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A internet foi o paraíso e a desgraça dos discos piratas das décadas de 60, 70 e 80 com a proliferação de gravações não autorizadas de todos os tios de artistas – de demos toscas, shows ao vivo e material de estúdio descartado. 

Por um lado, deu acesso quase ilimitado a todo o tipo de material, fazendo a festa dos fanáticos por um ou vários artistas que possivelmente jamais teria acesso a esse material se não tivesse muito dinheiro; por outro lado, por facilitar o acesso a esse material outrora raro, desglamourizou, digamos assim, o próprio conceito de “pirata” (ou bootleg, no termo em inglês), já que agora qualquer um pode ter acesso a tudo, acabando com a exclusivamente.]

Vários selos europeus se especializaram em editar em CD, e depois virtualmente, uma série de shows e raridades de bandas de rock desde 2005, desbancando as antigas “gravadoras” piratas italianas e russas, muito mais famosas e competentes do que as chinesas, que apenas reproduziam o que já existia no mercado.

Uma das mais ativas atualmente é a Eat to the Beat, que atua na Europa e que se utiliza de brechas legais em vários países para engordar a sua série “Transmission Impossibile – Classic Broadcasting Recording”, tentando reeditar outra série de sucesso, desta vez autorizada e legal, a “King Biscuit Flower Power”, nos Estados Unidos.

Esta série americana se originou de um programa de rádio que existiu por quase 15 anos nos Estados Unidos nos anos 70 e 80 e que fazia, com autorização das bandas e das gravadoras, transmissão ao vivo de shows de rock uma vez por semana – quando não era ao vivo, gravava e exibia uma semana depois em rede por todo o país. 

Nos anos 90, muitas dessas gravações viraram CD, envolvendo bandas como Humble Pie, Triumph, Blackfoot, GTR e muitas outras.

O selo Eat to the Beat segue a mesma linha aproveitando várias brechas legais, mas sem autorização de gravações e artistas, lançando sempre álbuns triplos, seja do mesmo show, de três shows diferentes (um em cada CD) e ou coletânea de várias apresentações em longos períodos.

O controle de qualidade é deficiente, já que a especialidade é buscar transmissões de rádio novas ou antigas, oficiais ou “paralelas”, com som ruim e captação sofríveis. 

Muitas vezes a empresa, na cara de pau, chupa o áudio de vídeo de shows lançados em DVD ou no YouTube. Para os fãs, é o máximo; para os artistas, algo que gostariam de nunca ter lançado.

Peguemos o caso de The Who, que teve relançada a sua “versão” neste mês de junho. O primeiro CD é uma versão restaurada e raríssima daquele que possivelmente é o seu melhor registro ao vivo, gravado em dezembro de 1971 em San Francisco, no Estados Unidos.

O segundo CD traz na íntegra a apresentação do festival de Woodstock, em agosto de 1969, também nos Estados Unidos, mas aproveitando totalmente a gravação que o próprio Who liberou em 2019 por ocasião da celebração dos 50 anos do evento.

O terceiro CD, no entanto uma compilação de apresentações ao vivo entre 1965 e 1970 na Inglaterra transmitidos por emissoras de rádio oficiais e piratas. parte desse material já era conhecido por conta de lançamentos piratas diversos, mas outra parte nunca tinha sido editada em CD ou álbum. É um achado para os fanáticos.

No caso do blueseiro Stevie Ray Vaughan, o disparate foi além, existindo duas versões, uma om três CDs, outra com quatro, com apresentações inéditas em CD, mas já conhecidas por quem tem interesse em gravações de bootlegs.

Neste caso, o primeiro CD é uma apresentação ocorrida em Montreal, no Canadá, em 17 de agosto de 184; o segundo CD traz o show do Chicago Blues Festival (7 de junho de 1985); o terceiro disco registra a apresentação de Atlanta no dia 31 de dezembro de 1986.

Alguns especialistas consideram que os materiais de Prince, Frank Zappa e Eric Clapton são joias raras difíceis de encontrar em bootlegs, o que mostra que vale dar uma conferida nestes materiais. 

Até agora já são 85 lançamentos, com poucas repetições de artistas. A lista atualizada até o mês de maio pode ser encontrada clicando aqui.