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Marcelo Moreira

Listas imutáveis de melhores de todos os tempos começaram a ser demolidas em meados da década de 2000 e causaram a ira dos conservadores. 
Como assim os Beatles não são a melhor banda de todos os tempos? Como assim “Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band” foi superado por um disco do Oasis ou de Neil Young?
Sim, esse tipo de heresia ocorreu recentemente, para ira dos tiozões fossilizados e loucos para impor seu gosto musical estacionado nos anos 70.
É como no futebol: como convencer alguém viciado em Leonel Messi, Neymar ou Cristiano Ronaldo que Pelé e Maradona foram milhões de vezes melhores, assim como Zico, Platini, Cruijff, Di Stéfano, Eusébio, Beckenbauer, Romário…
Para gente como a maioria de nós, resquícios do século passado e cuja formação musical se deu nos maravilhosos anos 80, fica difícil escutar alguém dizer que o melhor disco de todos os tempos foi gravado pelo Oasis ou pelo Radiohead – ou que Greta Van Fleet é a melhor coisa do rock atual, por mais que seja uma cópia descarada do Led Zeppelin. 

A polêmica da vez é uma nova lista de álbuns ao vivo mais populares da história – veja bem, não é a lista dos “melhores” ou dos “mais vendidos”. 

A base é uma consulta feita pelo Discogs, hoje a mais importante base de dados a respeito de rock e música pop, especialmente em relação a LPs.

A lista basicamente tem os cânones do segmento, mas demole algumas certezas. Como é possível não incluir “Made in Japan”, colosso do Deep Purple e considerado o exemplo do disco ao vivo?

Os clássicos dos clássicos do gênero estão ali, mas é difícil engolir não ter algo de Yes, Emerson, Lake & Palmer, Judas Priest e vários outros artistas. Faltam os maravilhosos “Bursting Out”, do Jethro Tull, “Slade Alive”, do Slade… Mas enfim, não é uma lista dos melhores…

Entretanto, muitos dos habituais de listas diversas estão lá, como “Live at Leeds”, de The Who (para mim o melhor de todos ao vivo), Live After Death”, do Iron Maiden, “Exit… Stage Left”, do Rush… mas é igualmente duro saber que o mais popular de todos é “Under a Blood Red Sky”, do U2, que foi lançado originalmente como um EP em 1983. É bom, mas jamais poderia ser o “mais popular”.

É uma interessante lista para se discutir no bar ou naquela festa em que os donos só colocam porcaria para tocar a noite inteira ou no churrasco caidaço.
Valeu pela dica de assunto/pauta por parte do amigo Bento Araujo, do PoeiraZine e autor dos livros da série “Um Lindo Sonho Delirante”, que fez observações pertinentes em sua conta no Facebook.