Era uma apresentação despretensiosa, mas não desleixada – lone disso. Eram cinco garotos cariocas apaixonados pelo blues fazendo um som diferente do que se fazia no gênero. Era um blues tradicional com um sotaque bem brasileiro, surpreendendo todo mundo. O show foi gravado, mas só síria da gaveta 30 amos depois.
A banda Big Allanbik decidiu se reagrupar depois de anos de hiato e de um encerramento de atividades depois de apenas três álbumns. Foram várias as tentativas de reunião, mas aparentemente foram descartadas depois das mortes do vocalista Ricardo Werther e do tecladista Allan Ghreen.
Neste ano, os remanescentes decidiram resolveram celebrar os 30 anos do emblemático show que colocou o Big Allanbik no mapa do blues de forma definitiva. As gravações até então perdidas foram resgatadas e a banda sentiu que era a hora de voltar aos palcos.
Era para ser apenas um show m dezembro, no Rio de Janeiro em dezembro, mas novas datas foram surgindo é bem capaz de uma turnê pelo Sudeste ser marcada. Big Gilspm (guitarra), Beto Werther (bateria) e Ugo Perrotta (baixo) fazem questão de disseminar a empolgação com o projeto.
“Big Allanbik Ao Vivo no Ritmo 1995” é um álbum empolgante porque pega a banda no início e com uma energia absurda. Quem resgatou a gravação fez questão de manter a captação direta e crua, com os sons de microfonia e de barulhos da ambiência, uma forma de captar a essência de uma banda com vontade de tocar e de acontecer, fazendo um som de boteco-e tudo isso captado com bastante competência.
O quinteto estava bastante entrosado e já exibia a boa mistura de blues e soul com a pegada brasileira que seria refinada anos depois. Era um terreno novo, só percorrido pelos amigos e concorrentes dos Blues Etílicos, que foram mais fundo na mescla – a ponto de de imprimir arranjos de samba e MPB em muitas canções.
Eram todos virtuosos, mas a guitarra de Big Gilson e os vocais roucos e rasgados de Ricardo Werther se sobressaíam. Eram as marcas registradas em um repertório cuidadosamente selecionado para que as canções não soassem apenas como meras versões de clássicos norte-americanos – e os arranjos de Ghreen contribuíram bastante para isso.
O som ficou mais refinado quando a banda incorporou as canções autorais aos shows, ampliando as possibilidades artísticas e expandindo o público para São Paulo e Minas Gerais. A versão para “I Can’t Get Next to You”m famosa com os ingleses do Savoy Brown, é um dos momentos máximos do blues no Brasil.
Grande prestígio
Houve um tempo em que Big Allanbik reinava em São Paulo, formando uma santíssima trindade do blues com Blues Etílicos e Blues Jeans; Nig Gilson concorria com Otávio Rocha e Greg Wilson, dos Etílicos, e com Marcos Ottaviano (Blus Heans), André Chrsitóvam e Nuno Mindelis como o ás blueseiro das seis cordas.
Então mais purista do que veio a se tornar, o guitarrista corpulento apostava tudo em solos inspirados de puro feeling, emulando o saudoso Leslie West, da banda americana Mountain. Como pesquisador de timbres, casava seu som com o teclado mágicos de Ghreen , o maestro da banda, e s vocais roucos, graves e potentes de Ricardo Werther. O som era diferente de todos os outros blues que ouvíamos nos anos 90,
Infelizmente Big Allanbik e Blues Jeans focaram pelo caminho, mas pavimentaram uma trilha que foi ocupada brilhantemente por Irmandade do Blues e uma constelação formada por Mauricio Sahady, Álamo Leal, Cris Crochjemore, Netto Rockfeller, Adriano Grineberg, Igor Prado, Filippe Dias e muitos outros. A volta do Big Allanbik é uma grande notícia.