Mexer no sagrado é profanara memória e a história. Esse é um mandamento quase imutável em várias religiões e seitas -e, de certa forma, para muitas áreas onde o fanatismo e a iid9latria imperam.
O Led Zeppelin jamais ousou colocar alguém no lugar do baterista John Bonham, morto em 1980. A banda acabou, e o filho de John, o bom baterista Jason Bonham, substituiu o pais nas poucas reuniões que ocorreram.
The Who (após a morte de Keith Moon, emk 1978) e Queen (após a morte de Freddie Mercry, em 1991) não tiveram o mesmo cuidado e vagam há décadas como almas penadas sem respeitar o luto e o sagrado. Pode-se dizer o mesmo do Black Sabbath, que repetiu o erro várias vezes.
Por que o Rush decidiu profanar a memória do venerável Neil Peart? Não se trata apenas de tentar substituir alguém insunstituível – quase todos os músicos de alto calibre o são -, mas principalmente de não mexer em um legado impossível de ser visitado por quem não esteve imerso naquela história.
Não deu certo com The Who e não certo com o Who. E jamais daria certo com o Led Zeppelin, como nunca deu certo com o Yes sem o baixista Chris Squire (morto em 2015). Neil Peart é patê indissociável do som do Rush, cujas viradas e levadas são impossíveis de reproduzir.
Kenney Jones e Zak Starkey tentaram honrar o legado de Keith Moon no Who, e quase conseguiram algumas vezes, mas não havia como. Paul Rodgers tentou lutar contra o espectro de Freddie Mercury no Queen, eé claro que não certo, ou tão certo. O Rush não precisava conspurcar a memória de Peart.
Muitos apreciadores de heavy metal que adoram Rush sonhavam em ver Mike Portnoy, do Dream Theater, no lugar de Peart. Portnoy é tão fã do trio canadense que criou e manteve, durante algum tempo, a banda Cygnus X-1, um tributo estrelado ao Rush.
A bateria do Rush sempre foi um posto cobiçado, apesar de amedrontador. Não foram poucas as vezes em que Peart foi eleito o melhor do mundo por fãs e bateristas renomados.
A volta do Rush, totalmente surpreendente, foi comemorada por uns, e vista com reservas por outros E foi mais surpreendente ainda a escolha da alemã Anika Nilles para a bateria, uma musicista não tão conhecida fora d seu país.
Aos 42 anos, toca desde os seis anos de idade e passou pela banda Nevell antes de tocar em uma turnê de Jeff Beck pouco antes da morte deste, em 2023.
Foi um antigo membro da equipe técnica do Rush, eu também trabalhava para Jeff Beck, que falou sobre Nilles a Geddy Lee, que se interessou r pesquisou sobre a musicista. Gostou do qu viu e ouviu er entrou em contato. São quase dois anos e conversas até que o baixista e Alex Lifeson decidissem por convidá-la para a turnê de 2026.
Na entrevista coletiva para anunciar a volta d Rush, Geddy Lee disse que ele o companheiro estão analisando a possibilidade de adicionar músicos a uma banda de apoio para que a sonoridade fique mais orgânica.
Tal coisa seria impensável no período de atividade da banda, em que só o trio era capaz de uma massa sonora tão poderosa que impressionava até os mais céticos. Seria outro supremo sacrilégio contra o nome sagrado do Rush.