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 Marcelo Moreira

Pandemia é uma palavra que tão cedo não será esquecida pela humanidade. Entre as áreas da economia e do cotidiano afetadas, nenhuma foi mais prejudicada do que a cultura/artes/entretenimento. E é claro que um dos eventos mais importantes de nossa cultura, o In-Edit – Festival Internacional do Documentário Musical – sofreu profunda alterações em 2020.

Em vez de confortáveis salas de cinema, os filmes serão exibidos em streamiong, em uma plataforma própria do festival, que inclui a Competição Nacional, a Mostra Brasil, as seções Brasil.Doc e Curta um Som, além de Sessões Especiais. O evento, que acontece de 9 a 20 de setembro, pela primeira vez será online com acesso em todo território nacional. 

A programação conta com mais de 50 filmes nacionais e internacionais inéditos no circuito comercial e serão exibidos na plataforma do festival in-edit-brasil.com e também através de plataformas parceiras.

O In-Edit Brasil oferecerá documentários a R$ 3,00 e gratuitamente. Os interessados poderão comprar pacotes de tíquetes com desconto. Todo dinheiro arrecado pelo Festival irá em solidariedade aos trabalhadores do setor audiovisual que ficaram sem recursos financeiros nesta época de pandemia.

Além dos filmes nacionais, o festival apresenta a Mostra Portugal, em parceria com o Instituto Camões e a Embaixada de Portugal, com uma seleção dos documentários musicais recentes mais destacados do país.


“Com o forte crescimento da economia portuguesa, a oferta de documentários musicais no país tem crescido como nunca. Para a ocasião, foram selecionados 5 documentários o biopic sensação do ano: “Variações” que terá sua pré-estreia no festival”, como conta o diretor artístico do In-Edit Brasil Marcelo Aliche. 

Para complementar a programação, o 12º In-Edit Brasil ainda traz Master Class, Lives com os diretores e shows exclusivos.

Na parte nacional e filmes portugueses, selecionamos três destaques. O primeiro é “Zé Pedro Rock’n’Roll”, de Diogo Varela Silva. Zé Pedro é um dos nomes mais influentes do rock português. Tocando em sua banda Xutos e Pontapés, inspirou gerações e criou um estilo. Esse documentário retrata um pouco o seu estilo de vida.


“Nada Pode Parar os Autoramas”, de Bruno Vouzella e Manoel Magalhães, traça um panorama sobre a carreira de um dos ícones do rock underground brasileiro, os Autoramas, banda carioca carismática e inteligente. 

O ano era 2003. Sem grana, sem gravadora e com a ajuda de bons amigos, um das bandas mais emblemáticas bandas do rock no Brasil, os Autoramas, lembra o período em que gravou seu terceiro álbum, “Nada Pode Parar os Autoramas”, tudo entremeado pelos “causos” do guitarrista e vocalista  Gabriel Thomaz.

“Faça Você Mesma”, de Letícia Marques, é mais direto e conta a história das Riot Grrrls, bandas de rock femininas que se posicionam claramente, na vida, na música e na política, no Brasil e no mundo.


Entre os estrangeiros, “My Darling Vivian”, de Mattt Riddlehoover, ganha proeminência. Depois do sucesso do filme “Johnny and June” (“Walk the Line” nos Estados Unidos), que narra a vida de Johnny Cash e de sua segunda mulher e parceira de palco June Carter, as filhas do primeiro casamento de Cash decidem contar sua versão dos fatos e fazer justiça no papel de sua mamãe, Vivian, que sempre viveu à sombra do cantor country.

 “Rebel Dread”, de William E. Badgley, narra a vida do DJ e diretor inglês Don Letts, nome fundamental da música underground, do reggae, do dub e de muitos outros gêneros musicais nos anos 80. Filho de imigrantes jamaicanos, cresceu na Swinging London, mergulhou de cabeça no furacão punk e introduziu o reggae no movimento que acabava de nascer. 

“Sarajevo: State in Time (A Story of Laibach & NSK)”, de Benjamin Jung e Théo Meurisse, busca contar uma história curiosa: durante a guerra da Iugoslávia, nos anos 90, a banda eslovena Laibach (rock industria/alternativo) decidiu fazer uma apresentação em Sarajevo e dar continuidade ao projeto NSK (Nova Arte Eslovena).

“White Riot”, de Rubika Shah, mistura política e arte, mostrando a importância da resistência ao autoritarismo. Nos anos 1970, os ultradireitistas da Frente Nacional estavam enfronhados no governo inglês do Partido Conservador e e muitas estrelas do rock andavam flertando com o racismo e o fascismo, como Bowie, Clapton, Rod Stewart e outros. 

Foi então que Red Sounders e seus comparsas decidiram fazer frente ao fascismo e debater as leis de imigração e o papel da mulher na sociedade. Apoiado por The Clash, Sham 69, Steel Pulse, Tom Robinson e outros eles conseguiram virar o jogo. Esta é a história do movimento Rock Against Racism.

Serviço:

In-Edit Brasil – 12º Festival Internacional do Documentário Musical

De 9 a 20 de setembro

www.in-edit-brasil.com

@ineditbrasil