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 Marcelo Moreira

Suricato (FOTO: RENAN OLIVEIRA/DIVULGAÇÃO)


Novos tempos, novas oportunidades. As mudanças provocadas pela pandemia de covid-19 mostraram que a atualidade é um momento de apostas para uns, de reavaliação para outros e de profunda reflexão para todos. Ninguém ficou indiferente e ninguém passará incólume.

Rodrigo Suricato está no time daqueles que estão enxergando as novas oportunidades e que tratam de se adaptar ao máximo possível ao mundo pandêmico e de pós-pandemia. 

De forma equilibrada e planejada, não perdeu tempo e lançou um álbum ao vivo em carreira solo gravado durante uma live feita em um estúdio, ao estilo “one man band” (banda de uma pessoa só), recuperando uma verve folk que estava apenas esperando uma oportunidade para renascer.

“Suricateando” foi a forma de o cantor e multi-instrumentista retomar um projeto que gosta bastante de levar a cabo e que estava adormecido por conta de suas atividades como vocalista do grupo Barão Vermelho – já são quatro anos ocupando o lugar que foi de Roberto Frejat. Escute o álbum em https://umusicbrazil.lnk.to/Suricateando

Como o próprio músico diz, é um disco que reúne memórias afetivas e que revelam muito a formação de Rodrigo Suricato enquanto músico solo – é o seu quarto disco.

 
“É um disco sobre minha memória afetiva. Esse repertório ficou ainda mais sensível com a impossibilidade de encontrar minha família e os amigos”, conta o artista. 
Em sua memória, tanto Roupa Nova quanto Jimi Hendrix têm lugar cativo na sua formação musical. “Todas essas canções são a trilha sonora das principais famílias que conheço, por isso levo-as muito a sério. É um presente para que meus amigos ouçam em casa.”
Suricato cantou e tocou como faz em casa – sem recurso de afinação de voz, sem obedecer um andamento, com despojamento de um bardo folk  – alguém falou em Peter Seeger, Neil Young, Oswaldo Montenegro, Zé Geraldo? Todas as sete canções foram produzidas por Suricato e masterizado em fita analógica.
“Michael Sulivan, autor de ‘Deslizes    , adorou a versão que fiz, fiquei orgulhoso. Ele disse: ‘de modo suave você sacode o mundo'”, contou entusiasmado.
E o artista mantém o entusiasmo ao falar de seu momento atual como artista. “Percebo que estamos em um momento em que a arte se renova, onde a arte de performance ganha novo significado.Com logística mais fácil e custos mais baixos, estamos entregando produtos de qualidade e afinando o contato com os fãs. A interação aumentou, ficou mais democrático e o acesso ao artista, via comentários, ficou mais fácil. Precisamos aproveitar essas possibilidades.”
Não se trata de menosprezar os shows com público presencial, mas de buscar outras chances de fazer o produto chegar aos fãs de forma ágil, rápida e de qualidade.
Saturação do formato live pode indicar que teremos de buscar outras alternativas? Suricato prefere a cautela quanto a essa questão. “É preciso oferecer um pouco mais e coisa nova. Live por live já temos todos os dias e aos montes. É necessário variar e oferecer coisas diferentes. Tocar um disco inteiro, por exemplo, ou um show cronológico, com entrevista, respondendo aos fãs.”
Frenético ávido pelo trabalho, já começa a vislumbrar os próximos passos, com o planejamento de um novo álbum solo com banda e a retomada dos trabalhos com o Barão Vermelho.
Quando fala da banda, não consegue evitar o orgulho e um certo deslumbramento de participar de um combo que é a própria história do rock nacional. A palavra que define os seus quatro anos como vocalista e guitarrista é coragem e mostra claramente o prazer que sente nesta fase da carreira.
“Não deixa de ser um ato de coragem entrar no Barão e dar continuidade a uma história rica e de excelência. Maurício Barros e Guto Goffi me deram confiança e apoio irrestritos para não apenas substituir Roberto Frejat, mas para imprimir uma marca que diferencie a nova fase. Não poderia estar mais feliz e contente”, diz o músico.