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Steve Grimmett (FOTO: DIVULGAÇÃO/FACEBOOK)

Quanto maior a dificuldade, maior a obstinação de Steve Grimmett de continuar nos palcos, sejam em festivais ou pequenos locais em cidades do interior, como Sorocaba no Brasil. Nenhum dos vários problemas de saúde que o acometiam eram o suficiente para que ele sequer cogitasse parar de cantar. Essa foi a imagem que deixou em sua recente turnê pelo Brasil, neste ano.

Grimmett, mais conhecido por ser principal – e melhor – cantor da banda inglesa Grim Reaper, morreu nesta segunda-feira, aos 62 anos, na Inglaterra. As causas da morte ainda não foram divulgadas.

Nome importante da New Wave of British Heavy Metal (Nova Onda do Heavy Metal Britânico), o Grim Reaper angariou uma legião de fãs no interior do Reino Unido e praticamente se impôs no mercado da música pesada dos anos 80 ainda que a preferência fosse por bandas concorrentes, como Tygers of Pan Tang, Saxon, angel Witch e algumas outras.

A banda era agressiva e tinha letras um pouco diferentes, apelando para um certo sarcasmo e humor negro, como o seu maior hit, “See You in Hell”, uma das canções mais reconhecíveis imediatamente daquela época.

Sua voz também importante em um período fértil no começo do ícone thrash Onslaught, com gravou um álbum. Nos anos 1990, fundou o Lionsheart, com sonoridade mais direcionada ao hard rock. O grupo lançou quatro álbuns de estúdio e um ao vivo.

O maior trauma de sua carreira ocorreu em 2017, no Equador, durante uma turnê sul-americana. Passou mal em Quito, capital do país, e teve a perna direita amputada devido a problemas circulatórios.

Uma campanha de financiamento coletivo, que durou um mês, o tempo de internação, arrecadou US$ 14 mil para o tratamento, que não foi coberto por planos de saúde iu seguros contratados pelos organizadores da turnê.

O trauma não o deteve: voltou as palcos cantando em cadeiras de rodas e usando algumas próteses feitas por encomenda.

Na última passagem pelo Brasil, em abril passado, não escondia a felicidade de voltar o país que mais o amava.

“Claro que era excitante viajar a Inglaterra inteira em uma van velha e entulhada de instrumentos, mas perdi a conta de quantas vezes tomamos calote, ficamos sem comer e sem dormir. Não foi bom.” Arrependimento? “Nenhum. Não viramos o Iron Maiden nem o Judas Priest, mas nos tornamos o Grim Reaper. Graças a essa banda estou aqui no Brasil de novo”, disse o cantor antes de uma das apresentações.

O clichê logo vem à cabeça: lição de vida. Ele riu desconcertado: “Nem melhor e nem pior do que a situação de quem quer que seja. Sou um cantor de rock e um privilegiado por cantar em vários lugares. É minha vida, talvez com o privilégio de poder trabalhar com o que amo.”

O giro brasileiro de Steve Grimmett com a sua versão do Grim Reaper teve todo o caráter underground, mas foi considerada altamente satisfatório por todos os participantes. A banda realizou três apresentações no Bar da Garagem, em Sorocaba (SP), no Wox Club, em Pomerode (SC), e no La Salsa, em São Paulo (SP).

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