Houve uma revista inglesa de heavy metal, a Kerrang, que afirmou ser algumas músicas do Iron Maiden verdadeiras aulas de história, graças ao interesse sobre o assunto do vocalista Bruce Dickinson e do baixista Steve Harris. “Powerlave”, o álbum de 1984, tinha uma espécie de conceito sobre o Egito antigo.
No entanto, ninguém levou esse conceito mais longe do que os alemães do Grave Digger, que completa 45 anos de carreira em 2025. Ícone do heavy metal tradicional, com um timbre de guitarra característico, o grupo passou investir em álbuns conceituais relatando fatos históricos a partir dos anos 90.
O grupo se reinventou e aumentou a sua base de fãs. Grave Digger será uma das atrações do rock pesado nos palcos paulistanos neste segundo semestre.
As mais de quatro décadas da banda estão sendo comemoradas com a reedição de álbuns antigos e DVDs, como “The Clans Are Still Marching”, que retoma a história da Escócia medieval como tema – e serve de apoio ao CD “The Clans Will Rise Agains”, de 2011.
O Grave Digger e seus álbuns conceituais têm como mentor Chris Boltendahl, vocalista de voz rouca e potente. As obras-primas são a trilogia iniciada em 1996 com “Tunes of War”, que narra as lutas pela independência da Escócia nos séculos XIII e XIV.
A banda foi ajudada pelo lançamento à época de “Braveheart” (Coração Valente), filme dirigido e estrelado por Mel Gibson, que interpretou o herói escocês William Wallace, também presente em “Tunes of War”, que se tornou o maior sucesso do grupo.
Com a grande aceitação, tão logo acabou a turnê de divulgação, Boltendahl iniciou a composição do álbum seguinte, “Knights of the Cross”, lançado em 1998, contando a história dos Cavaleiros Templários, que lutaram nas primeiras cruzadas contra o Islã no século XI. O sucesso foi repetido…

A fórmula estava dando certo, então, em 1999, surgiu “Excalibur”, tendo como tema as crônicas do Rei Arthur e a Távola Redonda, com a história inciando-se ainda no surgimento da espada fincada na pedra – texto fundamental da cultura britânica. Vendeu bem, mas nem tanto.
Após um álbum normal, em 2001, os temas históricos foram retomados em 2003 com “Rheingold”, é um disco conceitual baseado na ópera “O Anel dos Nibelungos” (Der Ring des Nibelungen) composta por Richard Wagner no século XIX, que por sua vez tinha como base texto que faz parte da mitologia nórdica e também da cultura alemã. A partir daqui a qualidade começa a cair um pouco, mas ainda assim fica em um nível bem aceitável.
A história gira em torno de um anel mágico cuja posse concede o poder para controlar o mundo. O anel é feito do ouro roubado do rio Reno e foi forjado pelo anão Alberich, o nibelungo do título.
Vários personagens lutam pela posse do anel, dentre eles Wotan (Odin), chefe dos deuses, e o herói Siegfried..
O sucesso se repetiu, o que levou a banda a compor “The Last Supper”, baseado nos relatos em torno da última ceia de Jesus Cristo com os apóstolos.
Em “Liberty or Death”, de 2007, a banda foge um pouco do conceito fechado. Todas as músicas giram em torno de fatos históricos envolvendo lutas pela liberdade em vários locais e momentos da história. “Ballads of a Hangman”, de 2009, segue a linha do anterior e o tema é a morte por enforcamento, mas sem se limitar a um só fato histórico.
Em “The Clans Will Rise Again”, de 2010, a Escócia volta a ser o tema, com a descrição bastante elaborada de como os clãs escoceses enfrentaram as invasões vikings na alta Idade Média e os ingleses, a partir do século XII. É o melhor álbum do grupo desde “Rheingold”, o mais pesado e o mais dinâmico.
Em 2012, uma mudança radical de foco, com o álbum “Clash of the Gods”. O tema agora é a Grécia antiga, com seus mitos e lendas, um tema que sempre fascinou o vocalista Chris Boltendahl, mas que nunca o tocou da forma “correta” para se tornar tema de um álbum do grupo, segundo ele revelou em uma entrevista ao fã-clube brasileiro.
O mais recente trabalho do Grave Digger é “Bone Collecor”, de 2024. Também conceitual, tem o tema baseado em várias obras lierárias que tratam de histórias de terror e de serial killers. Ao logo de sua carreira, cantou sobre cavaleiros t
