Detenção ilegal, arbitrariedade e ‘sequestro’: uma republiqueta chamada Estados Unidos

Manifestantes apoiadores de Jair Bolsonaro estendem bandeira americana na avenida Paulista (Foto> reprodução de TV)


O pianista Tenório Júnior acompanhava Vinícius de Moraes em uma série de shows em Buenos Aires, na Argentina. Era finalzinho da tarde, começo da noite, quando disse aos amigos que iria fazer compras na rua comercial mais importante da cidade. Nunca mais voltou.

Quase 50 anos depois, a Justiça e o governo argentino finalmente reconheceram que o músico fora assassinado em março de 1976 graças a demora dos exames genéticos e emitiram um, certidão de óbito à família.

O desaparecimento dele ocorreu dez dias antes do sangrento golpe militar que instaurou uma ditadura que durou sete ambos e matou mais de 30 mil pessoas naquele país.

Ainda são desconhecidos os motivos do assassinato, assim como quem o assassinou e o porquê disto ter ocorrido antes do golpe militar – e contra um estrangeiro que nada tinha a ver com a política argentina. O fato é que o clima na argentina estava muito perigoso, em todos os sentidos, mesmo antes do golpe de 1976.

Quem diria que, quase meio século depois, uma artista brasileira passaria pelo mesmo terror- ou quase -no país que um dia foi o berço da democracia moderna?

Bárbara Marques, cineasta premiada, é casada comum cidadão americano, e mora nos Estados Unidos há alguns anos. Estava em processo de obtenção do vhamado “fgreen card” – a autorização de residência definitiva no país.

E justamente esse processo de regularização se tornou uma armadilha para a brasileira: durante uma entrevista parta finalmente encaminhar a emissão do visto permanente, foi covardemente capturada e “sequestrada” pelas autoridades de imigração.

Detida de forma ilegal, Bárbara Marques está presa e as autoridades não informaram nem mesmo o marido o local da detenção. Ficou dez dias sem qualquer notícia dela – a Imigração sequer confirmou a captura.

O marido é Tucker May, ator e montador de filmes conhecido em Los Angeles. Ele contou a agências de notícias que a mulher foi separada à força de seu advogado antes de começar a entrevista no processo de “green card”, logo sem seguida, levada para um local desconhecido. O Ministério da Relações Exteriores (Itamaraty) do Brasil informou que está acompanhando o caso.

Nesta semana, as autoridades finalmente confirmaram a detenção da cineasta e que qualquer informação sobre o caso só seria dada após a deportação – antes disso, ela não terá direito a advogado ou a qualquer tipo de contestação, ou mesmo receber visitas e dar declarações. Isso quer dizer que ela já está “condenada”.

Então é nesse país nojento, asqueroso e fascista que os Estados Unidos se tornaram? Agindo de forma arbitrária, perseguindo e sequestrando pessoas como nas piores ditaduras sul-americanas u africanas?

Se aconteceu com cineasta conhecida e casada com um americano, pode acontecer com qualquer um. Nova York e Los Angeles estão cheias de músicos brasileiros com situação imigratória indefinida ou em fase de pleito de visto definitivo. Provavelmente estão ou estará na mira das autoridades de imigração.

O aparelhamento do governo e do Estado em terras norte-americanas corre a todo o vapor, dando suporte a medidas autoritárias do presidente autocrata Donald Trump, que está desmontando a estrutura saúde, educação e assistência social.

Suas prioridades são investir em armas e facilitar a vida das grandes empresas com menos impostos e muitas outras facilidades. Ele está depredando a democracia, exatamente como o nefasto ex-presidente Jair Bolsonaro fez no Brasil e Javier Milei está fazendo na Argentina.

É um péssimo momento para brasileiros viajarem ou viverem nos Estados Unidos. Cientistas e professores universitários estão voltando para o Brasil por causa do clima tenso e perigoso que Trump impôs ao país. Quem diria que isso um dia poderia acontecer?

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