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Joan As Police Woman, Tony Allen, Dave Okumu –  “The Solution is Restless” – Em 2019, Damon Albarn (blur, Gorillaz, entre outros) apresentou Joan Wasser (aka Joan As Police Woman) para Tony Allen, baterista nigeriano que, entre outras coisas foi durante muitos anos diretor artístico da Africa 70, lendária banda de Fela Kuti. Meses depois, os dois se encontraram em um estúdio parisiense e, juntamente com o guitarrista inglês Dave Okumu, fizeram uma longa sessão de improvisos e experimentações. O resultado é um álbum recheado de com canções incríveis, como “The Barbarian” ou “Take me To Your Leader”, inspirada na primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern. “The Solution is Restless” acabou sendo uma das últimas gravações de Tony Allen, morto em 2020.

 

Durand Jones & The Indications – “Private Space” – A banda de “retro-soul” formada nos dormitórios da Universidade de Indiana mergulha fundo na atmosfera disco dos ano 70, trazendo um som dançante e com um alto-astral que nos ajuda a sobreviver a estes tempos sombrios de pandemia. É impossível não afastar os móveis da sala para ter espaço para dançar. 

 

 

Silk Sonic – “An Evening With Silk Sonic” – Em 2017, Anderson Paak foi contratado para abrir shows de Bruno Mars na Europa. A partir dali, eles passaram a trabalhar juntos no projeto Silk Sonic, nome dado por ninguém menos que Bootsy Collins, mítico baixista que tocou com James Brown e no combo Parliament/Funkadelic. O single “Leave The Door Open”, uma releitura do melhor da black music da década de 70, com uma banda afiadíssima, abriu as portas para um álbum coeso e intenso. 

 

 St. Vincent – “Daddy’s Home” – Mais um mergulho nos anos 70. A guitarrista americana St. Vincent nos apresenta uma quente combinação de rhythm & blues, rock progressivo e a sonoridade de artistas como Steely Dan em um álbum que aborda um fato doloroso: seu pai passou dez anos na prisão. Além disso, ela ainda encontra espaço para homenagear Nina Simone, Joni Mitchell e Tori Amos, em “The Melting of The Sun”.

Blanco – City of God – O nome álbum do rapper britânico Blanco não esconde: é uma referência a “Cidade de Deus” filme dirigido por Fernando Meirelles no começo do século. A sonoridade também faz clara referência ao funk carioca, utilizando seus beats e flows. Trazendo referências da cultura pop, desde o futebol até Naruto, “City of God” mostra que a música das quebradas é um manancial de boas ideias e que tem muito a mostrar para o mundo. 

 

 The Black Keys – “Delta Kream” – O duo formado por Dan Auerbach e Patrick Karney presta seu tributo aos bluseiros do delta do Mississippi, que acabaram sendo referência para seu trabalho. Versões para canções de R. L. Burnside, John Lee Hooker, Mississippi Fred McDowell, Big Joe Williams e Ranie Burnette. 

 

Olivia Rodrigo – “Sour” – Muita gente não ouviu e não gostou do álbum de estréia da jovem cantora, principalmente os “tiozões do rock”. Ok, Courtney Love também não gostou. Mas o fato é que “Sour” é um álbum bom, bem bom, acima da média. É o “futuro do rock”? Imagino que não. É uma artista que vai formar uma carreira consistente com bons álbuns no futuro? Também não sabemos. Mas o que eu sei é que temos um bom álbum de estréia de uma artista a quem, no mínimo, podemos esperar algo a mais. 

 

Mdou Moctar – “Afrique Victime” – “A África é vítima de tantos crimes / Se ficarmos em silêncio será o nosso fim / Por que isso está acontecendo? Qual é a razão por trás disso?“, é o que canta o guitarrista nigerino Mahamadou Souleymane, que adota o nome artístico de Mdou Moctar. Sons do norte da Àfrica permeados por psicodelia e riffs que lembram Black Sabbath formam um tapete intrincado para abrigar letras contestadoras e que expõem as chagas que castigam o continente africano e seus povos.

Prince – “Welcome 2 America” – Dizem que Prince, morto em 2016, teria deixado mais de 5000 horas de músicas gravadas. “Welcome 2 America” faz parte deste vasto material mas, ao contrário do que se possa imaginar, não é um álbum de sobras. Ele foi concebido e gravado para ser um “album de carreira”. Contando com as participações da baixista Tal Wilkenfeld e do baterista Chris Coleman, ele foi gravado em 2010. Prince tinha a intenção de sair em turnê com os músicos que participaram da gravação, mas problemas de agenda impedirem que a excursão saísse e assim, ele decidiu engavetar o álbum. Mais de dez anos, “Welcome 2 America” é um retrato sombrio e, por vezes profético, de um mundo que presta mais atenção ao que está no telefone, ou em redes sociais, do que no que está ao redor, como especulação imobiliária e atuação de políticos corruptos e gananciosos em um mundo distópico.

Eu fiz uma playlist com canções destes álbuns e algumas outras coisas e você pode ouvir no player abaixo: