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 Marcelo Moreira

Sepultura, de novo… (FOTO: DIVULGAÇÃO)


Cadê o Guns N’Roses e o Metallica na lista do “rock” das atrações do Rock in Rio? A ideia não é garantir público, jogar na bola de segurança?

Soamos repetitivos, eu sei. Afinal, não existe Rock in Rio sem Sepultura, não é? Com tambores do Bronx, do Olodum, do Pelourinho, com ou sem Zé Ramalho e agora com orquestra.

Iron Maiden? Já tem cadeira cativa. É quase impossível apontar uma edição sem os ingleses ou a principal banda de rock brasileira.

Ok, teremos o Megadeth, deveria ter tocado em 2019 se não fosse o tratamento da doença do guitarrista e vocalista Dave Mustaine. Dream Theater é uma “novidade”, mas, assim como o Megadeth, é atração obrigatória nos palcos brasileiros neste século.

Nós, jornalistas, cobramos muito do Rock in Rio. O tamanho que o evento ganhou nos obriga a isso. Por mais que suas características tenham mudado, com cada vez menos rock e cada vez mais qualquer coisa, de roda gigante e astros do rap, é obrigação nossa pedir sempre por mais rock, e cada vez por mais boa surpresas, como The Who, em 2017, e King Crimson, em 2019. 

Certo, esse é apenas o dia do metal, o primeiro dia, uma quinta-feira da edição de 2021, e certamente outras atrações poderão surpreender. Mas o chamado “dia do metal” no palco mundo indica que, se houver alguma, a surpresa na escalação não será impactante – ou tão impactante.

Queremos mais, sempre mais. O festival, aliás, deveria ser mais ousado no rock e ambicionar sempre mais. Marcou um golaço com The Who, mas perdeu as oportunidades de trazer Van Halen enquanto era possível. 

Sobraram poucas e boas opções com tamanhos compatíveis com a grandeza do evento. E então tomemos o mesmo Iron Maiden de sempre, que está divulgando mais um disco ao vivo, desta vez gravado no México. Não haverá tempo de lançar um CD novo antes do festival…

Sempre é bom ver o Sepultura e sua ânsia por novidades e por fazer diferente, ainda mais quando se está trabalhando por um álbum extraordinário como “Quadra”, que a epidemias fez o favor de interromper na questão dos shows. 

Por outro lado, a cadeira cativa da banda brasileira incomoda um pouco. Só existe o Sepultura no rock pesado nacional, a ponto de ser escalado em todas as edições exceto a de 1985?

O rock e a música são apenas um dos ingredientes de um evento mega super gigante – uma pena para quem valoriza a arte e até o entretenimento em detrimento dos negócios puros e simples. As coisas mudaram e não retrocederão, mesmo que devessem, e só um pouquinho.

Que pelo menos, nos dias em que também houver rock – torçamos para que isso ocorra -, tenhamos nomes que faça jus ao palco majestoso daquele que possivelmente dever ser o principal festival musical do mundo da atualidade.