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Paulo Freire (FOTO: REPRODUÇÃO/TV CULTURA)

Estudar é um ato revolucionário. Aprender e transmitir conhecimento são atos subversivos. Essas posturas nunca foram tão atuais e necessárias como nestes tempos de trevas, em que o fascismo espreita a sociedade brasileira e a ignorância se torna política de governo.

No centenário de nascimento de Paulo Freire, o mais importante intelectual brasileiro do século XX, seus ensinamentos se tornam cruciais para combater o autoritarismo, o fascismo e as constantes depredações da educação em nosso país.

Sua importância é tão grande para a educação brasileira que ultrapassa qualquer homenagem ou título que tenha recebido. É impossível conceber a sociedade brasileira, a política brasileira e a evolução de nossa história sem passar pelos seus livros e pelos seus ensinamentos.

Lá nos longínquos anos 80, no meu colegial e no meu cursinho pré-vestibular, os professores Valter Roitman, Everaldo e Valdevino já receitavam: leia Paulo Freire ao som de “Street Fighting Man”, dos Rolling Stones, ou “Ohio”, de Neil Young, ou até mesmo “Imagine”, de John Lennon – que completa 50 anos em 2021 – para ter uma noção importante de como funciona o mundo e de como podemos mudar o mundo?

“O que pode fazer um garoto pobre a não ser cantar em banda de rock’n’roll?”, questionava Mick Jagger na emblemática “Street Fighting Man”. Para Paulo Freire, segundo seus métodos de ensino, pode tudo, desde que tenha acesso a ensino público de qualidade e de conscientização.

Esqueça qualquer lixo vomitado por Jair Bolsonaro e os lixos vagabundos que o apoiam – e veneram. Paulo Freire é reverenciando no mundo todo como um dos maiores cientistas sociais, educadores e intelectuais do século XX. É reverenciado por gente conservadora e neoliberal, que reconhece o valor de seus pensamentos e ensinamentos.

Entre os roqueiros, foi lido e estudado por gente como Jello Biafra (ex-Dead Kennedys) e Zack de la Rocha (Rage Against the Machine), que passam para frente suas teorias. Não é à toa que o Rage Against the Machine, banda engajada, gravou uma versão incendiária de “Street Fighting Man”.

Paulo Freire incomoda até hoje, quase 25 anos depois de sua morte, porque é revolucionário, é libertador e é contestador. Espanca o conservadorismo de tal forma que não deixa nada de pé. Coloca o neoliberalismo contra a parede e e expande a conscientização para além de todos os limites.

Paulo Freire ensinou a pensar e o valor da informação. Mostrou que é possível sair do lugar comum e valorizar o ser humano fora dos círculos de poder. É revolução pura. É subversivo e totalmente fora dos padrões de uma sociedade escravocrata e elitista, incapaz de perceber que seu conservadorismo hipócrita e nocivo coloca a perder seus ganhos e seu próprio poder.

Paulo Freire assustou e assombra porque mostra que é possível entender o mundo de outra forma e de que consolidar novas estratégias de construção social e econômica, em que a miséria pode deixar de existir. Mas como erradicar a miséria sem eliminar a ganância e o egoísmo?

Paulo Freire é um exemplo de inteligência, tolerância e de esperança. E a esperança é revolucionária, dizia ele em sua aulas. A esperança é subversiva, como a educação. Abala estruturas e muda o mundo. Seus ensinamentos são importantes armas contra o fascismo e o autoritarismo, ou seja, servem de instrumentos poderosos contra o bolsonarismo nefasto que empesteia a nossa sociedade.