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De maneira discreta, a Nação Zumbi anuncia que ira dar um tempo em suas atividades. Segundo o site Social1, o baixista Dengue afirmou que a decisão já havia sido tomada antes mesmo do início da pandemia da Covid-19. Segundo ele, o motivo é que os integrantes da banda querem dedicar-se a seus próprios projetos, mas que ainda haverá um show de despedida, que ocorrerá ainda em 22.

O último álbum de inéditas da banda, “Nação Zumbi”, foi lançado em 2014. “Radiola NZ Vol.1”, reunindo versões de músicas de outros artistas, é de 2017. Ao longo dos últimos anos, diversos integrantes de sua formação mais perene, foram saindo da banda ou dividindo-se entre as suas atividades e seus projetos solo ou colaboração: Bolla 8 saiu em 2015, sob uma rumorosa troca de acusações entre ele e empresário da banda; Pupilo saiu em 2018, tornando-se hoje um requisitado produtor. Jorge du Peixe e Lucio Maia dedicam-se a diversos projetos. Gira morreu em 2017.

(Chico Science & Nação Zumbi)

A explosão do Mangue

No final dos anos 80, começo dos 90, Recife carregava o título de capital brasileira com o maior índice de desemprego na virada da década de 80 para a seguinte. Pior, mais da metade da população vivia em favelas ou em terrenos alagados e, segundo um instituto de estudos populacionais americano, a quarta pior cidade do mundo para se viver. Foi dentro deste cenário, que um grupo de jovens se mobilizou para espantar o marasmo cultural da “cidade maurícia” – eram os “caranguejos com cérebro”, como surge no “Manifesto Manguebeat”, escrito por Fred 04.

É dentro deste cenário que um de seus principais elos surge. Resultado da união de duas bandas, Loustal e Lamento Negro, Chico Science & Nação Zumbi fazia uma improvável e poderosa mistura de hip-hop, pós-punk, metal e maracatu. Logo, a banda chamou atenção de diversas gravadoras do eixo Rio-SP e acabou assinando com a poderosa Sony Music.

O primeiro álbum, “Da Lama ao Caos”, virou um clássico instantâneo e abriu também as portas para o mercado internacional – shows nos EUA e Europa fizeram com que a banda alcançasse um patamar que poucas outras bandas conseguiram chegar. Após o segundo álbum, “Afrociberdelia”, muitos imaginavam que a consagração de Chico Science, o mangueboy à frente da banda, seria inevitável. Inevitável, porém foi a morte. Uma semana antes do carnaval de 97, onde Chico Science & Nação Zumbi abriria as festas em Recife, Chico morre em um acidente de carro.

Pós – Chico Science

Mesmo com a perda de seu líder e frontman, a Nação Zumbi seguiu em frente, com Jorge du Peixe assumindo os vocais. Mesmo sem o mesmo sucesso dos primeiros álbuns, a Nação continuou ocupando um lugar de destaque dentro do cenário musical brasileiro. Ao longo de mais de duas décadas, a banda soube manter seu público inicial, ampliando-o entre novas gerações de fãs e artistas.

Para além da música, o seu legado, ultrapassa os limites da música, tendo vertentes na moda, literatura, cinema e artes visuais. A Nação Zumbi deixa uma marca importante na cultura brasileira.