Diz uma das regras supremas da ignorância que arte e política não se misturam, como costumam vomitar imbecis em todas as partes das Américas – curiosamente, todos de direita e extrema-direita. Não é por outro motivo que gentalha como Jair Bolsonaro (Brasil), Donald Trump (Estados Unidos) e Javier Milei (Argentina) odeiam artistas e arte – o argentino tentou ser cantor de rock no passado.
Mais curioso ainda é saber que isso não importa muito na Ásia, onde chefes de Estado e de governo costumam ser artistas de rock ou muito fãs do gênero. Já aconteceu nas Filipina, na Indonésia, em Taiwan e, afora, no Japão.
Sane Takauchi é primeira mulher a mulher a governar o país na milenar história japonesa; Parlamentar e ex-ministra da Segurança Interna, Takaichi te, 64 anos, cursou várias faculdades e é fã de heavy metal. Baterista, integrou diversas bandas no passado, mas nunca pensou em seguir na música.
Infelizmente, essa é apenas uma curiosidade lateral na vida da nova primeira-ministra japonesa. Assim, como outros políticos importantes e governantes asiáticos fãs de rock, ela é uma conservadora que repudia feminismo, ideias progressistas e autonomia das mulheres.
Nacionalista, venera Donald Trump e a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher (1925-2013), ultraliberal na economia e ultraconservadora na vida social e na política. Era feroz inimiga do movimento punk, que que a odiava, por sua vez.
Segundo alguns perfis publicados na imprensa japonesa, Takaichi é uma extremista de direita em um partido de extrema-direita. O PLD (Partido Liberal Democrático, em tradução livre).
Na Ásia, rock/arte e política se misturam sim, e com frequência. A direita e a extrema-direita adoram, por mais que seja anacrônico e até mesmo estapafúrdio.
Se no resto do mundo rock e metal costumam ser associados a práticas e pensamentos liberais nas verdadeiras acepções do termo, bem como a ideias progressistas, contestação e resistência, na Ásia isso não faz a menor diferença. Lá, parece que o heavy metal está a serviço do conservadorismo e da dreita tacanha e neofascista.
Como bem demonstrou o ex-presidente da Indonésia Joko Widodo (que governou entre 2014 e 2024), o metal pode perfeitamente ser uma trilha sonora de um governo que apresenta muitos matizes antidemocráticos.
Não dá para ficar animado com ascensão de Sane Takaichi no Japão – mesmo que ela pense em colocar uma bateria na sede do governo – ela ainda toca com regularidade como hobby para “combater o estresse”.