O álbum “improvisado” do Black Sabbath finalmente ganha a sua versão atualizada, remasterizada e remixada. “Eternal Idol”, de 1987, ficou de fora do pacote de reedições do ano passado por questões contratuais e só agora reaparece no mercado.
O guitarrista Tony Iommi, único músico a participar de todas as formações do Black Sabbath, havia anos preparava a reedição em um pacotão de todos os álbuns com o cantor Tony Martin, lançados entre 1988 e 1995. Apenas o primeiro, “Eternal Idol”, ficou de fora da caixa lançada no ano passado por estar licenciado por outra gravadora. O acordo só foi possível um ano depois.
O álbum mais turbulento da história d banda inglesa é, curiosamente, o melhor da fase considerada a mais fraca da trajetória do grupo de Birmingham. Quase foi engavetado por conta das mudanças de formação e das dificuldades de financiamento e de entendimento coma gravadora I.R.S., que manteve as coisas vivas quando tudo ruía,
“Eterna Idol” é um bom álbum, melhor do que se imaginava diante de toda a confusão que cercava o Black Sabbath, e apresentava um cantor até então desconhecido, o inglês Tony Marin, de voz forte e potente.
Subestimado pela crítica e vítima do período de baixa da banda, Martin pode ser considerado o músico que manteve o grupo na ativa ao lado d Iommi, sendo seu fiel escudeiro as dificuldades – e foi injustiçado várias vezes pelo guitarrista por conta d interesses comerciais.
O cantor chegou nos momentos finais da gravação, em 1987, e teve de regravar todos os vocais realizados por Ray Gillen, que tinha abandonado o Bacak Sabbath para formar a sua própria banda, o Badlands, ao lado de Jake E. Lee, guitarrista que tinha tocado com Ozzy Osbourne.
Martin fez um bom trabalho, mesmo às pressase no improviso, e deu vida a canções bem bacanas, como “Eternal Idol”, “TheShining”, o hit do álbum, e “Glory Ride”, a melhor e mais pesada do disco. “Hard Life to Love” e “Born to Lose” também merecem destaque.
O novo cantor penou um pouco nos shows ao vivo pela falta de experiência, mas foi fundamental para manter o Black Sabbath vivo.
A nova versão apresentam uma nova remasterização das fitas analógicas originais e incluem duas faixas bônus, “Some Kind of Woman” e “Black Moon”.
Confusão
Ninguém sabia que Black Sabbath seria apresentado em “Eternal Idol”. A banda capengava desde 1984, quando Ian Gillan saiu para v6oltar ao Deep Purple e Geezer Butler, o baixista, ensaiava uma aposentadoria. Tony Iommi tentava reformar a banda, mas não conseguia.
Em 1985, conseguiu no suporte da gravadora I.R.S. para gravar um disco solo, com um vocalista diferente para cada música. Já tinha acertado as participações de Gillan, Rob Haford (Judas Priest) e Glenn Hughes (ex-Deep Purple) e ainda afguuardava Robert Plant (ex-Led Zeppelin).
Um monte de imprevistos aconteceu e Iommi formou um time fixo para gravar, com Hughes como o cantor em todo o álbum. Às vésperas do lançamento, a gravadora exigiu que o disco saísse como Black Sabbath, e não como solo de Iommi.
O guitarrista cedeu e irritou o restante da banda, que ainda tinha Dave Spitz no baixo e Eric Singer na bateria, além do braço-direito Geoff Nichols nos teclados. Hughes já mostrava instabilidade no comportamento por conta do excesso no uso de álcool e drogas. O álbum “Seventh Star” foi creditado a “Black Sabbath feat. Tony Iommi”,
No começo de 1986, as coisas pioraram na turnê norte-americana, com muitas brigas e Glenn Hughes fazendo apenas quatro shows. Foi demitido depois de brigar fisicamente com o empresário da banda e substituído às pressas pelo desconhecido americano Ray Gillen, que deu cota do recado.
O novo vocalista, porém, também era um cara complicado e deu trabalho no estúdio durante as gravações de “Eternal Idol”. Acabou abandonando tudo no começo de 1987. Foi quando Iommi correu atrás de Tony Martin, indicado por amigos
Vítima eterna de comparações com Ozzy Osabourne e Ronnie James Dio, Tony Martin jamais foi bem aceito pelos fãs. Ora era acusado de imitar Dio, ora era simplesmente chamado de incompetente para cantar o repertório histórico da banda. .
Foi o vocalista que mais tempo cantou n Black Sabbath depois de Ozzy Osbourne. Depois de “Eternal Idol” gravou ainda “Headless Cross” (1988) e (Tyr” (1990); Em 1991 foi sumariamente demitido quando empresários articularam s voltas de Geezer Butler, Ronnie James Dio e Vinnie Appice, numa reedição da formação do início dos anos 80. Durou meses apenas e um álbum, 9’/DEHUMANIZER”.
Sem saída, Iommi reconvocou Martin para continuar a banda, que aceitou se se sujeitar a essa humilhação. Engoliu o orgulho e gravou ainda os discos “Crcoss Purpose” e “Forbiddden” até1995.
No ano seguinte, Martn ficou sabendo pela imprensa que empresários tinham acertado a volta de Ozzy Osbourne e da formação origina do Black Sabbath. Resignado, voltou à carreira solo e ficou 20 anos sem falar com Tony Iommi.