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Um clipe, uma música bacana, várias ideias e uma homenagem. Duas instituições do rock nacional, de forma coincidente e paralela, reverenciaram os grandes nomes do rock que partiram cedo e se tornaram mitos e heróis.

A banda Dr. Sin, um dos mais importantes nomes no cenário brasileiro, divulga um videoclipe para a música “27”, que está no ótimo CD “Back Home Again”, de 2019, que marcou a volta do trio. O responsável por direção e roteiro foi Drico Mello, enquanto que a fotografia ficou a cargo de Ricardo Pelissari. A edição, color e finalização é de André Rocha.

A música é uma alusão aos artistas famosos que faleceram aos 27 anos, como Jimi Hendrix, Janis Joplin, Brian Jones, Jim Morrison e Amy Winehouse.

E não é que, relembrando Hendrix, o site PoeiraZine não fez uma outra homenagem, lembrando os guitarristas que morreram antes dos 27 anos e que ainda habitam nossos sonhos com suas mãos mágicas e músicas fenomenais?

PoeiraZine foi uma revista de rock que circulou entre 2003 e 2016, ultrapassando as 60 edições com o melhor do classic rock nacional e internacional. foi criada e dirigida pelo jornalista e escritor Bento Araujo, que hoje se dedica ao terceiro volume da série de livros “Lindo Sonho Delirante”.

Nas redes sociais, Araujo reverenciou Hendrix e relembrou nomes importantes das seis cordas que morreram cedo, mas deixando um legado extraordinário. Com base em sua listinha, vamos saudá-los e mostrar a sua importância, de forma rápida e direta:

Duane Allman – irmão de Gregg Allman, foi fundador da Allman Brothers Band e uma inspiração para milhares de guitarristas, entre eles Eric Clapton. Duane fez parte das gravações da banda Derek and the Dominos em 1970, quando Clapton quis apenas ser um mero integrante de uma banda. Mestre na técnica do slide, tinha um feeling espantoso, que assustava até mesmo o mais veterano e experiente dos músicos. Morreu aos 24 anos vítima de um acidente de moto, em 1971.

Paul Kossoff – um mestre da guitarra blues britânica, explodiu no cenário inglês com a banda Free, ao lado de Paul Rodgers, um dos grandes cantores de todos os tempos. A inexperiência dos integrantes cobrou o seu preço – eram todos muito jovens em 1968, nenhum tinha 20 anos – e o Free implodiu em 1972. Tímido, introspectivo e com sérios problemas emocionais, Kossoff se afundou nas drogas e nas bebidas, o que afetou, em parte seu desempenho avassalador na guitarra em sua carreira solo e na banda Backstreet Crawler. Morreu aos 25 anos em 1976 em consequência do abuso de drogas.

Tommy Bolin – uma trajetória parecida com a de Kossoff como garoto prodígio da guitarra, exalando uma musicalidade extraordinária e rica com muito pouca idade. Passando pelas bandas Zephyr e James Gang, além de emprestar sua elegância e virtuosismo para diversos artistas de jazz. Tanta qualidade o levo a substituir Ritchie Blackmore no Deep Purple, que o aceitou mesmo que tenha imposto várias condições, entre elas a de manter uma carreira solo paralela. Na banda inglesa imprimiu uma nova sonoridade, com elementos da melhor safra de sons americanos, deixando o Purple mais bluesy e mais funk. Entretanto, ao lado do baixista Glenn Hughes, mergulhou nas trevas das drogas, o que levou ao fim da banda, em 1976. NO fim daquele mesmo ano, morreu de overdose, aos 25 anos de idade.

FOTO: REPRODUÇÃO/YOUTUBE

– Randy Rhoads – outra fera que muito cedo chamou a atenção por conta de sua técnica exímia e pela variedade de influências. Nascido em uma família onde todos tinham o dom da música, cresceu no conservatório da mãe, Delores, e foi exposto a todo tipo de som. No violão clássico, esmerilhava com pouca idade. Apesar de gostar de rock, não tinha o gênero como o seu principal, mas caiu na estrada com um grupo de amigos californianos, o Quiet Riot, e começou a chamar a atenção de muita gente. Apesar disso, teve de ser meio que “empurrado” para ir fazer um teste para a banda de Ozzy Osbourne, que então começava a carreira solo no fim de 1979. Bastaram minutos afinando a guitarra e aquecendo para que fosse imediatamente contratado. Participou do maravilhoso álbum de estreia do cantor, “Blizzard of Ozz”e ganhou milhões de seguidores e admiradores. Não era chegado aos excessos do rock, ms morreu de forma besta: durante a turnê de 1982 pelos Estados Unidos, em uma parada para descanso, teve a péssima ideia de entrar em um avião que estava numa fazenda, em um hangar, atendendo a um convite de um integrante da comitiva, que tinha brevê. O cara gostava de uma cachaça e acabou enfiando o aeroplano em um celeiro da mesma fazenda. Os dois morreram, mais uma assistente de Ozzy. Randy tinha 25 anos.

– Jimmy McCulloch – mais um prodígio do rock. A fama de geniozinho surgiu quando, aos 16 anos, integrou a banda Thunderclap Newman, no fim dos anos 60, liderada pelo multi-instrumentista Speedy Keene e produzida por Pete Townshend (The Who). O único disco não decolou, mas é dele a guitarra no hit “Something in the Air”. No começo dos anos 70 tocou com gente importante, como nos discos solo de Roger Daltrey e John Entwistle, ambos do Who), e John Mayall, blueseiro inglês. Seu auge foi ter integrado os Wings, de Paul McCartney, entre 1974 e 1977.

Vamos acrescentar dois baixistas que também foram embora bem antes da hora:

Cliff Burton (FOTO: DIVULGAÇÃO)

– Cliff Burton – Muitos acham que ele seria candidatíssimo a maior instrumentista de todos entre os baixistas, mas não teve tempo. Tocando em diversos grupos californianos desde o fim dos anos 70, demonstrava uma vasta cultura musical e uma sólida formação, que lhe permitiram criar um estilo de tocar que chamava muito a atenção. Ainda assim, mesmo sem ter a ambição de ser um astro, queria ter a sensação de ser reconhecido como um instrumentista de ponta no rock pesado. Assim sendo, aceitou meio relutante o convite insistente para entrar no Metallica, que aceitou a sua exigência: levar a banda de Los Angeles para San Francisco, onde nasceu e morava até então. A banda deu um salto de qualidade que tão grande que conseguiu suplantar a expulsão do guitarrista Dave Mustaine. Era 1983. Com a chegada de Kirk Hammett, a banda estava pronta para gravar o primeiro disco e explodir.E assim ocorreu, com a fama mundial que a banda obteve nos três anos seguintes, com três discos marcantes. Morreu aos 24 anos em um acidente como ônibus da banda na Suécia, no final de 1986.

Jaco Pastorius (FOTO: DIVULGAÇÃO)

– Jaco Pastorius – rivaliza com John Entwistle, do Who, como o melhor baixista de todos os tempos na música pop, embora seu nome esteja mais ligado ao jazz. Inventivo, inovador, estilista, já era chamado de o melhor de todos os baixistas antes mesmo de fazer sucesso, na Flórida, onde tocava em bandas locais. sua intensa musicalidade e a técnica ímpar deixavam todos de queixo caído. sua estreia em álbum, em 1976, causou tamanha revolução no mundo do jazz americano que passou a ser um dos músicos mais requisitados do show biz. Tamanha reputação praticamente o obrigou a entrar no Weather Report, uma das maiores banda de jazz de todos os tempos, liderada pelo austríaco Joe Zawinul. Intenso, mas instável e sofendo com vários problemas emocionais, várias vezes sabotou a própria. carreira, seja em nome dos prazeres dos excessos, seja em nome de uma suposta pureza artística. Era gênio e genioso, e acabou afastando a maioria dos bons amigos que fez. Com a carreira meio estagnada, tentava um recomeço quando se meteu em uma briga com o segurança de uma casa noturna. Bêbado, apanhou feio e morreu em consequência dos ferimentos alguns dias depois, em 1987, aos 35 anos.