‘Soul to Soul’,o auge de Stevie Ray Vaughan, completa 40 anjos

Persistente e confiante, o guitarrista era aclamado como um grande gênio, mas não obtinha sucesso comercial que todo mundo achava que ele merecia. Poucos pareciam entender, mesmo nos Estados Unidos, o tipo de desconstrução do blues que ele fazia, com sua fusão única com o rock. Ele amava Jimi Hendrix, mas odiava ser chamado de “cópia texana” do mestre da guitarra.

Ao ser vaiado na comedoria” do Montreux Jazz Festival, em 1982, achava que estava em um beco sem saída: o qye fazer, aos 28 anos de idade, para ter reconhecimento e adquirir um público fiel?

Três anos depois, tudo tinha mudando, menos o som único, com um timbre de guitarra maravilhoso, e a capacidade de surpreender. E então Stevie Ray Vahghan foi ovacionado por vários minutos no palco principal do mesmo festival suíço na qualidade de astro internacional,

Com novo empresariamento e contrato com gravadora, e finalmente seus primeiros álbuns solo, Stevie Ray Vaughan decolou, tirando o blues do underground nos anos 80 e o colocando no topo das paradas, ao lado do ótimo guitarrista Robert Cray.

“”Texas Flood” (1983) e “Could Stand the Weather” (1984) mudaram o panorama do blues e a carreira empacada de Vaughan. Seu blues virtuoso e ensolarado, positivo e elegante arrebatou multidões e o levou ao estrelato.

A fase era tão boa qe foi coroada com o su melhor trabalho até então, ”Soul to Soul” sintetizava o que era o som do guitarrista e o “novo blues”, cada vez mais próximo do rock, seguindo a trilha do conterrâneo texano Johnny Winter – o baixista da Double Trouble, banda que acompanhava, era Tommy Shannon, que tinha tocado com Winter 15 anos antes.

“Soul to Soul” completa 40 anos e ainda soa fresco e vigoroso. É uma aula de técnica, feeling e de bom gosto, em uma coleção de dez faixas de alta qualidade.

É um disco que tem maravilhas como “Change It”.um blues com inegável pop, ou blues épico monumental “Life Without You”, uma das maiores canções de amor de todos tempos. Só essas duas canções seriam suficientes para arcar a carreira de qualquer artista.

E tem mais, como a trinca de abertura- o boogie/shuffle “Say What”, o pop blues “Look in’ Out Little Sister” e o blues rock “Look at Little Sister”. Era um outro tipo e blues que estava sendo cantarolado nas ruas, nas escolas e nas linhas de produção das fábricas. “Look at Little Sister” era assobiada tanto quanto os principais hits de Bruce Sprongsteen, Madonna e Dire Staits, entre outros.

E tem a coroação máxima do blues tradicional que se transformou em um dos grandes momentos do gênero em todos os tempos, que é “Ain’t Gonna ‘n’ Give Up on Love”. É o máximo de qualidade e popularidade do blues como só B.B. King e o próprio Robert Cray.

A fama e a quase fortuna que vieram com “Soul to Soul”, infelizmente, cobraram o seu preço e jogaram o guitarrista na lona. Exausto por conta do excesso de shows e mergulhado no álcool e nas drogas, Stevie Ray Vaughan sucumbiu e teve de se recolher.

Foram anos de reabilitação até a volta à cena em 1988. Um ano de palco foi o suficiente para a volta por cima e o lançamento “In Step”, seu quarto álbum, mostrou isso em 1989. Sóbrio, recuperara a técnica e parecia mais inspirado do que nunca. Gravou até jazz, como a semiacústica “Riviera Paradise”, que é maravilhosa.

A recuperação era total em 1990, com direito a um álbum gravado com o irmão mais velho, o laureado guitarrista Jimmie Vaughan – ”Family Style”, que saiu postumamente.

Imaginava-se que Stevie atingiria novo auge, mas teve o fatídico festival em Alpine Valley, nos Estados Unidos, em 27 de agosto de 1990. Ao final do evento, que teve também Jimmie, Robert Cray e Eric Clapton, um ansioso e nervoso Stevie Ray Vaughan queria ir embora rápido para casa, e para isso tinha de embarcar em um helicóptero até o aeroporto médio mais próximo.

Os artistas seriam os últimos a serem transportados, mas decidiu pegar carona na aeronave que levaria patê da equipe de Clapton; O tempo estava ruim, mas, mesmo assim, dois helicópteros decolaram, mas só um chegou ao aeroporto. Um deles se perdeu na neblina e bateu em uma montanha. Todos morreram. Steve Ray Vaughan tinha 36 anos.

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