Não foi só “Papai Noel Velho Batuta”: os Garotos Podres, nada punk de São Paulo, também foi alvo de investigação por conta de conteúdo de outras músicas neste ano de 2025.
A banda anunciou nas redes sociais que era investigada em inquérito policial, mas não revelou o local da investigação. E aí aparece o portal G1 descobre um processo judicial na Paraíba aberto no começo do ano.
De acordo com a reportem, o processo foi arquivado por faltas de provas – um dos maiores absurdos do mundo? O inquérito virou processo, como se não houvesse mais nada importante para investigar.
Os Garotos Podres tocaram em João Pessoa (PB) em fevereiro deste ano e o show transcorreu sem incidentes. Ao final do show, foram informados que policiais civis estavam investigando o repertório do grupo, “denunciado” por um ser inacreditável que admitiu que não esteve no show.
Segundo a “denúncia”, Garotos Podres eram uma banda xenofóbica, racista e antissemita por causa de canções como “Fuhrer”, “Volte para o Nordeste” e outras compostas nos anos 80 e praticamente nunca executadas ao vivo. A banda abusava da ironia e do sarcasmo, mas poucos entendiam.
“Guhrer”, por exemplo, era o caso. Lançada em 1984, foi inspirada n guerra civil do Líbano.
Em 1982, milícias cristãs, armadas e apoiadas por Israel, promoveu um massacre contra refugiados palestinos em Beirute. Mai de 800 pessoas foram assassinadas.
Em protesto contra a política israelense contra os árabes, a banda Garotos Podres fez uma música do ponto de vista de um nazista matando judeus na II Guerra Mundial. A ideia era criticar os judeus que estavam praticando o mesmo que sofreram nas mãos do nazismo. Infelizmente não deu certo, já que poucas pessoas entenderam.
Nenhuma das canções apontadas no inquérito foram tocadas no show paraibano, é obvio, mas ainda assim o delegado de política indiciou a banda e a coisa toda virou processo, que acabou arquivado.
Perseguir o rock por conta de músicas lançadas há 40 anos só evidencia como o mundo conservador extremista de direita pretende atacar o progressismo e os artistas engajados. Apesar de evidenciar total ignorância, mostra o perigo que a liberdade de expressão está correndo constantemente.