Premonição: rock e cinema alertaram para o avanço do fascismo

Marcelo Moreira

Os piores pesadelos cantados pelas bandas americanas Rage Against the Machine e Body Count se materializaram na forma de ameaça fascista neste século. O caos que foi a primeira administração de Donald Trump (2017-2010) parece um paraíso diante dos primeiros oito meses d sua segunda passagem pela presidência dos Estados Unidos.

As duas bandas, engajadas e ativistas políticas, descortinavam distopias de cunho fascista em canções ferozes que evidenciavam o ativismo politico e uma série de denúncias de ascensão de um conservadorismo fundamentalista que tinha como alvos o solapamento da democracia, dos direitos civis e do mundo progressista.

A diplomacia na base da ameaça e da intimidação – quando não da chantagem comercial, como no caso do Brasil -, a perseguição criminosa a imigrantes (legais e ilegais) e o assédio nojento à universidades que não se submetem aos caprichos ideológicos do presidente se somam à militarização despudorada d segurança pública em várias cidades.

É o fascismo mais puro em implementação – com base em mentiras deliberadas e dados falsos, decreta intervenção militar ecoloca soldados da Guarda nacional nas ruas, como Trump fez na capital, Washington D.C., e pretende fazer em Baltimore e Chicago alegando aumento “alarmante” nos índices de criminalidade. Algo que não existe nas cidades citadas. Não é preciso citar que as três cidades são administradas por prefeitos do adversário partido Democrata

A sanha fascista militarista criminosa de Trump é o sonho de escória extremista da direita brasileira, que ama goles de estado e tirania. Não são poucos os fascistas encastelados em governos estaduais que sonham em acirrar a violência policial e coloca todo o tipo de “militar” para “combater o crime” – ou seja, matar pobres e pretos das periferias.

Sem a menor cerimônia, Donald Trump comentou. Em uma cerimônia de assinaturas de decretos no dia 25 d agosto, que “muitos dizem que estamos necessitando ou trilhando caminhos de uma ditadura”.

Rage Against the Machine e Body Count já cantavam ameaças à democracia e às minorias nos Estados Unidos nos anos 90, época em que o presidente democrata Bill Clintoon não conseguia conter os arroubos de uma direita extremista em ascensão de cunho religioso e fundamentalista.

Em obras como “Battle of Los Angeles” e “Violence Is Demise”, , as duas bandas alertavam para o aumento da violência contra minorias, do preconceito racial e social e das campanhas contra a arte, a cultura e a educação.

No cinema, previsões de 30 anos atrás estão se concretizando. “Nova York Sitiada”, com Denzel Washington, Anette Benning e Bruce Willis, de 1998, narrava como seria a cidade americana ocupada pelo Exército após uma série de atentados terroristas atribuídos a grupos muçulmanos – e como seria a reação brutal dos militares comandados por um general autoritário.

“Freedom”, uma minissérie de 2002 com apenas uma temporada, era baseada uma história onde um grupo d e militares e civis se levanta contra a ditadura de um governo americano militarizado.

Por fim, “Guerra Civil”, de 2023, com o brasileiro Wagner Moura no elenco, mostra como um grupo de jornalistas cobre a tentativa de um presidente dos Estados Unidos autoritário e aspirante a dotador de conter uma rebelião iniciada no Texas e na Califórnia. Não é coincidência que hoje a Califórnia e seu governador democrata, Gavin Newson, sejam os maiores opositores de Trump.

Premonitórias, as obras configuram um panorama sombrio para as democracias e os mundos progressistas a curtíssimo prazo. 

Como era d se esperar, artes, educação e cultua se tornarão cada vez alvos de uma avalanche de retrocessos em todos os sentidos Se o bolsonarismo nefasto está em vias d ver seus principais líderes golpistas serem condenados, a extrema-direita se fortalece em muitos lugares do mundo. É uma verdadeira cortina de ferro confinando o mundo em época de trevas.

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