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Legião Urbana (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Um legado jogado no lixo. Não há outra forma de analisar a gestão do nome Legião Urbana sob a administração de Giuliano Manfredini, o filho adotivo de Renato Russo que conseguiu, há anos, na Justiça, o direito de administrar o espólio e a marca da banda. Por conta disso, vive em pé de guerra com os outros ex-membros da banda vivos, o guitarrista Dado Villa-Lobos e o baterista Marcelo Bonfá.

Com uma postura perversa, Manfredini tenta de todas as formas monopolizar o controle da marca, a ponto de impedir os ex-companheiros de Russo, morto em 1996, de tocar as músicas da banda em seus shows solo ou em dupla – uma vergonha institucionalizada e ratificada pela Justiça.

O mais novo imbróglio se refere a uma uma minissérie produzida pela Rede Globo, via Globoplay, de cinco capítulos sobre a história da banda, incluindo a gravação de versões de canções da Legião por uma série de artistas de vários gêneros musicais, como os punks João Gordo (Ratos de Porão) e Inocentes.

A questão não é apenas sobre a proibição da execução das músicas da banda no programa, ou a concessão da autorização para que tais canções fossem executadas. É a postura reprovável do detentor dos direitos de de saber que o Globoplay estava produzindo a minissérie e esperar até o momento da finalização da produção para anunciar que não autorizaria a execução das músicas da Legião Urbana no programa.

Esse comportamento evidencia a intenção da Legião Urbana Produções, que é a empresa controlada por Giuliano Manfredini, de inviabilizar a minissérie, já que, provavelmente, não teria controle sobre o produto final. O Globoplay decidiu interromper a produção e engavetar o que já foi feito, para decepção de fãs e dos artistas envolvidos no projeto.

Em nota enviada à imprensa, a Legião Urbana Produções, de forma lacônica, informa apenas que já havia negociado anteriormente com outra a empresa, com “exclusividade”, a produção de um “documentário”, embota não informe qual empresa e de que forma seria esse “documentário”. No futuro, segundo a nota, a empresa não descarta a possibilidade de um entendimento sobre a realização de um “novo produto” com o Globoplay.

No ano em que a banda Legião Urbana completa 40 anos de criação e 25 da morte de Renato Russo, ver um nome importante do rock nacional ser vilipendiado e objeto de uma gestão muito ruim de um legado rico chega a ser ultrajante, ainda que, “à luz da lei, torta e sujeita a interpretações que ferem o interesse de milhões de fãs”, não possa mais ser contestado.

É espantoso que Manfredini não consiga, ou não queira, reconhecer que todos só têm a ganhar ao permitir que o legado da Legião Urbana seja cada vez mais disseminado, seja por conta dos shows dos ex-integrantes da banda, seja em produtos de todos os tipos que exaltem o que o grupo fez.

Ou ele tem maneiras desconhecidas de monetizar e lucrar com o espólio da banda, ou então a paranoia e a obsessão de controle total sobre a marca são tão doentias que o impedem de enxergar que sua posição é tão danosa que prejudica o próprio nome da Legião Urbana. O Combate Rock não conseguiu entrar em contato com Giuliano Manfredini.