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Julia Lage e Bruno Valverde durante um ensaio do Smith/Kotzen (FOTO: ARQUIVO PESSOAL/FACEBOOK)

Uma banda meio brasileira dando suporte a dois gênios da guitarra. E a banda voa, produz um som imponente, gordo e que empurra tudo para frente. A coisa flui de tal forma que as performances ao vivo não poderiam ser melhores. 

Com a pandemia adiando os planos do Iron Maiden para o segundo semestre, o projeto Smith/Kotzen virou banda, e com um potencial enorme para crescer ainda mais, se as agendas dos músicos permitirem.

Adrian Smith (Iron Maiden) e Richie Kotzen terminaram uma rápida turnê pelos Estados Unidos e já embarcaram para a Inglaterra para uma série de shows concorridíssimos, com fartos elogios pelos shows já realizados e pela escolha cirúrgica da “cozinha”: Julia Lage (baixo, mulher de Kotzen) e Bruno Valverde (bateria, da banda Angra).

Diante do prolongado hiato que o Angra se autoimpôs, Valverde decidiu enveredar por outros caminhos se aventura por Los Angeles, onde fixou residência. Logo chamou a intenção da movimentada cena californiana de rock, recheada de brasileiros, entre eles Kiko Loureiro, guitarrista do Megadeth e ex-companheiro de Angra.

O baterista brasileiro já não é mais uma promessa, ainda que seja bem jovem. A consistência mostrada nos discos “Secret Garden” e “OMNI” lhe deram estofo para emprestar seus talentos a uma série de artistas e a brilhar no recente disco solo de Loureiro, “Open Source”.

Em Los Angeles, com os contatos certos, atraiu os olhares de muita gente, embora não fosse exatamente um desconhecido. Julia Lage já sabia de quem se tratava e recebeu muito boas indicações de amigos roqueiros sobre o virtuoso baterista do Angra. O entrosamento entre ambos foi imediato e a recomendação do moleque brasileiro ao maridão foi apenas uma consequência.

No palco, aparentemente, Valverde tem menos liberdade do que o Angra, já que o hard rock do Smith/Kotzen é mais reto e menos expansivo.

No entanto, totalmente focado, dá uma segurança invejável para que os astros da guitarra voem sem preocupações. Parece que o garoto brasileiro foi feito para tocar com os dois ases do rock mundial.

É uma responsabilidade grande, pois os dois trabalhos da banda, lançados no ano passado – um álbum e um EP – frequentaram as listas de melhores do ano de muitas publicações pelo mundo, entre elas o Combate Rock.

A agenda do Smith/Kotzen está bem chia até meados de abril, quando Adrian Smith deverá voltar as atenções para o Iron Maiden, que finalmente fará uma turnê mundial no segundo semestre após dois anos parados por conta da pandemia.

Richie Kotzen, por sua vez, tem compromissos com a Winery Dogs, banda que mantém ao lado do baixista Billy Sheehan (Mr. Big, Sons of Apollo) e Mike Portnoy (Sins of Apollo, Transatlantic, ex-Dream Theater). 

Também quer retomar trabalhos solo ainda neste ano, nos quais a mulher e Valverde estão inicialmente incluídos. mas isso vai depender do desenvolvimento da carreira solo de Julia e dos trabalhos da banda da qual é integrante, a Sister Knot.

Ainda assim, os fartos elogios que tem recebido e uma “forcinha” dos dois atuais “patrões” devem colocá-lo na frente da prateleira musical norte-americana para toda e qualquer tipo de colaboração e participação especial.

Bruno Valverde é o que de melhor o rock nacional produziu neste século, o que mostra o faro apurado para talentos de Kiko Loureiro e Rafael Bittencourt quando o selecionaram para o lugar de Ricardo Confessori no Angra. 

O mesmo é possível dizer de Kotzen e Smith, que não titubearam em puxá-lo para as apresentações ao vivo neste ano. Da forma como tem agradado aos “patrões” e ao público do Smith/Kotzen, dá para garantir que o baterista brasileiro será uma presença certa nas gravações do próximo disco da dupla de guitarristas, que devem ocorrer no final de 2023, com o fim ou intervalo da turnê mundial do Iron Maiden.