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 Marcelo Moreira



Enquanto a primeira-dama bolsonara investe contra a democracia e a liberdade de expressão tentando calar artistas que a criticam, seres alienados e com elevado grau de ignorância querem a censura a atletas que se posicionam politicamente.

Michelle Bolsonaro quer processar a banda Detonautas Roque Clube por causa de uma música que nada mais é do que uma sátira, chamada “Micheque”. 

Já a jogadora de vôlei de praia Carol Solberg, que gritou “Fora, Bolsonaro” ao vivo na TV por assinatura, está sendo denunciada no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) por um procurador certamente com trabalho de menos, com argumentos pífios – leia aqui.

A atitude do tal procurador da Justiça Desportiva, por si só, é absurda e incompatível com a postura de pessoas que prezam a democracia e a inteligência do público em geral, além de ser flagrantemente inconstitucional. 

Sendo assim, para preservara liberdade de exressão e garantir o direito de xingar e criticar o nefasto presidente da República, segue um texto da atleta postado nas redes sociais dias depois da manifestação após uma partida.

“Gostaria de poder responder a cada um de vocês, mas é impossível dar conta de tantas mensagens. Só quero agradecer demais e dizer que me senti abraçada por todo esse amor. O meu grito é pelo Pantanal que arde em chamas em sua maior queimada já registrada e continua a arder sem nenhum plano emergencial do governo. Pela Amazônia que registra recordes de focos de incêndios.

Pela política covarde contra os povos indígenas. Por acreditar que tantas mortes poderiam ter sido evitadas durante a atual pandemia se não houvesse descaso de autoridades e falta de respeito à ciência. Por ver um governo com desprezo total pela educação e cultura.

Por ver cada dia mais os negros sendo assassinados e sem as mesmas oportunidades. Por termos um presidente que tem coragem de dizer que “o racismo é algo raro no Brasil”.

São muito absurdos e mentiras que nos acostumamos a ouvir, dia após dia. Não posso entrar em quadra como se isso tudo me fosse alheio. Falei porque acredito na voz de cada um de nós. Vivemos em uma democracia e temos o direito de nos manifestar e de gritar nossa indignação com esse governo.

Não sou de nenhum partido, não sou ativista, sou uma atleta. É o que gosto de ser. Eu amo meu esporte, represento meu país em campeonatos mundiais desde meus 16 anos e espero que o ambiente esportivo seja sempre um lugar democrático, onde os atletas tenham liberdade de expressão.

Saber que todas as pessoas que eu admiro e que são importantes pra mim estão do meu lado, me faz ter certeza de que estou do lado certo da história.
Tamo junto!!”