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Uma nova identidade, como se fosse uma nova encarnação. Para muitos artistas da úsica, é necessário diversificar para expandir os horizontes e demarcar os limites entre as personas. Dois brasileiros com carreiras internacionais levaram a cabo essas regras para divulgar seus novos trabalhos e conseguiram resultados expressivos – Alírio Netto e BJ, dois extraordinários cantores e multi-instrumentistas.

Alírio consolidou a sua carreira internacional ao integrar o Queen Extravaganza como vocalista principal – é o único tributo mundial ao Queen avalizado pelos integrantes remanescentes.

O terceiro álbum solo era inevitável e eis que surge “All Things Must Pass”, que já está em todas as plataformas de streaming. É o primeiro álbum de Alírio lançado internacionalmente pela gravadora italiana Frontiers Music.

Por uma questão mercadológica, Alírio Netto é o cantor do Shaman e do Queen Extravaganza. Pra a carreira internacional solo, é Alírio, com uma nova identidade visual e um logotipo muito bacana.

Se no primeiro disco solo, “João de Deus”, Alírio Netto esboçava um mergulho pelo pop rock e em ritmos brasileiros, em “All Things Must Pass” ele expande as possibilidades abraçando uma sonoridade mais clássica e acessível, mas encharcada de rock. É gostoso de ouvir.

“Grey” é um dos pontos altos do disco, com a participação do atual vocalista do Journey, Arnel Pineda. É uma canção suave e delicada, características que aparecem com frequência no trabalho de Alírio. Outra que chama a atenção é “Back to the Light”, com a participação do baixista e vocalista Andria Busic, do Dr. Sin.

“Let It All Burn” e a faixa-título são canções fortes e investem mais no rock clássico, ainda que os arranjos belos mostrem que o álbum está revestido de uma sofisticação rara nestes temos em que a urgência é a principal regra do jogo. Neste aspecto, “Gypsy” é um bálsamo, abrilhantada pela presenta da cantora Livia Dabarian, mulher de Alírio.


O talentoso BJ, veterano do rock brasileiro e da noite paulistana, surgiu com força na banda Tempestt para depois decolar e se tornar um dos mais preciosos colaboradores do cantor norte-americano Jeff Scott Soto, seja como tecladista ou como violonista, além dos vocais de apoio.

Suas atividades agora incluem o vocal e a liderança da banda Spektra, que reúne um time de músicos experientes e excelentes. Com um contrato internacional com a Frontiers, acabou de lançar o CD “Overload”, uma boa coleção de hard rock e rock clássico. formação da Spektra conta com músicos de renome internacional como BJ (vocal), Leo Mancini (guitarras), Edu Cominato (bateria) e Henrique Canale (baixo).

“Namoro a Frontiers Records desde quando comecei a trabalhar com o Jeff Scott Soto. Eles sempre quiseram um trabalho autoral meu e deram total liberdade para a escolha dos músicos que formariam a banda. Só escolhi amigos e músicos competentes demais, que me conhecem perfeitamente”, disse BJ.

O músico garante que vai sobrar espaço e tempo para o Spektra, que terá a sua prioridade nestes tempos de pandemia. é o que espera diante de uma estreia muito boa em álbum.

“Overload”, a canção, reúne todas as qualidades que fizeram o hard rock explodir a partir dos anos 80. Com influências diretas de Talisman, Jeff Scott Soto (que faz os vocais de apoio) e Gotthard, é um tremendo rock de arena, grandioso e com ótimo refrão, assim como as guitarras de Mancini.

“Just Because” vai pelo mesmo caminho, mas abusa um pouco mais do tom épico, à la Europe, em que as vozes dobradas e cheias conferem um aspecto mais clássico à canção. De novo os vocais de BJ são magistrais, mostrando versatilidade e muita variação.

Com o devido padrão de qualidade das produções da Frontiers, o disco oferece um hard rock de linha europeia, mas com um groove bem característico do rock nacional tipo exportação. 

O produtor é o italiano Alessandro Del Vecchio, também responsável pela maioria dos teclados, só que é perceptível o dedo de BJ em algumas passagens, como na agressiva “Running Out of Time”, que é rápida, concisa e reta, mas com linhas de guitarra contagiantes. 

Há outras canções bem interessantes, como “Forsaken” e “Back into Light”, que trazem um hard mais trabalhado, com as guitarras comandando e oferecendo um tipo de música datado, ams extremamente coerente com o trabalho em questão.

O Spektra é uma das novidades mais bacanas deste ano esquisito de 2021 e já estreia ultrapassando a alcunha de banda promissora. Já é uma grande realidade para o rock nacional.