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 Naquela nação infeliz chamada Brazilândia, o governo é chefiado por um jumento com o suporte de gorilas militares. Enquanto isso, não existe pandemia nem covid-19 já que, no Evangelistão, “Jesus te protege da aglomeração”…

Dorsal Atlântica e Ratos de Porão não aliviaram na crítica sociopolítica da época mais perigosa e de trevas da vida brasileira desde a Segunda Guerra Mundial. 

Se a ditadura militar implantada em 1964 não passou de uma “quartelada” de militares analfabetos –  Brasil era um país pouco acostumado à democracia -, hoje estamos à beira de um retrocesso medieval. E o rock extremo underground tem feito a sua parte com a contundência de sempre.

Assim, louvemos “Pandemia”, grande disco da Dorsal Atlântica do ano passado que criou uma ópera metal fazendo uma analogia direta com o Brasil atual. Em clima de sátira, a banda narra o cotidiano da corrupta Brazilândia governada por um jumento – uma das canções é “Burro”, autoexplicativa.

“Necropolítica”, dos Ratos de Porão, é a mais feroz crítica aos tempos atuais, com ataques a parlamentares, presidente, governadores e a todo tipo de fascista e conservador. 

“Aglomeração”, que bate firme no negacionismo científico e na religião, e “Alerta Antifascista” são as pancadas mais contundentes. Uma devastação que demole o mundo bolsonarista fascista.

No campo punk, mesmo sem canção nova, é sempre bom ouvir Ação Direta, cada vez mais hardcore e thrash metal batendo sempre nos inimigos da democracia e da liberdade. 

“Nunca Mais” e “Pesadelo” são hinos fortes que nos mostram que a vida sem luta não vale a pena ser vivida – e deixam claro que precisamos cada vez mais e mais lutar contra as trevas e os retrocessos.

Na mesma pegada temos os paulistanos dos Subalternos fazendo o punk rock tradicional com pegada política antifascista e de viés social. Estão apresentando em primeira mão o single “Injustiça” na Inglaterra percorrendo um circuito valorizado de festivais do subgênero.

Também na Europa excursiona outra banda paulista, a Asfixia Social, que transita na mesma praia dos Subalternos, cm muita crítica social e algum tipo de otimismo, ainda que cauteloso. “Opressor” e “Assassinos Sociais” pegam pesado e são algumas das canções amis recentes.

De Santos (SP) vem o Surra demolindo tudo em canções totalmente políticas e engajadas, misturando hardcore, thrash metal e grindcore com uma violência poucas vezes vista em palcos brasileiros. “Escorrendo Pelo Ralo” é seu melhor trabalho e destila ira em todos níveis.

“Parabéns aos Envolvidos” explode as cabeças e dá nomes a todos os bois, mas a mensagem da música mais recente, “Mísseis Democráticos”, é certeira e tem tudo a ver com o que estamos vivendo, além de nos alertar para os perigos fascistas que nos espreitam. 

No mercado maistream, das grandes bandas artistas, não dá para não citar Anitta declarando oposição de forma explícita e voto em Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao mesmo tempo que os Titãs, ainda que de forma tardia, aparece com uma ótima canção, “Caos”, de inspiração anarquista. É uma música que remete aos melhores momentos dos anos 80 da banda, sarcástica, bem-humorada, mas direta e reta.

Depois de larga exposição política e explícita, os Detonautas Roque Clube deram um tempo e seu vocalista, o carismático e articulado Tico Santa Cruz, tem se dedicado mais a conversas de bastidores e formas de construir pontes com as parcelas possíveis de diálogo dentro da direita não raivosa.

Entretanto, entre 2019 e 2020 a banda enfileirou uma série de singles cáusticos e encharcados de sarcasmo explicitando como o governo incompetente e extremista de Jair Bolsonaro e seu entorno corrupto são lesivos e repugnantes. Todos foram reunidos em um álbum, que ganhou título de “Álbum Laranja”.