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Na mesma semana em que um simpatizante do PT foi assassinado por um alucinado bolsonarista, a veterana banda Titãs lança seu novo single “Caos”. A mesma banda que, há quase quatro décadas, vociferava contra a polícia, colocava o dedo na ferida, dando nome e sobrenome a ditadores e seus aliados, agora canta “se hay gobierno soy contra”, em uma produção domesticada do infalível Rick Bonadio.

A canção, composta por Rita Lee, Roberto de Carvalho e Beto Lee se desenvolve através de algumas obviedades inofensivas como “sou hippie das antigas, do velho e bom paz e amor”. Paz e amor, gente? Um médico é preso por estuprar uma paciente sedada e o negócio é “paz e amor”? Mais à frente, como bem observado pelo jornalista Pedro Alexandre Sanches, uma nem tão oculta referência a Lula: “É a caterva dos cafajestes dessa subespécie e homem sapo batráquio terráqueo”. Para quem tem memória, Leonel Brizola chamou certa vez o (mais uma vez) candidato petista de “sapo barbudo”.

Nem Bolsonaro, nem Lula, os Titãs (e Rita e Roberto e Beto Lee) lavam as mãos, dizendo “ser contra tudo isso que está aí”, numa confortável postura de não se comprometer com ninguém ou com nada.

Mais certos estão os ex-titãs Paulo Miklos, que participa do jingle oficial da campanha de Lula, e Arnaldo Antunes, que ainda em 2019, cantou que o real resiste, em contraponto aos horrores dos anos bolsonaristas.