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Algo me diz que Neil Young e Joni Mitchell tinham razão. Depois de os dois artistas canadenses exigirem a retirada de suas músicas da plataforma Spotify – seguido por outros artistas -, a empresa anunciou que fez um “rastreamento” em decidiu eliminar 100 episódios de um dos podcasts mais ouvidos no mundo, o do comediante Joe Rogan. Basicamente, o que sai do ar tem a ver com insultos racistas vários tipos de preconceitos. Quem é que tem coragem de ouvir um lixo desses?

O Spotify foi acusado de apoiar teses negacionistas e de apoio a entidades e médicos antivacinas que participaram do podcast. Young e Mitchell protestaram publicamente e exigiram que suas músicas fossem retiradas da plataforma.

Quando os artistas protestaram contra esse comportamento do apresentador, o Spotify silenciou e, depois, manifestou apoio a Rogan, com seu presidente, Daniel Ek, ironizando a atitude de Youg e Mitchell.

A repercussão foi péssima. Muita gente decidiu cancelar assinaturas e em uma semana o valor de mercado da empresa caiu US$ 2 bilhões (quase R$ 12 bilhões).

Parece que a decisão de “reavaliar” alguns conteúdos veio tarde demais,. A imagem do Spotify está manchada e ainda sofre com campanhas de boicotes de usuários e artistas.

Rogan tem um contrato de exclusividade com a plataforma digital, que pagou algo em torno de US$ 100 milhões para isso. É o podcast mais ouvido do mundo.

O comediante/apresentador publicou um pedido de desculpas neste sábado (5) por usar insultos racistas em seu programa. Episódios retirados foram gravados antes da pandemia, segundo a revista Forbes. Spotify não deu explicações.

Daniel Ek é o mesmo empresário que chamou os músicos de preguiçosos por conta das reclamações sobre os baixíssimos valores pagos aos artistas pelas execuções de suas músicas. “Se querem ganhar mais, precisa compor mais e gravar mais”, disse o executivo, gerando uma onda de críticas pesadas.

Ek afirmou dias atrás que o podcast de Rogam é vital para a empresa e explicou a seus funcionários que, apesar de considerar “muito ofensivas” e estar “fortemente em desacordo” com “muitas coisas” que o apresentador diz, “para alcançar suas metas, a plataforma deve manter conteúdos com os quais muitos de seus funcionários não querem ser associados, de acordo com um discurso vazado na quinta-feira (3) pelo site The Verge.

O programa de Rogan motivou protestos de artistas que não concordam que o Spotify mantenha um podcast com desinformação e mentiras sobre a Covid-19 e vacinas, que reconhecidamente são eficazes contra a doença. Ele tem histórico de falas preconceituosas, com racismo e transfobia, e também de informações falsas.

Ainda segundo a revista Forbes, não se sabe ao certo quais os episódios que foram retirados, mas alguns que contêm entrevistas com médicos atacando as vacinas continuam no ar.

Não é o ideal, mas pelo menos o Spotify parece que está tentando manter alguma fiscalização sobre o conteúdo desse podcast nojento. Mas não nos enganemos: a empresa já deixou claro que investiu bastante e que vai manter a atração no ar apesar dos protestos e dos boicotes. A pressão tem que continuar.