Fleetwood Mac: relançamento de álbum de ex-casal revela a gênese de clássicos dos anos 70

Poderia ser a notícia da década, e os protagonistas até fizeram mistério, estimulando sonhos e desejos, mas no final sobrou decepção. O que deveria ser uma reunião dos remanescentes do Flewood Mac era apenas o relançamento de um álbum antigo de dois dos ex-integrantes.

A banda, em sua terceira fase, foi uma das que mais fizeram sucesso na história, notadamente a partir de 1975m, quando os fundadores, o baterista Mick Fleetwood e o baixista John McVie, ambos ingleses, recrutaram o casal americano Lindsay Buckingham (guitarra) e Stevie Nicks (vocais), que tinha lançado um disco dois anos ante. Completava o time Christine Perfect, tecladista e vocalista que depois passou a assinar Christine McVie após o casamento com John.

A mistura de pop sofisticado com soft rock fez a banda vender milhões com o álbum “Rumours”, de 1977, e s tornar ima da atrações mais importantes de todos os tempos, a despeito da série de separações, brigas e ódios mútuos.

Houve várias tentativas de reunião desta formação nos últimos 30 anos, mas a maioria fracassou – e Christine McVie, e que voltou a ser Perfect, morreu em 2022,aos 78 anos. Uma reunião dos remanescentes era tão esperada quando a do Oasis, por isso o mundo do entretenimento ficou em polvorosa com os sinais emitidos por gravadoras e por Buckinhgham e Nicks nas redes sociais.

Tudo fazia parte da estratégia de relançamento de “Buckingham Nicks”, álbum de 1973 do então casal, um disco bacana e bem feito, mesmo não sendo um estouro d vendas. Entretanto, foi o suficiente para serem contatados por Mick Fleetwood.

Prévia

O disco “Buckingham Nicks” ganhou uma reedição remasterizada e remixada, mas sem material extra. Sem relançamentos mesmo em CD, era item raríssimo em LP e ficou indisponível em versões físicas por décadas.

O relançamento é obra da da Rhino Records, parte da Warner Music, que fez o trabalho de remasterizar as fitas analógicas originais para disponibilizar o disco em vinil em plataformas originais.

Formação principal do Fletwood Mac mos anos 70 (foto: divulgação)

Este lançamento de ‘Buckingham Nicks’ – masterizado a partir das fitas analógicas originais por Chris Bellman – marca a primeira vez que o álbum é oficialmente disponibilizado em CD ou digitalmente.

“Buckingham Nicks” teve duas reedições até 1982 e nunca mais foi lembrado pelas gravadoras. De certa forma, o folk rock acessível antecipou o soft rock que fana da terceira fase do Fleetwood Mac.

O problema é que, depois de ouvir Fleetwood Mac, o álbum do ex-casal, lançado antes de os dois entrarem na banda, parece um pouco desgastado, como esboços para o evento principal

Folk ou pop?

O álbum relançado é uma coleção bacana de cortes folk florais e instrumentais impetuosos, com um pé em Laurel Canyon e o outro em Nashville, que demonstram a promessa de Buckingham e Nicks em termos de composição.

Há boas ideias, com temas de cunho reflexivo, como em “Crystal” e “Long Distance Winner”. Há composições tradicionais (“Stephanie”, “Don’t Let Me Down Again”), blues rockabilly (“Without A Leg To Stand On”) e extravagância dedilhada (“Frozen Love”). Eles já haviam composto “Landslide”, “Monday Morning” e “Rhiannon” antes de se juntarem formalmente ao Fleetwood Mac em janeiro de 1975, e retrabalhariam “Crystal” deste álbum para o Fleetwood Mac de julho.

A dupla se conheceu quando ainda eram estudantes do ensino médio na Bay Area, em San Francisco, na Califórnia, no final dos anos 60. Buckingham, guitarrista desde a infância, tocava baixo em uma banda psicodélica chamada Fritz, e logo Nicks se tornou o vocalista.

A Fritz dividiu shows com nomes como Janis Joplin, Steve Miller Band e até mesmo um show em festivais com a Jimi Hendrix Experience, atraindo a atenção da indústria. Keith Olsen, que havia recentemente montado o Sound City Studios em Los Angeles, viu Fritz em São Francisco e os convidou para um show em Los Angeles. Isso foi um desastre para Fritz, pois Olsen viu o potencial de Buckingham e Nicks como dupla e propôs que gravassem com ele.

Na época, o casal havia ocupado um quarto na torrefadora de café do pai de Buckingham, na Bay Area, onde estavam se descobrindo musical e romanticamente.

Produção caprichada

Trabalharam em músicas e gravaram demos de quatro faixas por um ano antes de Nicks sugerir que se mudassem para Los Angeles. Lá, em 1972, ficaram sem pagar aluguel na casa de Olsen em Coldwater Canyon; ele acreditou neles a ponto de efetivamente sustentá-los por um ano, permitindo que usassem o Sound City, onde ele poderia produzi-los e vendê-los para gravadoras.

Mesmo assim, eles precisavam de dinheiro, então Nicks tinha três empregos – limpando a casa de Olsen, servindo como garçonete e recepcionista – enquanto Buckingham fumava em casa e se concentrava na música.

Olsen reuniu músicos de classe para as sessões: Waddy Wachtel, que mais tarde se tornou uma figura constante na banda de Nicks, toca slide guitar na pior música do álbum, “Lola (My Love)”, um stomp cafona de Buckingham, e a seção rítmica de Elvis, o baterista Ron Tutt e o baixista Jerry Scheff, ancoram os riffs extasiantes de Buckingham em “Don’t Let Me Down Again”.

O trabalho , como foi observado, antecipa algumas características apresentadas pelo Fleetwood Mac. “Stephanie”, a balada animada de Buckingham para Nicks, se transformaria em “Never Going Back Again”; “Without A Leg To Stand On” é a base para “What Makes You Think You’re The One”. “Frozen Love”, de sete minutos – a única coautora do álbum – opõe vocais duelantes e folk espectral a uma segunda seção mais solta e seria reformulada como “The Chain”.

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