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Marcelo Moreira

Mais uma vez os radicais islâmicos escolheram a França como alvo de sua intolerância. Os recentes ataques terroristas “individuais”, digamos assim, se ataques mostraram tão letais, espantosos e assustadores quanto os mega-atentados com vários mortos.
Os novos ataques, feitos aparentemente por indivíduos sozinhos aparentemente sem suporte de equipes treinadas, são um recado claro a quem defende as liberdades gerais: ninguém está a salvo: um lixo humano fanático ode entrar em uma igreja e esfaquear apenas uma pessoa e matá-la, mas o barbarismo estará feito, completo e divulgado.
Foram apenas quatro mortos a facadas nos dois atentados recentes em Nice e em Paris, mas o horror e a repugnância foram os mesmos, elevando alerta antiterrorismo na Europa.
Tudo isso ocorre dias antes da data que marca os cinco anos dos maiores atentados terroristas ocorridos na Europa neste século. Em 2015, a capital francesa foi alvo de ataques coordenados que deixaram quase 200 mortos.
O principal alvo foi um show de rock na casa de shows Bataclan. Durante uma apresentação da banda norte-americana Eagles of Death Metal, terroristas mataram quase 100 pessoas na plateia. 
Eram dois alvos cruciais que simbolizavam a cultura ocidental e o suposto “modo de vida”  de perdição, o rock e um jogo de futebol, no caso um amistoso entre Alemanha e França no Stade de France, que ocorria quase ao mesmo tempo do show. O ataque ao estádio fracassou.
O radicalismo islâmico sempre teve o rock como inimigo, muito embora nem de longe o Islã seja inimigo do rock, a julgar pela existência de várias bandas interessantes e importantes originadas de países muçulmanos. O problema, é claro, é o extremismo.

Uma hora iria acontecer. O terrorismo havia poupado o mundo do entretenimento nos últimos 45 anos sem motivos aparentes – o esporte, é bom lembrar, foi atacado em Munique, em 1972, durante a Olimpíada, quando militantes árabes-palestinos contribuíram para a morte de nove atletas israelenses. 

Houve quem dissesse que o fato de não ter havido um grande atentado em eventos culturais ao ar livre seria uma forma de “respeito” por parte de terroristas, que privilegiariam apenas alvos com relação direta ao seu ódio, seja ele qual for – capitalismo, comunismo, imperialismo, sionismo, intervenções diversas, catolicismo, islamismo… 
Se antes não houve uma grande tragédia em espetáculos musicais gigantes é porque faltou oportunidade ou competência aos terroristas. A quantidade de festivais de rock e de música em geral na Europa que reúnem mais 30 mil pessoas é enorme. Não seria fácil jogar um avião em meio a um estádio lotado? 
Nas redes sociais e até mesmo em alguns lugares da mídia internacional, como ocorre quando um atentado grande é perpetrado, surgem vários tontos relativizando a barbárie e condenando as vítimas, quando não comemorando. 
Aqui no Brasil surgiram aos montes na época do ataque ao Eagles of Death Metal e mesmo agora, com estúpidos inundando a internet com suas imundícies culpando as vítimas e apoiando as motivações dos extremistas.
Um jornalista francês publicou em um site de jornal do mesmo país logo após os atentados mensagem dizendo que os terroristas tinham vencido de novo, pois provocaram mudanças no comportamento dos cidadãos.

A indigência intelectual desse imbecil e de outros que relativizam as coisas – como aqueles que insistem em ficar comparando o tamanho dado pela imprensa às várias tragédias da atualidade – não pode turvar a visão para a realidade simples e crua: a vida sempre continua e as sociedades vítimas dos ataques se reerguem mais fortes do episódios, para desespero dos lixos humanos que apelam para o terror. 

U2 e Foo Fighters cancelaram apresentações em Paris na época, o que foi um efeito colateral desagradável, sem dúvida, mas apenas um acontecimento circunstancial, adotado por medidas de segurança. O terror não impediu a realização dos eventos, apenas os adiou.

Para nossa sorte, o terror não esse poder. Assusta, aterroriza, mas também fortalece e aumenta o espírito de resistência. E o maior símbolo disso será o boneco gigante Eddie empunhando as bandeiras no palco do Iron Maiden, após sair de um campo de batalha. 

E o maior tributo às vítimas dos atentados de Paris, em especial às que morreram na casa de shows Le Bataclan, foi o retorno da banda norte-americana Eagles of Death Metal à cidade para tocar, tempos depois, dividindo o palco com o U2.
Os shows, festivais e jogos de futebol continuarão cheios pela Europa e do mundo. O horror não vencerá. Continuaremos indo a shows, a restaurantes e a jogos de futebol. Nós venceremos no final.