Escolha uma Página

Marcelo Moreira

Nita Strauss (FOTO: DIVULGAÇÃO)

A cena é bem conhecida: a menina fica de canto, enquanto uma legião de machos, em um ensaio ou concurso qualquer, ficam se exibindo nso instrumentos, especialmente os guitarristas, a maioria aspirantes a Steve Vai, Joe Satriani e Eddie Van Halen. 

Quando há um intervalo ou uma brecha, eis que aparece a tal garota que ficou de canto e pede para “tocar um pouquinho”, enquanto todos os machos olham desconfiados. Aí a mina resolve destruir tudo, para desespero e estupefação dos machos. Uns se resignam, outros partem para a baixaria e iniciam o assédio sexual/moral para não ficar tão por baixo.

Todas as meninas que se destacam no rock e na música instrumental já passaram ou viram amigas viverem tal situação. “Não dá para dizer que não existe, mas já foi muito pior. Em muoitos lugares a gente tenta brincar quando gritam ‘gostosa’ e outras coisas piores. Quando dá, a gente para e diz: ‘Gente, nossa banda é a Nervosa, e não Gostosa”‘, disse certa vez a baixista e vocalista Fernanda Lira, ex-banda Nervosa e agora Crypta, ao programa Combate Rock.

Há quem diga que a coisa pega mesmo pesado nos shows do grupo Musas do Metal, que acompanha Detonator (Bruno Sutter), do Massacration, formado por mulheres bonitas e competentes, entre elas a guitarrista Isa Nielsen. Se a coisa é mais difícil para elas neste quesito, só resta detonar cada vez nos instrumentos e se sobressair fazendo coisas que a maioria dos seres humanos nem sonha em fazer.

Sophie Lloyd (FOTO: REPRODUÇÃO/YOUTUBE)

A inglesa Sophie Lloyd é um desses casos. Loira, linda e extremamente veloz na guitarra, virou celebridade no YouTube fazendo malabarismos com a guitarra como se estivesse tomando café, chamando atenção de astros mundiais da guitarra.
É uma fritadora, mas também mostra um feeling absurdo em algumas versões de clássicos do rock, com um jeitão bluesy de tocar e muito bom gosto nos solos. Por enquanto ainda nãoo tem uma carreira solo, embora já tenha lançado um EP virtual com seu nome em que mostra muita qualidade nos temas instrumentais.

Outra celebridade da internet é Nikki Stringfield, que trafega na mesma praia qe Lloyd. Norte-americana e fanática por Iron Maiden e classic rock, tocou com as bandas The Iron Maidens (tributo feminino à banda inglesa) e Femme Fatale. 

No ano retrasado, em uma pausa nos trabalhos oficiais, lançou o EP “Harmonies for the Hauted”, com cinco faixas pesadas e sem tanto se preocupar com o virtuosismo.

Se Sophie Lloyd passeia por outros gêneros musicais, como a musica eletrônica e o pop, Stringfield mergulha no hard’n’heavy aproveitando que também canta bem. 

As influências de Iron Maiden e hard oitentista são nítidas,omo na interessante ” ainda que tente disfarçar com arranjos mais modernos, como “When the Devils Come Down e na melosa “Take Me”.
Não abusa tanto da beleza, embora não descarte totalmente esse artifício. Companheira de banda de Stringfield, a também loira Nita Strauss é um pouco mais velha e mais bem-sucedida. É a atual guitarrista de turnê da banda de apOio de Alice Cooper e também tocou com The Iron Maidens e Femme Fatale.

Nikki Springfield (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Mais ousada e técnica que a parceira de banda, tem uma velocidade impressionante e é mais metal. “Controlled Chaos”, seu álbum de 2018, é uma coleção de canções que nada fica a dever aos mestres do shred, ou fritação. 

No entanto, não é tão variado e apresenta menos recursos do que o EP de Stringfield, mas é uma instrumentista extraordinária, que certamente deixa Steve Vai e Satriani orgulhosos.

Na mesma praia surfa a também norte-americana Gretchen Menn, a mais experiente das moças no mercado fonográfico, embora não necessariamente a mais velha. 

Com três álbuns no mercado – “Hale Souls”, “A Pleasing Pounding” e o ótimo “Abandon All Hope”, o mais recente -, ficou conhecida como guitarrista da banda Zepparella, que é um tributo californiano ao Led Zeppelin e rival de outra banda tributo, o Lez Zeppelin.

No trabalho solo ela tenta se descolar das imitações de Jimmy Page e exibe um instrumental coeso e diversificado, ora abusando da velocidade e da técnica, ora mergulhando na simplicidade e sutileza. Dentre todos os trabalhos solo citados neste texto, Menn é o que apresenta o mais consistente, embora seja o menos exuberante.

O virtuosismo das brasileiras

Distorted Duo (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Isa Nielsen é uma mulher bonita que teve destaque recente na banda de humor/metal Musas do Metal, que dava suporte aos shows de Detonator, o vocalista do Massacration, mas que é um personagem interpretado pelo ótimo cantor Bruno Sutter.
Para quem achava que sua presença nesta banda feminina coadjuvante ofuscava a sua qualidade como musicista, escutem a estreia em álbum do Distorted Duo. A moça resolveu destruir tudo e mostrar o seu grande talento.
Tocando facilidade e fazendo acrobacias nunca desnecessárias, consegue aliar velocidade e feeling com maestria demonstra ter assimilado de forma inteligente toda uma forte bagagem de influências.
O mesmo pode ser dito da badalada Lari Basílio, há muitos anos militando no rock instrumental do Brasil e dos Estados Unidos. Já tem discos solo bastante elogiados por guitarristas de todos os calibres e também é boa compositora. 
Laro mostra destreza e velocidade quando faz heavy metal, mas tem uma mão direita que merece elogios quando envereda pelo blues, por exemplo, exercendo as músicas de forma pesada e forte.
Por falar em blues, quem manda muito bem é Tatiana Pará, paulistana que já arrancou elogios de ninguém menos do que Robben Ford, um dos magos das seis cordas dos Estados Unidos. Ele inclusive participa do até agora único trabalho solo da moça.
Versátil e habilidosa, passeia bem por todos os estilos musicais, mas é a paixão pelo blues que coloca a moça em um patamar diferenciado entre os instrumentistas do Brasil.
Na área do rock, do jaz e da MPB, fique de olho na habilidosa e igualmente versátil Gabi Gonzalez, uma força da música instrumental brasileira. Com técnica impecável e boas composições, tem um trabalho bastante elogiado pela crítica brasileira.