional.