A fonte do guitarrista norte-americano Joe Bonamassa parece inesgotável. Ele tem sido o músico mais prolífico, diverso, onipresente e dedicado do blues e do rock neste século e nada indica que deva desacelerar..
Com uma média de um lançamento por ano, coloca agora no mercado “Breakthrough”, novo álbum de músicas de “Blues Deluxe Vol. 2), “Live at Hollywwod Bowl” e “Black Country Communon V”, ambos de 2024 – este último com a banda de hard rock que formou com o baixista e vocalista Glenn Hughes.
Incapaz de produzir um álbum ruim, o músico recarregou as baterias e derrama dez canções ótimas passeando pelo blues e pelo rock com muita desenvoltura. Desta vez deixou a soul music e o funk de lado para se voltar aos primórdios da carreira e privilegiando riffs de guitarra. Todas as canções têm, ao menos um e quase todos são dilacerantes, além do extremo bom gosto.
O novo álbum não é melhor do que os recentes “Royal Tea” e “Time Clocks”, mas chega perto. Se não há uma canção memorável, sobram faixas explosivas que exploraram uma retomada de uma linha, digamos, mais festiva e ensolarada.
“Royal Tea” é um álbum mais duro e grandioso, enquanto que “Time Clocks” se notabilizou por ser mais reflexivo e intimista, e bem mais denso em termos de temas abordados. “Breakthroug” investe nas guitarras e é mais rock and roll. Os riffs são predominantes e há muita descontração. O astral está bem diferente.
A ideia era retomar o esquema de composições de três anos atrás, em que Bonamassa se cercou dos comparsas de sempre para compor – o tecladista Reese Wynans (que era da banda Double Trouble, que acompanhava Steve Ray Vaughan, morto em ‘990), o guitarrista Josh Smith e o produtor Kevin Shirley (também trabalha com Dream Theater e Iron Maiden).
Caminhando pelo terreno mais do que conhecido do blues rock, ficou à volta de para uma abordagem mais direta à música americana de raiz baseada no rocn and roll, como na gostosa levada de Skahe the Ground”, cm seu acento pop e balanço contagiantes. Na mesma linha pode ser incluído country rock bem humorado de “Still Walking With Mre”.
O rock mais vigoroso está presente na faixa-título, uma das mais pesadas que já gravou, e em “Trigger Finger”, um rock acelerado urgente, com um excelente riff de guitarra. E não poderia faltar a balada blues épica com “Broken Record”, que é fascinante.
Tem também a eletrizante batida continua com o riff pesado e injetado de combustível “You Don’t Own Me”, que certamente incentiva bons momentos de euforia.
“Drive By the Exit Sign” é uma inclusão que acende faíscas, realçada por vocais femininos de apoio comoventes, semelhante ao trabalho dos Blackberries com Humble Pie e Gov’t Mule.
Como a maioria das gravações de Bonamassa, ele altera o groove de forma inteligente. “Broken Record” é, com sete minutos, a entrada mais longa e tocante. Aqui, ele novamente roça no terreno do Gov’t Mule, especialmente porque seus vocais impetuosos são assustadoramente semelhantes aos de Warren Haynes, o guitarrista e vocalista daquela banda.
A batida final e pulsante, “Pain’s on Me”, refletindo um relacionamento rompido, é o momento mais blueseiro e melancólico.
“Breakthrough” marca mais uma performance excepcional na extensa carreira de Joe Bonamassa. É um retorno empolgante ao trabalho completamente autoral, que dá continuidade à sua extensa e bem-sucedida trajetória como um dos artistas mais populares, diversos e incansáveis do blues contemporâneo. Cada vez mais fica claro que é o maior nome do blues da atualidade.