The Nice ‘ressurge’ com bela reedição de seu melhor álbum

Ainda lhe faltava a fama correspondente, mas o tecladista Keith Emerson tinha a mesma pretensão do guitarrista Eric Clapton naqueles idos de 1966:ter a certeza de que era um dos melhores e que o estrelato logo chegaria.

Clapton batizou seu trio de blues esado de Cream (“A Nata”), e Emerson montou um quarteto na mesma vive chamado The Nice (“O Belo”). O Cream foi um sucesso imediato, enquanto que The Nice ficou no quase, mas pode se considerado como um pioneiro do rock progressivo ao lado de The Move, Moody Blues e Pink Floyd,

Para celebrar seu 60º aniversário, a gravadora alternaiva inglesa Immediate Records relança uma pérola do Nice então considerado inovador e visionário.

“Nice” é o terceiro álbum da banda – uma mistura aventureira de rock progressivo, sinfônico e psicodélico que captura o espírito livre do final dos anos 60.

Recentemente remasterizado para a melhor fidelidade de áudio possível, este relançamento foi prensado em vinil translúcido vermelho, preto marmorizado e branco splatter de edição limitada – um item de colecionador visualmente impressionante e sonoramente rico para fãs de longa data e novos ouvintes.

Primeira formação de The Nice (foto :divulgação)

Mais venerado pelos críticos do que pelo público, “Nice” mostra a banda no auge de sua criatividade em um formato ousado, meio estúdio, meio ao vivo, que demonstra tanto a precisão de suas composições quanto a potência bruta de suas performances no palco.

Surgiu como um quarteto – Emerson nos teclados, David O1List na guitarra, Lee Jackson no baixo e vocais e Brian Davidson na bateria. Antes de completar dois anos, o grupo viu a saída de O’List, e então assumiu a inédita e inovadora formação de baixo, bateria e teclados, que seria tão admirada depois com Emerson, Lake &Palmer.

Os destaques incluem a emocionante adaptação de Keith Emerson de “Rondo”, de Brubeck, gravada ao vivo no Fillmore East, e uma releitura explosiva de “She Belongs to Me”, de Bob Dylan, transformada em uma imponente declaração de rock progressivo.

O álbum também apresenta gravações de estúdio como “For Example”, uma jornada deslumbrante e abrangente por jazz, barroco e rock; a assustadora “Azrael Revisited”, com citações de Rachmaninov; e uma versão profundamente comovente de “Hang On to a Dream”, de Tim Hardin, com uma das performances vocais mais emocionantes de Lee Jackson.

Com o virtuosismo de Emerson no teclado, os ritmos explosivos de Brian Davison e o baixo rouco e os vocais cheios de soul de Jackson, Nice é um verdadeiro produto de seu tempo – uma jornada avassaladora e expansiva por fronteiras musicais inexploradas de um dos pioneiros originais do rock progressivo.

Aspirante a astro pop, Emerson se tornou o centro das atenções com suas performances acrobáticas e solos inspirados que uniam jazz e música erudita. A versão de “Rondo”, uma das peças mais importantes da música norte-americana, está entre os momentos mais grandiosos do início do rock progressivo.

Entre as canções próprias, a que mais ganhou destaque foi “Hang On to a Dream”, que seria regravada décadas depois pelo Emerson, Lake and Palmer; É uma canção imponente, com letra metafórica e um riff de teclado que oi muito copiado nos anos seguintes.

Decepcionado com a falta de reconhecimento e vendo o sucesso de amigos e concorrentt5es naquela fervilhante Inglaterra do final dos anos 60, Keith Emerson decidiu que precisava de companheiros mais ambiciosos e tecnicamente acima da média e acabou com o Nice na virada de 1968 para 1970. Suas conversas com um novo amigo, Greg Lake, o encorajaram a tomar a iniciativa de mudar tudo.

Exímio baixista e excelente cantor, Lake estava insatisfeito no King Crimson com as músicas intrincada e a liderança dura e inflexível do guitarrista Robert Fripp. Emerson não precisou de muita lábia para convencê-lo a formar nova banda em 1970.

A ideia era reeditar a última formação de The Nice, sem guitarra, para que os teclados fossem os protagonistas, e os dois tinham o mesmo baterista em mente: um moleque atrevido e talentoso, que misturava jazz e música erudita em sua técnica estupenda. Era Carl Palmer, da banda Atomic Rooster, que fazia rock progressivo e pesado, com temas esotéricos que abarcavam o ocultismo.

O trio rapidamente se entrosou e finalmente Emerson começava a sentir o gostinho do sucesso com uma formação que julgava à altura de seu talento como músico e compositor.

Emerson, Lake and Palmer se tonou uma banda maravilhosa e um dos maiores nomes do rock progressivo. Parou em 1980, voltou em 1992,parou novamente em 1999 e fez seu último show e Londres, em 2010, quando celebrou 40 anos de sua fundação. Keith Emerson se suicidou em 2016aos 71 anos; Greg Lake morreu ao final daquele ano, de câncer, aos 69anos.

Como curiosidade, quase que a banda se chamou Help. O guitarrista Jimi Hendrix soube da formação da banda e foi vê-la ao vivo e em ensaios. Adorou e disse que queria fazer parte.

Segundo Greg Lake em uma entrevista à revista inglesa Classic Rick, as conversas estavam avançando quando Hendrix morreu, em setembro de 19709.

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