Quando formou a banda The Nice, o tecladista inglês Keith Emerson tinha a mesma pretensão que Eric Clapton, o guitarrista esplêndido, teve ao formar o Cream (creme, em inglês). The Nice (no caso, traduzido como “a nata”) :juntar os melhores na melhor banda.
The Nice durou pouco, com apenas três bns álbuns, e terminou como um trio em 1969 – grande grupo, com pretensões progressivas e conexões com a música erudita. Sem guitarra, o trio inspirou a verdadeira “nata” no ano seguinte: Emerson, Lake and Palmer.
A heresia era imensa: rock sem guitarra? Dá para dizer que o trio progressivo representou uma revolução na música pop há 55 anos – aprofundar a conexão com a música erudita com arranjos orquestrais e sinfônicos. Emerson, Laje and Palmer era rock, mas nem tanto. E foi uma grande ideia.
Aspirante a astro, Emerson era espalhafatoso e ambicioso. Sua parede de teclados era portentosa e criava sons e ambientes que preenchiam tudo. Sua sólida formação musical foi o que precisavam Greg Lake e Carl Palmer para desenvolver uma nova ideia a ponto de definir, ao lado do Yes e do King Crimson, o rock progressivo em seu formato mais conhecido.
Greg Lake era um baixista fabuloso e um cantor estupendo que se sentia subestimado e tolhido no King Crimson, Fez um bom trabalho nos dois primeiros discos d banda, mas estava insatisfeito com a rigidez d condução do guitarrista Robert Fripp, o líder. Não precisou de muito apelo para aceitar o convite de Emerson para um novo projeto.
Analisando as opções para a bateria, a dupla viu a maioria de instrumentistas originários do blues e com a cabeça no rock. Ginger Baker, do Cream e depois Blind Faith, era um que fazia coisas diferentes, mas era genioso e bem mais velho, e certamente tretaria com Emerson.
Bill Bruford, com suas origens no jazz, poderia se encaixar e foi cogitado, mas estava bem no Yes, bnanda em, ascensão. Então viram a repercussão de um garoto tocando muito em uma banda experimental em Londres.
Carl Palmer era muito jovem e se destacava no Atomic Rooster, uma banda rústica, de certa forma, que ficava no meio do caminho entre o hard rock e o progressivo. De cabeça aberta, teve uma formação erudita na percussão e jazz e rock na bateria. Estava louco para expandir os horizontes e enxergou o futuro no convite de Emerson.
Poderoso, o som do trio virou sinônimo de rock progressivo e ambições musicais nas alturas a partir o primeiro álbum, que levava o nome do grupo. O segundo, de 1971, foi gravado ao vivo em Newcastle, no norte da Inglaterra, e trazia uma releitura para “Pictures at na Exhibition”, peça erudita do russo Modest Mussorgsky (1938-1881).
“Trilogy”, o terceiro, é o melhor, com alguns dos principais hits e moldando o estilo sinfônico e progressivo do tio. Seguiram gigantes pelos anos 70 até que o álbum pop “Love Beach” revelou a exaustão criativa d banda em 1979.
Separados, foram para as carreiras solo e, mais para a frente, Palmer ajudou a fundar o Asia, de enorme sucesso entre 1981 e 1986. Foram os compromissos com o Asia que o impediram de participar da volta do trio em 1986, ocasionando a sua substituição por Cozy Powell (1947-1998). Não deu muito certo.
A volta só ocorreria em 1993, rendendo dois bons álbnns e um ao vivo, mas ficou claro que Emerson, Lake and Palmer pareciam deslocados no final do século.
Só voltariam a se reunir, depois do fim da turnê de 1997-1998 em 2010, quando comemoraram a 40 anos de criação do trio no festival inglês High Voltage. Foi o último show.
Keith Emerson morreu aos 71 anos em 2016 – suicidou-se depois do diagnóstico de problemas neurológicos que restringiam os movimentos de suas mãos. No fim daquele ano, Greg Lake morreu em decorrência de um câncer aos 69 anos. Carl Palmer deuum temo na carreira solo para criar o Carl Palmer’s ELP Legacy, onde só toca canções do trio.