O verdadeiro último álbum do Van Halen foi um fracasso ou um sucesso relativo? Se foi um sucesso relativo, por que foi o responsável pela implosão da banda como força relevante do rock?
Faz 30 anos que “Balance” foi lançado, encerrando dez anos de estrondoso sucesso da segunda formação e que iniciou a decadência do Van Halen, que só lançaria mais um álbum nos 20 anos seguintes e faria apensa três turnês no período.
Em uma espécie de celebração paradoxal, “Balance” ganha uma versão estendida com materialão vivo e canções remasterizadas. E, de forma velada, esse relançamento insinua que foi realmente o ´´ultimo suspiro de vida de uma das grandes bandas da história.
Depois dele, “III” de 1998, com Gary Cherone nos vocais, em “Different Kind of Truth”, de 2012, com a volta de David Lee Roth como cantor, praticamente passaram despercebidos.
“Balance”, um álbum bem bacana, é o quarto com o vocalista Sammy Hagar em dez anos. Foi lançado anos depois do excelente “F.U.C.k.” e seu monte de hits. Seria difícil superá-lo, e realmente não o fez, mas jamais poderia ter sido considerado um fracasso como muita gente quis fazer crer.
Vendeu bastante, mas menos que os anteriores, e isso exacerbou as tensões internas entre Eddie Van Halen, o guitarrista, e Hagar. O desempenho comercial aquém do esperado foi a deixa que a banda esperava para demitir o seu estupendo vocalista, que toparia voltar para uma rápida turnê em 2004, mas que terminou em outra briga. O ab Halen praticamente morreu ali em 1996, ao final da turnê mundial de divulgação de “Balance”.
O disco é o 10º álbum de estúdio da banda, lançado em 1995, e foi relançado como um conjunto de 2 CDs/2 LPs/Blu-ray, oferecendo a remasterização do box set de 2023 The Collection II, e traz três raridades de estúdio, oito faixas ao vivo inéditas e meia dúzia de videoclipes (incluindo outra apresentação ao vivo do estúdio).
Edições independentes de 2 CDs e 2 LPs também estarão disponíveis; todos os vinis apresentam o álbum completo distribuído em três lados, com uma gravação no quarto. (A faixa de encerramento, “Feelin'”, foi omitida das prensagens originais em vinil.) O conjunto expandido seguirá o modelo de um pacote semelhante para “F.U.C.K.(For Unlawful Carnal Knowledge), de 1991, lançado no ano passado.
Um álbum mais sério que seus antecessores, “Balance” surgiu de um período de sobriedade recém-descoberta para o guitarrista Edward Van Halen; ele e seu irmão/baterista Alex se entregaram a teclados atmosféricos, um trabalho de guitarra furioso (três das músicas são instrumentais) e até mesmo, na faixa de abertura, “The Seventh Seal”, o canto de monges.
A ideia era experimentar ainda mais e realizar outras abordagens dentro do hard rock, ficando com uma sonoridade mais pesada. Mas havia algo diferente, com os instrumentistas trabalhando de forma separada, até então coisa rara na banda.
Hagar, gravando seus vocais com o produtor do Bon Jovi/Aerosmith, Bruce Fairbairn, enquanto os irmãos montavam as faixas no estúdio 5150 de Edward, adicionou alguns floreios pop à mistura, como a dolorosa “Can’t Stop Loving You” (o último hit da banda no Top 40 dos EUA) e a introspectiva “Don’t Tell Me (What Love Can Do)”, inspirada em parte pela morte de Kurt Cobain, do Nirvana.
“Balance” estreou em primeiro lugar na Billboard 200 e a banda o promoveu com a turnê mundial. Gravações da BBC de uma apresentação no Estádio de Wembley em 25 de junho de 1995 e cenas da apresentação de “The Seventh Seal” gravadas em Minneapolis no mês seguinte são os principais destaques inéditos do conjunto. (
A formação implodiu assim que a turnê mundial acabou, no começo de 1996. As tensões crescentes atingiram o ápice durante a gravação de “Humans Being”, o single principal do sucesso de ação de 1996 do cinema, “Twister”.
De acordo com informações de bastidores, Eddie e Hagar entraram em conflito devido à tentativa deste último de incorporar descobertas científicas sobre tornados na letra.
Após a saída de Hagar e uma tentativa frustrada de se reunir com o vocalista original David Lee Roth (que rendeu duas faixas em uma coletânea), Gary Cherone, do Extreme, foi brevemente o vocalista do Van Halen em 1998.
Hagar se reuniu para uma turnê em 2004 antes de partir ao lado do baixista Michael Anthony; Daquele momento até a morte de Edward Van Halen em 2020, a banda seria composta pelos irmãos, Roth, que retornava aos vocais, e Wolfgang, filho de Eddir no baixo. Oficialmente, o Van Halen acabou com a morte do guitarrista.