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Gary Brooker (FOTO: DIVULGAÇÃO)

– Um grande desserviço prestado pelas emissoras FM de caráter popular, desde os anos 80, foi ter transformado baladas e músicas melancólicas de rock em canções bregas, daquelas tocadas à exaustão em fim de noite nos programas tipo “old times” (tempos antigos) ou de caráter romântico. As misturas eram horrendas, colocando lado a lado coisas realmente bregas e ruins e pérolas como “Imagine”, de John Lennon. “A Whiter Shade of Pale” é uma das grandes canções de todos os tempos, mas volta e meia acaba inserida neste contexto brega, impregnando o cérebro das pessoas. O Procol Harum, banda de rock progressivo dos anos 60, fez muito sucesso com ela, com a voz do tecladista e líder Gary Brooker, que morreu nesta terça-feira (21), aos 76 anos, em consequência de um câncer. Uma banda fantástica, que teve um mestre na guitarra por algum tempo, o inglês Robin Trower. Segundo um estudo feito na Inglaterra, em 2009, a canção “A Whiter Shade of Pale” tinha sido a mais tocada nos 75 anos anteriores em espaços públicos no Reino Unido. O Procol Harum e Gary Brooker também são autores e intérpretes de obras-primas como “A Salty Dog” e “Conquistador”, músicas que frequentam listras das 500 ou 1.000 melhores de todos os tempos. O disco “A Salty Dog” até hoje é considerado o melhor da banda, que se desfez na segunda metade dos anos 70 e ensaiou algumas voltas, embora o legado musical sempre tenha sido defendido com honras por Brooker.

– Da Irlanda chega a notícia da morte do norte-americano Mark Lanegan, cantor da banda Screaming Trees e com passagem bem-sucedida pela banda Queens of the Stone Age. Muitos críticos o consideram o verdadeiro grunge de raiz, já que não ficou milionário como os membros de bandas como Pearl Jam, Nirvana e Alice in Chains, por exemplo. Lanegan morreu aos 57 anos de idade, mas as causas não foram reveladas. Com o Screamng Trees, estourou com o hit “Nearly Lost You”, mas foi só em termos de megassucesso. A banda manteve uma boa produção até o começo do século XXI, mas o interesse pelo trabalho não foi o mesmo. Voltando para o underground, engatou uma série de discos solo elogiados no circuito indie, que lhe rendeu reconhecimento e quantidade boa de shows pelo mundo. Em São Paulo, por exemplo, era considerado um dos ícones deste underground, com um cartaz que se equiparava ao de Nick Cave (que morou anos em São Paulo). Ele também gravou músicas essenciais do Queens of the Stone Age, como “No One Knows” e “Burn the witch”. Entre seus outros projetos principais estiveram o The Gutter Twins, com Greg Dulli, do Afghan Whigs, e o duo com a escocesa Isobel Campbell, do Belle and Sebastian.

– Eduardo Amarante foi um guitarrista importante nos anos 80, quando encarou a estrada em bandas como Azul 29 e Zero. Ele também morreu nesta terça-feira (22). A causa da morte não foi revelada. Formada em 1983, o Zero lançou um compacto no início de carreira com as músicas “Heróis” e “100% Paixão”. Em 1985, Guilherme Isnard reestruturou a banda e convidou o guitarrista Eduardo Amarante. No ano seguinte, o grupo lançou o álbum “Passos No Escuro”, que conquistou grande sucesso nas rádios de todo o país com a música “Agora Eu Sei”, que contava com a participação de Paulo Ricardo. Parecia que o Zero iria estourar, mas só teve mesmo um único e cultuado hit. Antes, integrou o Azul 29, que teve algum destaque no incipiente movimento new wave no Brasil. O grupo formado em 1982 após o fim do Agentss tinha em sua sonoridade teclados e sintetizadores, tendo como influência o Kraftwerk.