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O selo Sesc dá sequência ao projeto de lançamento de EPs da coletânea “Viola Paulista”. A terceira edição já está no mercado e nas plataformas digitais. 

Nomes importantes do instrumento como Ricardo Anastácio, Zeca Collares, Fernando Deghi e Ricardo Vignini, representantes de Sorocaba e região, estão no terceiro EP do álbum, que está em seu segundo.
A iniciativa faz um mapeamento do instrumento no estado de São Paulo e tem a curadoria de Ivan Vilela e reúne, ao todo, 20 artistas.
Da dupla Tião Carreiro e Pardim, sucesso nos anos 1960 ao eternizar o pagode de viola – variante da música sertaneja brasileira marcada pelo ritmo diferente com toque aperfeiçoado do violão e da viola caipira juntos -, ao grande violeiro e compositor Almir Sater no elenco de novela na década de 1990 – que ajudou a popularizar o instrumento -, a viola é o símbolo do Brasil sertanejo que canta e dança. Muito popular no interior do país, em especial na região Centro-Sudeste, o instrumento se consolidou como um movimento cultural.

Para traçar o mapa etnográfico do uso do instrumento no estado de São Paulo, celeiro de grandes músicos, compositores e de inúmeras orquestras de viola caipira, o Selo Sesc convidou o professor, músico, compositor e um dos principais pesquisadores de cultura popular e da viola caipira no país, Ivan Vilela. 

O projeto começou em 2018 com o lançamento da primeira edição de “Viola Paulista” (Selo Sesc), que apresentou ao público as múltiplas sonoridades deste instrumento, seja em faixas instrumentais ou cantadas, com artistas e grupos muito diversos, mas que têm em comum a paixão pela história e pelo som da viola.

Em 2021, a gravadora do Sesc São Paulo está lançando a segunda coletânea de “Viola Paulista” com a participação de 20 violeiros e violeiras que já têm uma carreira consolidada junto ao público e à cena musical.  

O lançamento da segunda coletânea está dividido em cinco EPs. Cada um deles dá voz a diferentes sotaques do instrumento no estado. Agora, o terceiro EP traz quatro tocadores da região de Sorocaba, e chega às principais plataformas de streaming no dia 3 de março, incluindo na plataforma Sesc Digital, que oferece o conteúdo de forma gratuita e sem necessidade de cadastro. Para ouvir, acesse aqui .

‘Cigarrim de paia, pinga com cataia; Viola de faia, ai é bão demais sô’. A letra é de Ricardo Anastácio que, em interpretação solo, toca e canta no disco a sua “Isso é bão demais”. Uma música carregada de uma sonoridade muito paulista caipira com raízes no tropeirismo. 

Nascido em Assis, no Vale do Paranapanema, região oeste do estado paulista, e radicado em Votorantim, onde dirige orquestras de viola, assim como na vizinha cidade de São Roque, Ricardo já transitou por diversos segmentos da música instrumental brasileira no período em que dedicou-se ao violão clássico. 
Professor e tocador de viola, tem livros publicados sobre aspectos da Cultura Caipira e do Nheengatu – língua com origem no tronco linguístico Tupi-Guarani e muito falada durante a formação do universo cultural caipira tanto por indígenas, como por não-indígenas.

Compositor notável e tocador de viola que traz a sonoridade do Norte de Minas para o universo da viola paulista, Zeca Collares é professor do Conservatório de Tatuí e vive em Sorocaba. Junto aos músicos Fábio Gouvea (guitarra) e Cleber Almeida (percussão), ele gravou sua composição autoral “Mirando a Mira”. 

Em suas composições vocais e instrumentais, ele apresenta uma fusão entre a música de raiz brasileira, jazz o barroco, e elementos contemporâneos. Com mais de vinte anos de carreira e oito discos lançados, já dividiu o palco com grandes nomes, como Hermeto Pascoal, Duofel e Pena Branca e Xavantinho, só para ficar nestes exemplos.

Reconhecido compositor e exímio tocador de viola, de técnica muito apurada, Fernando Deghi, com passagem pelo violão clássico, também é afinador de pianos. 

Para o álbum Viola Paulista – Volume 2, ele gravou a sua peça instrumental “Navegares”, composição que resgata um pouco da sonoridade dos violonistas paulistas dos anos 1950, como Paulo Vanzolini. Atualmente Fernando Deghi mora em Portugal, onde se dedica ao projeto de mestrado no Instituto Politécnico de Castelo Branco. Por lá, também tem trabalhado com construção da viola beiroa, típica da região portuguesa que faz fronteira com a Espanha.

Completando o time de violeiros do EP 3, Ricardo Vignini é um dos protagonistas de um grupo de músicos que trabalha a viola caipira na vertente do rock. À viola de corpo maciço que utiliza nos shows incorporou pedaleiras e eletrificou o instrumento. Músico com olhar à tradição e a modernização, é o violeiro “guitarrista” da banda Matuto Moderno, que há 20 anos mistura música caipira com rock.

Repertório EP 3

ISSO É BÃO DEMAIS (Ricardo Anastácio)

Músico: Ricardo Anastácio (viola e voz)

Afinação: Cebolão em mi

MIRANDO A MIRA (Zeca Collares)

Músicos: Zeca Collares (viola), Fábio Gouvea (guitarra) e Cleber Almeida (percussão)

Afinação: Cebolão em ré

NAVEGARES (Fernando Deghi)

Músico: Fernando Deghi (viola)

Afinação: Coimbra terça abaixo

AMÁLGAMA (Ricardo Vignini)

Músicos: Ricardo Vignini (viola), André Rass (percussão) e Ricardo Carneiro (guitarra)

Afinação: Cebolão em ré