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A pandemia de covid-19 está parindo uma nova onde banda de hard rock no Brasil. Depois das ótimas estreias de Spektra e e a carreira solo internacional de Alírio Netto, aparece no cenário outro nome candidato a aparecer no topo do gênero, a paulistana Nite Stinger.

É um grupo novo, mas nem tão novo assim, já que começou a ser gestado antes da pandemia por nomes já conhecidos e experientes da cena de São Paulo. E não é qualquer formação que pode ter Ivan Busic na bateria. “Fiquei honrado quando me convidaram para gravar as baterias, mesmo sendo um tipo de som diferente do que eu faço no Dr. Sin. Em princípio eu só faria as gravações, mas o clima foi tão bom que, quando eles começaram a pensar em procurar um baterista, eu me prontifiquei. Conseguirei conciliar as duas bandas,”

Experiência é o que não falta, já que todos os músicos atuam em outros grupos e também como produtores. A pandemia atravessou o rock, o que só fez a vontade de fazer a Nite Stinger dar certo, acelerando todo o processo de montagem do grupo e a gravação do primeiro disco, “Nite Stinger”, lançado neste mês de outubro.

“As dificuldades só reforçaram a necessidade de fazer algo novo e cativante para todo os membros”, afirma baixista Bento Mello, filho do titã Branco Mello e também integrante da banda de hard rock Sioux 66 como guitarrista. “Enfrentamos os tempos difíceis de isolamento e sem shows com tenacidade. E o tipo de som não poderia ser outro: celebração da vida e da música, com muita guitarra e muito rock.”

A ideia do grupo surgiu quando Bento Mello deixou o Tales From The Porn, em abril de 2019. “Falei com o guitarrista Bruno Marx, que era meu parceiro no Tales, e combinamos de fazer algo novo. A princípio, algo próximo daquela primeira leva do hard rock dos anos 1980, na linha ‘Shout At the Devil’ do Mötley, os primeiros do Ratt e do Dokken”, recordou Mello

De acordo com ele, “tínhamos um baterista em mente, Roger Katt, que hoje está no Mercy Shot. Começamos a fazer alguns ensaios, só que como o Sioux 66 estava em plena atividade e também fui viajar, demos uma segurada. Quando deu uma aliviada após o lançamento do Sioux 66 e depois que tocamos no ‘Rock in Rio’, pudemos retomar os ensaios”.

Nite Stinger (FOTO: DIVULGAÇÃO)

A escolha do nome veio, inicialmente, quando Bento Mello pensou em um cardápio de drinques. “Quando conversava com um amigo, João Piccolo, que é bartender em São Paulo, ele falou: ‘Midnight Stinger’. Passamos a nos tratar com este nome, o tempo passou, gravamos a demo e veio a pandemia. Em uma das várias conversas de forma remota, concluímos que o nome estava um pouco longo, fora a questão de termos várias bandas com o nome parecido, como Midnight Danger, Midnite City, Midnight Circus, Midnite Club, Midnight Sun, Midnight Blue, etc. Foi por isso que optamos por manter a origem, mas encurtar para Nite Stinger.

“Gimme Some Good Lovin'”, o primeiro single, é a melhor amostra do disco de estreia, que chegou sem invenções e com muita energia. A canção tem uma propulsão soberba no baixo de Mello, que impulsiona um hard rock certeiro e de caráter “californiano”. A sonoridade moderna e limpa ajuda a dissipar os temores de quem esperava um hard farofa e saturado por excessos de produção.

Aliás, produção que surpreende por ser assinada por Bento Mello e o guitarrista Roger Benet. “Foi a primeira música que fizemos já com Jack Fahrer efetivado nos vocais. Ela abre o disco e veio de uma ideia baseada em riffs de George Lynch, algo que foi saindo de um modo bem natural. Assim que a base ficou pronta, mandei para Jack e ele rapidamente mandou a melodia praticamente pronta. Ali vimos que a vibe estava certa e o time tinha tudo para encaixar”, declarou Mello.

“A música tem toda a sonoridade do hard rock do final dos anos 80, respeitando a linguagem e efeitos da época. A música fala sobre o poder de sedução de uma mulher e sua vontade de ser seduzida. Mostra a mistura das influências do Nite Stinger”, acrescentou Jack Fahrer.


 
Bento Mello evita comentar diretamente a questão de o baixo estar proeminente em quase todas as músicas, mas sorri efusivamente quando as linhas de baixo são elogiadas, especialmente em “That Feeling” e “Saturday Night”. “O balanço é essencial no tipo de som que pensávamos em fazer. Procuramos realçar os timbres dos instrumentos e colocá-los mais à frente. Ficamos satisfeitos com os resultados.”

Na audição para convidados, ocorrida na primeira semana de outubro no Metal Bar, em São Paulo, a principal característica ressaltada foi a recriação do clima hard oitentista e a interessante variação entre guitarras dobradas e guitarras gêmeas, o que remete quase que diretamente uma banca icônica dos anos 80, a Night Ranger.

“Queríamos que esse sentimento permeasse todo o disco, e acho que ‘That Feeling’ resume as nossas intenções, pois ela fala sobre algo que nos faz sentir bem e passar dos limites. O interessante é que cada um se identifique com suas experiências, explicou o vocalista Jack Fahrer.